Outras palavras

Jubileu de Ouro do trio elétrico Armandinho, Dodô e Osmar

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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)

 

Sem o menor receio de pecar pelo excesso, começo a presente crônica afirmando que não existem palavras para traduzir o que foi a noite do dia 10 de janeiro de 2024, nas dependências da Concha Acústica, em Salvador-BA. Como bem definiu seu diretor artístico, André Simões, o Andrezão, em suas redes sociais, “foi uma epifania”. Os Irmãos Macêdo, os jovens senhores Betinho, Armandinho, Aroldo e André, filhos de Osmar, um dos fundadores do pau elétrico (guitarra baiana) e do trio elétrico, ao lado do amigo Dodô, entre os anos 40 e 50 do século XX.

Eu estive lá, ao lado de minha esposa, a professora Patrícia Monteiros, e posso asseverar que foi um espetáculo histórico sob várias circunstâncias. Não somente pela celebração dos cinquenta anos da banda Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar, mas por ter sido um marco desta importante efeméride da música trieletrizada da Bahia, capaz de reunir alguns de seus principais nomes, sobretudo quando o assunto é baianidade e carnaval, tais como: Luiz Caldas, Durval Lelys, Daniela Mercury, Gerônimo, Bell Marques e Carlinhos Brown. Além da nova geração, com nomes como BaianaSystem, Gabriel Mercury e Ana Mametto.

Claudefranklin com as estrelas do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar

Conforme parte de um livro de minha autoria, no prelo e a ser publicado ainda este ano, naquele ano de 1974, o carnaval de Salvador já era considerado um grande evento nacional; e o trio elétrico, também. Fora do evento há alguns anos, espaço ocupado por novos trios como o Tapajós e dos Novos Baianos, Osmar Macêdo estimulou e deu confiança aos seus quatro primeiros filhos, muito jovens ainda, pouco menos de vinte anos, empolgados com a ideia de terem eles mesmos o seu próprio trio elétrico.

Àquela altura, Armandinho já era um prodigioso músico, reconhecido em nível nacional, sobretudo depois do sucesso que alcançou quando de sua participação no programa de Flávio Cavalcanti, A Grande Chance (anos 60). O trio elétrico de 1974 foi patrocinado pela Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Bahiatursa), fundada em 1968.

Segundo Fred Góes (1982, pp. 80-81), a formação original do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar foi: Dodô (no violão e na técnica); Osmar (na guitarra baiana); Edson 7 Cordas (violão 7 cordas); Armandinho (primeira guitarra); Betinho (baixo elétrico); Aroldo Macêdo (caixa); Valter Miranda (surdo), Jorge (bumbo), Pereira (bumbo); André Macêdo (bumbo); Valter (prato); Antônio e Milton Miranda (bumbo), Valter (caixa), Dodô Filho (surdo) e Zé Américo, comandando a dança.

No ano seguinte, lançaram seu primeiro LP, “Jubileu de Prata”, em homenagem aos 25 anos da fundação do trio elétrico, tendo como seu primeiro vocalista o saudoso Moraes Moreira. Daí em diante, o quarteto Betinho, Armandinho, Aroldo e André (novo vocalista com a saída de Moraes para se dedicar à crescente carreira solo), conheceu uma ascendência fenomenal, seja na carreira fonográfica, seja conduzindo o carnaval da Bahia, ano após ano, se ressignificando, mas sempre mantendo a qualidade sonora e a ideia de uma folia para o povo, sem cordas.

Ao longo de cinquenta anos, os meninos de seu Osmar viveram de tudo um pouco, superando grandes obstáculos e dificuldades para se manterem no carnaval que mudava e se comercializava consideravelmente, afora as mortes de Dodô e Osmar, o avanço de novas formas de folia, como Axé Music, entre outras situações como a de serem deslocados para horários madrugada adentro, na programação soteropolitana de carnaval. E assim, chegam ao Jubileu de Ouro dignamente realizados, ovacionados pelo público baiano e brasileiro, como as mais de cinco mil pessoas que estiveram quarta-feira na Concha Acústica para prestigiá-los e aplaudi-los.

Assim como nos acostumamos a cantar “Viva Dodô e Osmar”, faço coro a milhões de fãs da banda, espalhadas pelo Brasil, como eu, a bradar em alto e bom som: “Viva Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar! De tal modo como na participação de Carlinhos Brown no show, eu os referencio e desejo todas as bênçãos do mundo, não somente dos Orixás, mas também de Deus, que segundo Moraes (1980), contou a Dodô como foi que Ele abençoou o carnaval.

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Claudefranklin Monteiro

Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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