Paulo César Santana (*)
Hoje, 5, o Brasil comemora o Dia Nacional da Língua Portuguesa, data implementada pela Lei nº 11.310/2006 e em homenagem ao nascimento do escritor Ruy Barbosa, figura bastante importante para a valorização do idioma no país e um dos fundadores da Aidioma, Academia Brasileira de Letras. Sua história e, sobretudo, as particulares quando pensado pelos falantes locais são alguns dos motivos para se celebrar o dialeto que está entre os cinco mais falados do mundo.
De acordo com a Ethnologue, uma base de dados que analisa a população e os idiomas globais, o português possui atualmente uma soma de 260 milhões de falantes, ocupando a 5ª posição no ranking geral, o terceiro no Ocidente e o primeiro no Hemisfério Sul. Ainda assim, para quem se aventura em estudar o idioma dentro do contexto da cultura brasileira, a experiência parece ser ainda melhor, como é o caso de Drew Sullivan. Natural da região metropolitana de Boston, nos Estados Unidos, o jornalista passou os últimos 8 anos estudando a língua e os aspectos culturais, conhecendo diversas regiões e comunidades do país que afirma ser apaixonado.
Drew Sullivan, formado em Jornalismo e Letras, nos Estados Unidos, foi convidado, por um amigo, a integrar um grupo de estudos formado por sergipanos que treinava fluência na Língua Inglesa. Ao fazer amizades, Sullivan falou da sua paixão pela Língua Portuguesa.
“Sempre fui fascinado pelo português, assim como em conhecer e vivenciar o que é ser brasileiro. No começo não foi fácil, são muitas as diferenças para o inglês e, mais ainda, quando você começa achando que é igual ao espanhol, como muita gente erroneamente faz. Mas eu mantive a dedicação e o foco em superar os desafios e hoje estou concluindo minha formação no idioma, com especialização no português brasileiro e, mesmo ainda tendo muito o que aprender, me sinto recompensado”, revelou o americano que é tradutor e estudou por um período de seis meses na Universidade Federal de Santa Catarina.
Além do Brasil, outros nove países têm o português como a forma oficial de comunicação, estando entre eles Angola, Timor Leste e Guiné-Bissau. Em terras tupis-guaranis, a língua chegou no decorrer da fase de colonização e se misturou com palavras originadas dos dialetos indígenas e africanos, além de ter recebido influências de espanhóis e holandês no período pós-independência. Por essa razão, o português passou a ter variações e hoje é falado de diversas formas em diferentes regiões do país.
“A língua portuguesa no Brasil herdou muitas palavras do vocabulário de africanos e de tribos indígenas, como as nomenclaturas ‘fauna’ e ‘flora’ e outras que têm relação com a natureza. Foi a partir disso que começamos a nos distanciar da variação linguística de Portugal, mas ainda sem se diferenciar totalmente por conta da vinda da família real pra cá. O último acordo ortográfico, lá em 2009, readequou muita coisa, mas ainda é bastante polêmico, pois alguns argumentam que as alterações serviram para agradar apenas os linguistas e não em facilitar a vida dos falantes. Por exemplo, a regra dos “porquês” ainda confunde muita gente”, explicou a professora aposentada de língua portuguesa, Célia de Santana.
Filho do chamado latim “vulgar”, assim como o castelhano e o francês, o português é classificado como uma língua românica e, no Brasil, sua trajetória foi composta por fases que, ao longo dos anos, moldaram o idioma até chegar à forma como é falado nos dias atuais. Além do 5 de novembro, outras duas datas celebram a língua no calendário universal: o 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa, e o 10 de junho, que marca o aniversário da morte de um dos maiores poetas da história lusitana, Luiz Vaz de Camões.
(*) Estagiário sob a supervisão do jornalista Antônio Carlos Garcia