“Não coma a vida com garfo e faca. Lambuze-se! Muita gente guarda a vida para o futuro. É por isso que tantas pessoas se sentem emboloradas na meia-idade. Elas guardam a vida, não se entregam ao amor, ao trabalho, não ousam, não vão em frente. Não deixe sua vida ficar muito séria, saboreie tudo o que conseguir: as derrotas e as vitórias, a força do amanhecer e a poesia do anoitecer. Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz, você precisa aprender a gostar de si, a cuidar de si e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.” Recebi o bonito texto de um amigo, como mensagem de bom dia, na semana passada. O texto é atribuído ao poeta gaúcho Mário Quintana. Procurando na internet, descobri que é de autoria do médico psiquiatra e palestrante paulista Roberto Shinyashiki.
O importante, independente do autor, é a mensagem que o texto passa.
O que mais tenho ouvido ao meu redor são pessoas queridas, e outras nem tanto, se queixarem de não terem tempo para fazer aquilo que gostariam. São reclamações frequentes. Antes da pandemia do coronavírus, estavam corridas, com seus afazeres diários. Com o coronavírus, que mandou quase todos nós para dentro de casa, onde teoricamente sobraria tempo, as reclamações aumentaram.
O desgaste por permanecerem juntos, por mais tempos, maridos e esposas começaram a se conhecer melhor, os desgastes subiram de patamar, cresceu o número de separações. Pais e filhos, ao dividirem o mesmo local, às vezes espaços exíguos, resultaram em muitas brigas. Ouvi de pais, louvores aos professores de seus rebentos, muitos a se solidarizarem com essa classe tão espoliada, mal paga, e desprestigiada, pois com os filhos dentro de casa, por mais tempo, souberam o que era lidar com seus pequenos príncipes e princesas.
O tempo é um ativo, e, em qualquer fase da vida, tem que ser muito bem gasto.
“Quem mata o tempo não é um assassino, mas um suicida”, disse Millor Fernandes, em mais uma de suas frases geniais.
Talvez a coisa mais democrática que exista no mundo seja o fator tempo, pois ele é igual para todos os terráqueos. Não há um segundo a mais para ninguém no mundo. O mesmo tempo de Joe Biden, o homem mais poderoso da terra, é igual ao seu e ao meu. O que nos diferencia é a maneira que resolvemos usá-lo.
“Time is money” é uma máxima norte americana, da corrida contra o tempo para angariar dinheiro e obter fortuna e poder.
Nos tempos de hoje, de correria, riqueza é ter tempo para realizar desejos, sejam grandes ou pequenos.
Por isso não guarde a vida para o futuro, gaste-a hoje, faça o que lhe dá prazer, se não for possível realizar grandes feitos, separe um tempo para coisas simples como:
contemplar o pôr do sol, ler um bom livro, ouvir música, assistir aos filmes preferidos, beijar na boca da pessoa que você gosta, fazer sexo, enfim, o que lhe dá satisfação.
Como diz o texto que reproduzi acima, “com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz, você precisa aprender a gostar de si, a cuidar de si e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você”.
Cabe a cada um de nós, saber como empregamos e saboreamos nosso tempo, que é sempre tempo presente. Somos seres de transição, somos processos. O fluxo de dias, semanas, meses, anos, décadas, serve de aprendizado para crescimento, e melhor qualidade de vida.
Se lhe for útil e puder lhe dar um conselho, caro leitor, leitora, faça do tempo um aliado, pois ele vai passar rápido, e brigar com ele, só quem perde é você.
Muitos esperam a semana toda pelo “sextou”, o ano todo pelo verão, a vida toda pela felicidade. Faça diferente, transforme todos os dias em sextas-feiras, aproveite as quatro estações, não espere a vida passar para vivê-la plenamente. Lambuze-se, a vida é hoje, é agora. A vida é arte, é aprendizado, é construção.
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Luiz Thadeu Nunes e Silva é engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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