Há 30 anos do falecimento de Luiz Gonzaga, ocorrido em 2 de agosto de 1989, em Recife, sua obra continua insuperável, pelo estilo criativo e pelos temas tratados. Economia, cultura, religião, desigualdades, meio ambiente e vida nordestina, são alguns dos pilares de sua obra. Tão vasta e fecunda que ainda nos dias atuais acontecem regravações, tanto por jovens como por renomados artistas em qualquer época do ano.
Se perguntarmos a adolescentes que acompanham música, da lembrança de uma, de cinco anos atrás, de seu artista preferido ou de Luiz Gonzaga, possivelmente, lembrará primeiro do rei do Baião. Um dos caminhos para se avaliar a qualidade de uma música pode ser como ela perpassa ao longo tempo no seio da população sem se tornar descartável, dias ou meses depois de seu auge.
Sua obra pode ser objeto de estudo sociológico, a exemplo de a “Triste partida” numa bela composição de Patativa do Assaré, que narra o sofrimento do nordestino no século XX arriscando a vida em busca de emprego no sul do país no “pau de arara”. Em “Vozes da Seca” o protesto político social: “mas doutô uma esmola a um homem qui é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão” traz uma crítica justa aos governantes que não fazem obras definitivas e estruturantes, para diminuir as desigualdades, fazendo “caridade” como paliativos que cada vez mais gera a dependência dos pobres aos ricos.
Em “Xote Ecológico” perguntou “cadê a flor que estava aqui? Poluição comeu E o peixe que é do mar? Poluição comeu. E o verde onde é que está? Poluição comeu. Nem o Chico Mendes sobreviveu”. Em “Samarica Parteira” retratou como ocorriam os partos numa sociedade do meio rural, detalhando rituais do nascimento de crianças, como muita arte.
No momento atual, onde a divulgação de composições que nos trazem reflexões sobre política, sociedade, meio ambiente, desigualdades, estão raras em detrimento da estética corporal, Luiz Gonzaga foi o artista que não desgarrou do popular, mas não esqueceu de dar recados claros para os graves problemas sociais do nosso país, em especial do nordestino.
Comentamos aqui algumas músicas de um cabedal inexplorado do maior cantor nordestino, reconhecido mundialmente com versões internacionais respeitadas. Somente Asa Branca teve mais de 40 versões, incluindo gravações de artistas brasileiros, do Egito, Portugal, EUA, Turquia, etc. Mas, a vastidão de sua obra merece estudo e divulgação em todos os níveis escolares do Brasil para o bem da história e cultura brasileiras.
(*) Valtênio Paes de Oliveira colabora quinzenalmente, às segundas-feiras. Ele é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
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