“A acelerada elevação dos custos de produção da indústria do cimento, aliada ao avanço da taxa de juros e inflação, somadas ao ambiente de instabilidade geopolítica mundial têm contribuído significativamente para o baixo desempenho de vendas do setor”, diz o documento.
O ambiente instável levou a indústria cimenteira a assistir a significativos reajustes nos insumos que utiliza, como refratários, gesso, sacaria, frete marítimo e rodoviário e coque de petróleo. Este último conta com maior participação no custo de produção do cimento, que chegou a 37% de incremento, apenas no primeiro trimestre do ano.
“A dimensão do impacto do custo do coque para a indústria pode ser avaliada quando verificamos que de 2020 ao primeiro trimestre de 2022 seu preço foi majorado em 485%!”, pontua o documento. Todo esse ambiente foi determinante para que as vendas de cimento registrassem uma retração de 2,2% nos três primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período de 2021. Em termos nominais foram comercializadas 14,9 milhões de toneladas no trimestre, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC)”, diz o relatório.
O sindicato informou que na comparação por dia útil (melhor indicador que considera o número de dias trabalhados e que tem forte influência no consumo de cimento), as vendas do produto registraram em março 230,3 mil toneladas, um crescimento de 2,1% em comparação a fevereiro e de 4,4% em relação a igual período de 2021. Ainda assim, o resultado trimestral apresentou um recuo de 3,1% ante os três primeiros meses de 2021.
Segundo a entidade, o desempenho do setor não foi pior em março devido a demanda do mercado imobiliário. “Entretanto, a performance de lançamentos tende a não se sustentar nesses patamares, uma vez que o aumento de estoque dos imóveis, a queda das vendas e os juros altos devem inibir futuros empreendimentos”.
O sindicato avalia que a autoconstrução, importante indutor do consumo de cimento, continua desacelerando em virtude do alto nível de desemprego, da menor renda da população e crescente endividamento das famílias, que atingiu 51,9%, o maior valor de toda a série histórica iniciada em 2005. Reflexo desse quadro são as sucessivas quedas de vendas de material de construção no varejo verificadas desde meados de 2021.
“A disparada dos custos dos insumos do cimento, aliados a uma forte instabilidade do cenário político e econômico, não nos autorizam um prognóstico de bom desempenho como os verificados nos últimos 3 anos. A ambição da indústria em 2022 é manter a sustentabilidade do setor frente a um ambiente terrivelmente pressionado”, disse Paulo Camillo Penna — Presidente do SNIC
Perspectivas
Segundo o sindicato, os principais indicadores de confiança mantêm a perspectiva de piora desde o final do ano passado. De acordo com estudos da Fundação Getúlio Vargas, os índices de confiança do consumidor e da construção mantiveram a trajetória de queda, influenciado pela inflação alta, lenta recuperação do mercado de trabalho e elevado endividamento das famílias. Depois da instabilidade gerada pela pandemia, a guerra reacendeu o pessimismo do setor.
“Já a confiança do empresário subiu em março, interrompendo uma sequência de quedas desde novembro de 2021. Essa melhora é explicada pelo arrefecimento da pandemia e seus efeitos sobre os setores de serviço e comércio. Porém, o resultado poderia ter sido mais robusto se não fossem as incertezas com relação aos impactos do conflito Rússia e Ucrânia, especialmente na inflação de custos, lançando dúvidas sobre a continuidade da recuperação”, diz o documento.
Para a entidade, o anúncio de contratação de novas unidades habitacionais do programa Casa Verde Amarela somado aos investimentos em infraestrutura – principalmente com a utilização do pavimento de concreto nas rodovias do sul do país – trazem – apesar de pontuais – uma perspectiva de melhora nas vendas de cimento.
A aprovação da Lei da Cabotagem – a BR do Mar – que institui um programa de incentivo de navegação no Brasil, anima o setor, porque tende a estimular a concorrência e baratear transporte de carga marítimo, como a redução da alíquota do AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante) de 25% para 8% na navegação de longo curso e de 10% para 8% na cabotagem. “A sanção dessa lei reduz o impacto da enorme elevação de custos dos insumos importados verificados desde 2020”, analisa o estudo.
“Ainda que o Brasil tenha atingido o nível de desemprego pré-pandemia(11% em fevereiro, segundo o IBGE), os desafios persistem inúmeros em um país com inflação alta e baixos salários. A indústria do cimento segue acreditando no final da pandemia, mas por outro lado, a inflação de março, a maior desde 1994, acrescenta uma maior incerteza para 2022”, conclui o relatório.
Fonte: Movimento Econômico
Em março, custo da construção em Sergipe chegou a R$ 1.378,32
Em março deste ano, o custo da construção civil em Sergipe registrou aumento de 0,5%, quando comparado com o mês imediatamente anterior fevereiro. Na comparação com o mês de março do ano passado, o custo registrado apresentou crescimento de 15,4%. Os dados são do Sistema Nacional de Pesquisa de Custo e Índices da Construção Civil (Sinapi).
Em termos absolutos, o custo médio por metro quadrado em Sergipe ficou em R$ 1.378,32, assinalando o segundo menor custo do país no mês analisado, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte (R$ 1.375,82). O terceiro menor custo do país foi registrado em Pernambuco (R$ 1.402,05). Por outro lado, os estados que registraram maior custo médio foram Santa Catarina (R$ 1.732,14), Rio de Janeiro (R$ 1.691,76) e Acre (R$ 1.648,13).
Composição do custo
Analisando separadamente os componentes do custo da construção, verificou-se que, do valor total, a fatia de 64,1%, ou R$ 883,96, referiu-se ao custo com material, enquanto os 35,9% restantes, ou R$ 494,36, corresponderam ao valor da mão de obra empregada. Em termos relativos, o custo com material, no mês considerado, teve aumento de 21,3% na comparação com o mesmo mês (março) do ano que findou. No entanto, quando comparado com fevereiro de 2022, o acréscimo verificado foi de 0,7%.
Quanto ao custo com a mão de obra, observou-se aumento de 6,1% em relação a março do ano passado. Já em relação ao último mês de fevereiro, observou-se aumento de 0,1% no custo com mão de obra.
A análise foi realizada pelo Núcleo de Informações Econômicas da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES), com base nos dados do Sinapi, uma produção conjunta do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE e da Caixa Econômica Federal.