Por Cleomir Santos (*)
Com o anúncio da Meta sobre o fim dos filtros criados por terceiros no Instagram a partir de janeiro de 2025, surge um debate relevante sobre a relação entre redes sociais, autoestima e padrões de beleza.
A decisão visa proteger os usuários, especialmente adolescentes, de conteúdos considerados prejudiciais, como distorções na aparência e reforço de ideais inalcançáveis.
Este artigo explora os impactos dessa medida e o que ela significa para os usuários e marcas.
A influência dos filtros no cotidiano
Filtros de realidade aumentada transformaram o Instagram em uma das plataformas mais interativas do mundo. Eles permitem desde ajustes sutis na aparência até mudanças dramáticas que alteram completamente o rosto do usuário. Contudo, sua popularidade trouxe preocupações crescentes.
Estudos sugerem que o uso constante de filtros está associado ao aumento da insatisfação corporal, especialmente entre jovens. Uma pesquisa da Dove Self-Esteem Project aponta que 80% das meninas adolescentes já usaram filtros ou editores de imagem para alterar suas fotos antes de publicá-las.
Essa dependência de filtros cria uma “realidade artificial” que afeta a forma como as pessoas percebem a própria aparência, gerando expectativas irreais e alimentando inseguranças.
Impactos na saúde mental
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, já admitiu em audiências públicas que as redes sociais, incluindo o Instagram, podem influenciar negativamente a saúde mental dos jovens. O fim dos filtros criados por terceiros é um passo para enfrentar essas críticas, mas a medida também representa um desafio significativo:
Como oferecer experiências digitais criativas sem reforçar padrões de beleza tóxicos?
Especialistas acreditam que a iniciativa pode ser uma oportunidade de ressignificar o uso das redes sociais. Ao remover ferramentas que favorecem a “perfeição irreal”, o Instagram pode estimular uma cultura de aceitação e autenticidade.
Oportunidades para marcas e criadores de conteúdo
Para marcas e influenciadores digitais, a mudança exige criatividade. Com menos foco em “aparências perfeitas”, haverá maior demanda por conteúdos mais genuínos e engajamento real com o público. Marcas que adotarem campanhas alinhadas com valores de diversidade e inclusão poderão se destacar nesse novo cenário.
Além disso, criadores de conteúdo podem explorar narrativas mais pessoais e autênticas, reforçando conexões emocionais com seus seguidores.
O que esperar daqui para frente
A atualização chegará às contas da América Latina em 2025, e será acompanhada de outras ferramentas para promover um uso mais saudável das redes sociais. Essa transição representa uma mudança de paradigma no mundo digital, oferecendo um futuro no qual a autenticidade pode ser mais valorizada que a perfeição.
Enquanto o impacto completo da medida ainda está por vir, a decisão do Instagram reflete uma tentativa de equilibrar criatividade e bem-estar. Para os usuários, essa é uma oportunidade de refletir sobre o papel das redes sociais em suas vidas e adotar práticas mais saudáveis.