“Como sempre, passei com tranquilidade. Quem não deve, não teme”, respondeu Marcos Andrade ao ser questionado sobre o processo eleitoral. “Nosso adversário participou de uma eleição para governador, porque ele levou uma eleição para a rádio, para os blogs, jornal, para atingir 2,5 milhões de habitantes do Estado, quando temos somente 12 eleitores”, alfinetou. Só para refrescar a memória, a disputa eleitoral na Fecomércio foi com Breno França.
Agora, Marcos Andrade, economista e administrador de empresas, com pós-graduação pela Università Cattólica del Sacro Cuore de Milão, Itália, comanda uma instituição milionária, que reúne 65 mil empresas em todo o Estado, está cheio de planos. Garantiu que não vai esquecer sua terra, Tobias Barreto, onde atua no comércio varejista de combustíveis, agronegócio, prestação de serviço e contabilidade.
“O primeiro projeto que estamos começando a desenvolver é uma nova unidade nossa em Tobias Barreto, com Sesc e Senac. Neste Sesc teremos um diferencial e estamos indo buscá-lo no Sesc nacional. E qual é esse diferencial? Uma escola em tempo integral, onde o aluno entre às 7 horas da manhã e sai às 17 horas com as três refeições”, garantiu Marcos Andrade.
Os projetos do novo presidente são muitos, principalmente para beneficiar os comerciários, a parcela menos favorecida desta cadeia. Ele dará continuidade à interiorização do Sesc e do Senac, como ocorreu na gestão de Laércio Oliveira, e cita como exemplo a construção de um hotel-escola em Propriá, o Velho Chico, justamente para formar profissionais que possam atuar nesse estabelecimento.
Além de cuidar dos empresários, que mantêm a estrutura da Fecomércio, o seu foco é atender aos comerciários. “A Fecomércio cuida dos empresários, com vários serviços que vão de plano de saúde a plano funeral, câmara de exportação, de mulheres, de pesca e de turismo. O serviço social é com o Sesc; e o de aprendizado, o Senac – para os comerciários”, disse.
Tendo como referência o ex-presidente da Fecomércio, Laércio Oliveira, que o indicou para sucedê-lo, Marcos Andrade afirmou que a instituição tem uma história antes e depois de Laércio. “Nós temos 75 anos de existência. Os 67 anos anteriores a Laércio, tudo que fizeram é menor que os oito anos da administração dele”, assegurou.
Logo depois da posse,ele recebeu o Só Sergipe para esta entrevista na atual sede da Fecomércio, na avenida Ivo do Prado. O seu gabinete, no segundo andar do prédio, tem uma vista fantástica para o rio Sergipe e a Barra dos Coqueiros. Paisagens, inclusive, que ele não cansa de elogiar e, claro, olhar a todo instante.
Boa leitura.
SÓ SERGIPE – O senhor tomou posse na última segunda-feira. Qual foi o seu primeiro ato como presidente da Fecomércio?
MARCOS ANDRADE – Assinar o termo de posse (risos). Antes de mais nada, temos que ressaltar que nós estamos aqui com o objetivo de atender, enquanto federação, os empresários. E os beneficiários que são os comerciários através do Sesc e do Senac mantidos pelo empresariado. Por se tratar de uma entidade paraestatal, eles contribuem em cima da folha, sendo uma para o Sesc e outra para o Senac.
SÓ SERGIPE – O senhor já tem uma história no campo administrativo e político. Já foi presidente da Junta Comercial de Sergipe (Jucese). Como será essa relação com os governos estadual e municipais, agora na Fecomércio, que é uma das instituições privadas mais importantes do Estado?
MARCOS ANDRADE – Eu acredito que hoje a Fecomércio é a mais importante instituição privada do Estado, pois o ex-presidente Laércio Oliveira criou essa temática. Com o governo nós tivemos e teremos sempre uma boa relação. Nós representamos, enquanto comércio e serviços, 75% da geração de emprego e renda do estado de Sergipe e com certeza teremos o respeito enquanto instituição ao representante do estado que é o governador, e aos representantes municipais que são os prefeitos. Essa relação será de pura harmonia, respeito e parceria; pois onde houver a necessidade da Fecomércio Sesc Senac que os governos necessitarem, estaremos lá. E vice-versa.
