A tragédia de Brumadinho acendeu um sinal de alerta para os funcionários da Mosaic Fertilizantes, antiga Vale Fertilizantes, em Rosário do Catete. Isso devido à existência de um rio subterrâneo ou um lençol freático que foi vedado, no interior da mina, entre o final da década de 70 e início de 80, pela Odebrecht e até hoje não se sabe qual a situação. Na mina trabalham, em média, 150 pessoas diariamente. Na semana passada, o presidente do Sindimina, Álvaro Luís da Silva, protocolou um ofício à direção da Mosaic – com cópia para diversos órgãos estaduais e federais – pedindo explicações sobre essa estrutura.
“Durante a perfuração dos poços foi ultrapassado esse lençol, disseram-me as pessoas que trabalhavam nisso. Foi feita uma vedação, chamada envelopamento, para estancar o lençol e eles continuaram perfurando até chegar à mina. E até hoje, quase 40 anos depois não temos ideia como está a situação. Enfim, não sabemos nada a respeito disso”, disse Álvaro Luís. Ele acrescenta, ainda, que desconhece se há manutenção, se os funcionários correm algum risco e como está realmente essa vedação.
O presidente do Sidimina afirmou que quando eles descem para a mina veem a parede úmida, mas não sabem o motivo. “Pode ser por conta de uma tubulação de água ou condensação. Jamais podemos dizer que há fissuras, nós não podemos ver, não há reclamação disso. Mas a gente nota as paredes úmidas, daí o pedido de explicações sobre a vedação”, reforça.
Questionado sobre a existência de rota de fuga, na hipótese da barreira que represa o lençol freático ou rio se romper, Álvaro Luís diz que não sabe. “Não tenho a menor ideia do volume de água desse lençol ou rio e desconheço que haja um plano de emergência englobando isso aí. Como seria uma fuga? Não sei. Vamos supor que ocorra um problema: qual o tempo para as pessoas saírem? Não sei. Se houver problema, dois pontos serão afetados: o coração da mina, que é a energia, os ventiladores e as portas”, afirmou.
Outra informação de Álvaro Luís chama a atenção: o elevador de embarque, chamado de gaiola, tem capacidade para 50 pessoas. Mas na hipótese do rompimento dessa barreira, há uma rota de fuga, cujo elevador, usado para levar minério para superfície, tem capacidade para somente 10 pessoas. “Seriam necessárias 15 viagens para se tirar as 150 pessoas da mina. Será que dá tempo? Não sei”, observa. E outro problema apontado por ele: “será que todos conhecem o caminho para sair da mina?”
Ao pedir explicações à direção da Mosaic, o dirigente do Sindimina diz que “não quer acusar ninguém”, mas que está agindo por precaução. Por conta da tragédia em Brumadinho, ele acredita que a Mosaic dê respostas o quanto antes e pede que os órgãos públicos, que também receberam o ofício, acompanhem o caso. O Sindimina enviou o mesmo documento para os Ministérios Público Estadual e Federal, Ministério Público Trabalho e Ministério do Trabalho.
Até o momento, a Mosaic não deu nenhuma resposta e Álvaro Luís acredita que a empresa deve estar providenciando a documentação. Mas, no ano passado, quando houve um acidente no poço dois, com a queda de um transformador, a empresa não enviou relatório para o Sindimina, apesar do pedido. Ainda assim, ele acredita que, desta vez, haverá uma explicação.
O SÓ SERGIPE procurou a assessoria de imprensa da Mosaic, através do telefone 011. 3066.7772, foi atendido por uma gravação, deixou vários recados, mas ninguém retornou a ligação até o fechamento desta matéria.
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