Vou começar este texto dizendo o óbvio. O dia 10 de julho de 2023 foi diferente. Sim, todos os dias são diferentes, as horas que vivemos são diferentes, embora tenhamos algumas rotinas. Acordar, trabalhar, voltar para casa etc. Como diz a música, “ela faz tudo sempre igual”. Entenda “ela” como todos nós, no nosso dia a dia.
Mas o diferente do dia 10 de julho, portanto há um mês e três dias, teve um sabor a mais. João Pedro, meu filho amado, finalmente, recebebeu a sua primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os meses em que passou na autoescola, a decepção por ter sido reprovado no primeiro exame, a preocupação para fazer o segundo e a expectativa para esperar o resultado – se seria aprovado, ou não – nortearam esses seus dias que pareciam não passar. Mas passaram. João foi só alegria ao receber o resultado positivo. Toda tensão foi embora. Pensei em Atlas, um titã da mitologia grega que, por sua tentativa de alcançar o poder supremo, recebeu o castigo de Zeus de carregar o céu sob seus ombros.
João, claro, não quer o poder supremo e nem recebeu nenhum castigo, mas faço essa analogia para mostrar o quanto estava tenso para ele estes momentos e carregar o peso da ansiedade nos ombros. E neste tempo, ele foi alegre, foi triste, foi impaciente e resiliente. Não havia o que fazer. Para João foi importante ter alegria, assim como ter decepções. Somos um caleidoscópio, esse conjunto de coisas que segue mudando. Muitos, como eu, “preferem ser aquela metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
E naquele julho, vi João sendo um pouco dessa metamorfose. Encantado e orgulhoso com a primeira CNH, pediu logo, óbvio, para dirigir pelas ruas de Aracaju. Eu, preocupado, ponderei, mas depois cedi. Não quero nem de longe repetir o comportamento do meu pai quando tirei minha habilitação aos 18 anos, mesma idade de João. O carro, o velho Fuscão 71, só era guiado por mim depois de muitos pedidos sofríveis e até humilhantes. Até o dia que dei um basta nisso, e esqueci que havia um carro na garagem da minha casa. E nunca mais o dirigi, nem cuidei, nem lavei, nem nada. Talvez por isso, não goste de lavar carros.
Mas voltando a julho. João seguia dirigindo e eu estava ali ao seu lado, orientando-o em algumas coisas, pedindo um pouco de calma no acelerador, mas sem ser aquele chato que acha que só ele sabe dirigir. Deixei-o guiar. Pai orienta, não poda; não destrói sonhos, ajuda a construí-los, com cautela.
E João dirigiu por ruas de Aracaju pela primeira vez. Ao vê-lo pilotar – por que não usar o verbo pilotar? – fiz um pedido a Deus: que aquele ato simples, mas rico para ele, lhe desperte vivamente a importância de ser dono do seu próprio destino. Que ele dirija sua vida com sabedoria, cautela, amor, paciência, resiliência.
Assim como estava guiando pela primeira vez nas ruas de Ara, que foi uma experiência linda, assim será ao guiar sua vida. João terá experiências inéditas, desafiadoras, alegres, tristes, decepcionantes, mas que ele nunca perca a fé e a vontade de seguir em frente. Percorrer a estrada dos seus sonhos, sejam quais forem; mas também saber dar dois passos para trás e/ou parar (dar uma ré e/ou estacionar, já que estamos falando de carro), para depois avançar. Recuar ou parar nunca foram sinal de fraqueza, mas de cautela.
Também nunca vacile ou desista quando o amor aportar em seu coração. Viva-o intensamente, porque do contrário, deixará ciclos abertos e isso poderá causar-lhe desgostos, descontamentos no futuro. Como diz Lulu Santos, viva o que há para viver.
Mas voltando ao ato de dirigir. É dito por todos que a repetição leva à perfeição. Então, quanto mais você dirigir seu carro, melhor motorista você se tornará. Quanto mais você dirigir sua vida, pedindo sempre a ajuda Divina, tendo humildade, resiliência, empatia, olhando o outro nos olhos com sinceridade, carinho, serás um homem cada dia mais lindo e a caminho da perfeição. Sim, João, o caminho para perfeição é algo inevitável para todos nós.
Tenha certeza de que em toda a sua caminhada, eu estarei sempre com você.
Não largo sua mão por nada, para sempre.
Hoje, o Dia dos Pais, a minha homenagem é para você filho amado. É o meu agradecimento a Deus por estar me dando a oportunidade de exercer a paternidade. Uma benção para mim.
Segundo o escritor José Saramago, “filho é um ser que Deus nos emprestou para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.”
Além de escrever este texto com o coração, com alma, trago também o poema Todo Risco, de Damário da Cruz, que segue na minha vida desde que eu era adolescente como você.
Quem sabe, este poema será também o seu mantra, como é para seu pai?
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