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Mapeamento do céu feito por telescópio brasileiro em terras chilenas descobre estrela rara; UFS foi uma das cinco instituições que fundou o telescópio robótico

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Um lugar alto, com céu limpo e baixa umidade é o ambiente desejado pelos astrônomos para terem seus telescópios terrestres. E é em um lugar assim, na montanha Cerro Tololo, em terras chilenas da Cordilheira dos Andes, que está o telescópio T-80S.

Trata-se de um telescópio robótico que entrou em funcionamento em agosto de 2017 e foi fundado por cinco instituições: Observatório Nacional (ON), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidadde La Serena (ULS, do Chile) e a Universidade Federal de Sergipe.

Sua principal missão é realizar o mapeamento de uma grande área do céu do Hemisfério Sul com o projeto intitulado Southern Photometric Local Universe Survey (S-Plus). Veja aqui o vídeo sobre o projeto.

Os professores Raimundo Lopes e Sergio Scarano Jr, do Grupo de Astrofísica do Departamento de Física (DFI) da UFS (campus de São Cristóvão), são membros do projeto – o ex-docente da UFS Tiago Ribeiro também já integrou o grupo.

O T80-S entrou em funcionamento em agosto de 2017 e foi fundado por cinco instituições: UFS, ON, USP, UFSC e ULS, do Chile.

 

Segundo Raimundo Lopes, o S-Plus abriu a possibilidade de explorar o céu do Hemisfério Sul em 12 cores, o que é raro para esse tipo de projeto de mapeamento – que geralmente se faz com até cinco filtros.

O projeto é aberto a astrônomos brasileiros. Atualmente conta com a participação de mais de 40 instituições espalhadas pelo mundo, envolvendo mais de 100 cientistas (pesquisadores e estudantes).

“Marcamos um momento importante para a universidade, que é a participação na construção e na colocação em funcionamento do telescópio T80-S. Não temos um telescópio aqui, mas participamos da fundação de um que fica no Chile, o que trouxe e trará contribuições importantes para a UFS e para a formação de nossos graduandos e pós-graduandos”, diz Raimundo Lopes.

Descoberta de estrela rara

Cúpula na qual está o T80-S: telescópio descobriu estrela mais pobre em metais.

 

O projeto S-Plus começou com o pé direito. Duas semanas após o início de suas operações, o telescópio participou da caracterização da primeira fonte de ondas eletromagnéticas, luz associada a um evento que produziu ondas gravitacionais. Se tratou da fusão de duas estrelas de nêutrons e abertura de uma nova era da Astrofísica, batizada como Astrofísica Multimensageira.

Além do artigo que resultou do trabalho de pesquisadores envolvidos com o T80-S em seu início, entre os quais estava o professor Raimundo Lopes, cerca de 70 grupos se reuniram em um artigo simbólico de fundação de uma nova área e que é um dos mais citados em Física nos últimos anos e do qual participaram também três ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 2017 pela descoberta de ondas gravitacionais.

Agora, o telescópio resultou em mais uma descoberta histórica: a descoberta da que hoje é a estrela mais pobre em metais conhecida, nomeada como SPLUS J2104-0049.

“Encontrar essa estrela reforçou o potencial de descobertas relevantes que podem ser levadas a cabo com o S-Plus”, diz o professor Raimundo Lopes.

Para os astrônomos, os metais são todos elementos químicos mais pesados que o hélio. A estrela SPLUS J2104-0049 foi inicialmente identificada como pobre em metais por suas cores, sendo a mais pobre em carbono entre todas as estrelas conhecidas.

Isso se deu com aplicação de métodos de redes neurais nas observações fotométricas conduzidas pelo S-Plus, e confirmada como tal através da análise detalhada de sua luz via observações espectroscópicas por outros telescópios. O trabalho é uma espécie de arqueologia estelar e foi coordenado pelo brasileiro Vinicius Placco, cientista no NOIRLab, nos EUA.

O professor Raimundo, que não participou da investigação dessa estrela, diz que foi uma descoberta notável.

“Encontrar essa estrela reforçou o potencial de descobertas relevantes que podem ser levadas a cabo com o S-Plus. Observar uma estrela tão pobre em metais como essa, de apenas 35 conhecidas ao todo, significa estar observando algo que se formou pouco tempo depois do início do universo conhecido, pouco tempo depois do Big Bang”, afirma.

Curso de Astrofísica da UFS

O campus de São Cristóvão oferece o curso de bacharelado em Física – Astrofísica com 50 vagas anuais. Clique aqui e saiba mais em vídeo produzido pelo Grupo de Astrofísica da UFS.

Verônica Soares (bolsista)

Luiz Amaro (edição)

comunica@academico.ufs.br

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