Você está no supermercado olhando um certo produto e vê o preço de R$ 2,00. Logo você pensa: ficou mais caro e como que por ironia do destino um funcionário do supermercado aparece com uma máquina de etiquetas. Pega o produto de sua mão, retira a etiqueta e coloca outra no lugar. Você olha pensando: “Será que ficou mais barato?” Mas lá está o novo preço: R$ 3,00. E aí, você compra ou desiste do produto?
Para alguns, esse cenário parece apenas um sonho diatópico, mas se você tem por volta dos 30 anos de idade conhece essa realidade, ou talvez você conheça alguém que passou por ela, em um passado até recente.
Até meados de 1994 vivemos no Brasil um período chamado de hiper inflação, com a mesma chegando a 800% ao ano. Muitas pessoas relataram que nessa época o certo era você comprar o mais rápido possível, principalmente alimentos, pois no dia seguinte ele provavelmente teria aumentado. Às vezes até dobrado de preço.
Você deve estar pensando: Certo, mas isso ficou para traz, desde o advento do Plano Real a inflação está controlada e, com exceção de poucos momentos isolados, ela não pode ser considerada muito alta na última década, tanto que a taxa Selic hoje está baixa por não precisar mais combater a inflação.
Vou te fazer uma pergunta. Quem disse que a inflação vai continuar controlada?
Longe de querer ser alarmista, apenas estou sendo realista. Os indícios de que a inflação pode voltar a acordar e pegar nossa economia despreparada são muitos. A começar pelo advento de uma nota de R$ 200,00 (duzentos reais).
O Banco Central só cria notas maiores que tem um custo maior de produção quando o dinheiro já perdeu muito do valor que outrora tinha, e isso vem acontecendo com o real insistentemente desde a sua criação, e sobremaneira foi agravado nas crises da última década.
Para sinalizar ainda mais que a inflação não só não está controlada como não é do interesse da equipe econômica fazer muitos esforços para controlá-la nesse momento, a nossa taxa básica de juros da economia vem ficando cada vez menor, chegando ao atual patamar de 2% ao ano.
Nesse nível, os juros se tornam negativos, ou seja, estão rendendo abaixo da inflação, o que se traduz por uma perda real do poder de compra (perda de dinheiro). A taxa nesse patamar também incentiva a tomada de crédito, contribuindo para o aumento do consumo e conseqüentemente da inflação.
O governo está cada vez mais gastando dinheiro com políticas publicas, principalmente por conta da covid-19, mas até onde isso é sustentável é a grande pergunta, pois se esses gastos não se traduzirem em um aumento da demanda do consumo de maneira consciente, ele irá gerar inflação e novos endividados.
Como se corroborasse com esse pensamento, o Banco Central Americano (FED) deixou claro que não pretende aumentar sua taxa de juros mesmo que a inflação cresça nos próximos anos.
Isso mesmo, o FED quer gerar inflação nos Estados Unidos da América. E se lá começar a ter uma maior inflação conseqüentemente irá nos afetar sobremaneira. E isso é ruim para nossa economia e investimentos, pois geraria um agravamento das tensões econômicas, aliás, que já estamos sentindo por conta da imensa taxa de desemprego atual.
O Brasil parece estar seguindo o mesmo caminho, ao deixar sua taxa de juros tão baixa e enquanto o dólar sobe e as pessoas tomam mais crédito. Isso já se traduziu na taxa do IGP-M divulgado pela FGV que está em 13% nos últimos 12 meses.
Só em agosto o IGPM subiu 2,74% e, por incrível que pareça, o IPCA está em 2,9%. Essa situação é incomum no mercado financeiro por um motivo simples. O IGP-M afeta os preços dos alimentos no atacado, os preços dos aluguéis e da construção civil, entre outros. Logo, o fato dele subir faria com que o IPCA subisse junto, já que esse segundo precisa de muita coisa do primeiro.
E por que não sobe?
Duas hipóteses podem ser observadas no momento. Primeira: ainda não deu tempo da alta do IGP-M afetar o IPCA, principalmente por conta da drástica queda no consumo das pessoas de classe média. Já na segunda, os dados podem estar manipulados quando se trata do IPCA, pois ao represar preços que tenham um peso maior no IPCA pode-se fazer com que ele não suba tão rápido.
Se você acha que o governo não seria capaz de fazer isso, lembre que no passado tivemos vários exemplos disso, principalmente em épocas próximas às eleições. Inclusive esse problema já gerou impedimento e cassação de alguns governos no passado. Infelizmente no Brasil é uma prática comum esconder esses dados e deixar para, quando estiver pior, alguém tentar resolver.
Mas, e você tem se importado com os rumos que a inflação pode estar tomando? Se sim, que bom! Mas se não, pense em como você poderá se proteger da inflação, tanto com investimentos que lhe garantam um período de segurança financeira quanto com ativos que possam lucrar com essa discrepância vista.
Você deve sim se preocupar com o dragão da inflação que chamamos de IPCA, ele parece estar dormindo. Mas na verdade ele já acordou e vem se esgueirando, torçamos para não voltarmos à época citada no início desse texto.
Você pode se proteger desses eventos de alta da inflação, que sabemos que virá, só não sabemos quando. E quanto mais protegido estiver, melhor para você e para sua família, e se muitas pessoas se protegerem, melhor para a sociedade.
Você pode encontrar dicas valiosas de como se proteger da inflação futura, no artigo intitulado Não! A Renda fixa não morreu que deixei no blog da Majesty Escola de Finanças, você pode acessar ele por aqui.
Nesse artigo você encontrará um panorama geral desse momento do que pode afetá-lo e como pode fazer para minimizar seus efeitos e até lucrar com isso.
Lembre! A inflação deve ser observada de maneira diligente, tome esses cuidados.
Aviso: a partir dessa semana estou lançando um podcast onde debato sobre finanças, investimentos e empreendedorismo. Você pode acessar esse podcast aqui.
No episódio dessa semana me aprofundo no tema desse texto. Não deixe de escuta-lo, pois está disponível gratuitamente nas maiores plataformas de áudio.
Se importe com a inflação e se proteja de seus futuros efeitos, para que não acabemos por repetir o passado.
Um abraço e bons investimentos.