Pelo menos 10 internas do Presídio Feminino (Prefem) que estão prestes ganhar a liberdade começaram, esta semana, a viver uma experiência pioneira: o acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ/SE) preparando-as para que retornem com dignidade à sociedade e às suas famílias. Este é o objetivo do projeto Círculo de Construção da Paz, iniciado na 17ª Vara Cível de Aracaju (que cuida de adolescentes em conflito com a lei) e que integra a sétima edição da Semana de Justiça pela paz em casa, que ocorre até sexta-feira.
Neste primeiro momento, chamado de pré-círculo, a conversa com as internas foi individualizada. Ou seja, cada uma das 10 foi dialogar com as seis facilitadoras do TJ, e contou suas angústias, vida na prisão, expectativas para quando for liberada, etc. A interna S.S., 27, presa por roubo e que está há dois anos e dois meses na unidade, saiu da conversa aliviada. “Desabafei, tirei algo de dentro do meu coração. Espero que elas voltem para gente dar continuidade”, afirmou, desejando a continuação do projeto.
De acordo coma psicóloga da 17ª Vara Cível, Célia Souza Milanez, que atua como uma das facilitadoras, essa metodologia de círculos da paz é aplicada há um ano com adolescentes em conflito com a lei. “Aqui no Prefem vamos analisar as necessidades de cada detenta e depois fazer o círculo como grupo”, explicou.
Neste círculo, que ocorrerá ainda este mês, todas as internas entrevistadas hoje participarão de uma ampla discussão quando, problemas comuns serão debatidos, visando a recuperação da autoestima delas.
Para a diretora do Prefem, Valéria Victor, esse trabalho é extremamente bem vindo na unidade. “É algo que merece ser aplaudido. Não temos psicólogos, nossa equipe é que ouve os problemas de cada interna. Então, essa vinda do Tribunal de Justiça aqui é ótima por conta disso”, elogiou Valéria.
O secretário de Justiça e Defesa do Consumidor, Cristiano Barreto, também elogiou o trabalho das facilitadoras do TJ e considerou o projeto de vital importância para o processo de ressocialização das internas.
Ainda entusiasmada com o projeto e pensando no futuro quando sair da prisão, S.S. “disse que presídio não é lugar para ninguém. Eu creio que Deus está providenciando essa vitória para mim e para todas. Minha expectativa é crescer lá fora, ser quem eu era antes das drogas”.
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