SÓ SERGIPE – O senhor tem dito em entrevistas que a história da Fecomércio Sergipe tem que ser contada antes e depois de Laércio Oliveira. E aí o senhor assume dentro deste contexto. Isso lhe traz preocupação, expectativa?
MARCOS ANDRADE – Não me preocupa de jeito nenhum. Aumenta o meu desafio. Costumo dizer, e canto isso em verso e prosa, que a Fecomércio tem duas histórias que se dividem antes e depois de Laércio. Nós temos 75 anos de existência. Os 67 anos anteriores a Laércio, tudo que fizeram é menor que os oito anos da administração dele. Ele projetou 20 aparelhos no Sistema Fecomércio, seja do Sesc ou do Senac. Inaugurou 15 e deixou cinco para serem inaugurados. Costumo dizer que vou ter o privilégio de iniciar minha administração inaugurando obras deixadas por Laércio. Por questão de justiça, todas essas obras terão uma placa dizendo que foram iniciadas na gestão de Laércio e concluídas na de Marcos Andrade. Questão de justiça, de gratidão, porque ele é nosso líder empresarial que conseguiu, nesses oito anos, agregar todas as entidades dos setores produtivos: indústria, comércio, agricultura e serviços. Isso é muito importante porque todo mundo fazendo a mesma coisa cria força e facilita o acesso.
SÓ SERGIPE – Qual será a primeira a ser inaugurada? Já tem um cronograma?
MARCOS ANDRADE – Eu vou citar três, não só a primeira. A Central Odontológica, no Sesc, que fica na rua Dom José Tomaz, que também terá uma academia; a piscina aquecida, para atender ao grupo da melhor idade, pois nós temos esse serviço no Sesc Siqueira Campos; e a creche, que vai atender os filhos dos comerciários, no Siqueira Campos. Entre agosto e setembro inaugurarei tudo.
SÓ SERGIPE – Como foi o processo eleitoral para o senhor, que até foi judicializado?
MARCOS ANDRADE – Como sempre, passei com tranquilidade. Quem não deve, não teme. Costumo dizer que nós tivemos duas eleições. Nosso adversário participou de uma eleição para governador, porque ele levou uma eleição para a rádio, para os blogs, jornal, para atingir 2,5 milhões de habitantes do Estado, inclusive fora do Estado, quando na realidade somos 12 eleitores. Eu pergunto: faz sentido levar isso para a população em geral? Qual o interesse que a população tem? Por que tentar atingir o moral das pessoas? Foi uma eleição democrática, legal e transparente, no estrito atendimento ao estatuto e ao regulamento eleitoral. Quem acha diferente, paciência. O direito de espernear é normal.
SÓ SERGIPE – Como o senhor está recebendo o Sistema Fecomércio? Ela está bem financeiramente?
MARCOS ANDRADE – (risos). Ave Maria. Melhor, impossível.
SÓ SERGIPE – Quantos milhões em caixa, estão sob sua responsabilidade?
MARCOS ANDRADE – Só em caixa são R$ 120 milhões. Nós temos vários projetos e me permita retroagir as obras de Laércio, citando algumas visíveis a olho nu. O Hotel Sesc Atalaia, quem não conhece convido a conhecer, um hotel cinco estrelas, que não deixa a desejar para ninguém. O Sesc Comércio Raymundo Juliano, formidável, com academia, biblioteca, atendimento social, restaurante, sala de jogos e de estar. Significa dizer que Laércio se preocupou com o comerciário, com o menos favorecido.
“Outra obra é o Restaurante Senac Bristô, cinco estrelas, que não deixa a desejar a nenhum restaurante em Sergipe. Foi inaugurado e funcionará ainda este mês.”
Porque as classes média e média alta têm o lazer naturalmente, pois dispõem dos recursos para buscar. Mas aquela parcela menos favorecida foi o público-alvo que Laércio se preocupou em todas as obras. O atendimento de todas essas unidades, quando se trata de comerciário é preço diferenciado. Vou dar um exemplo: o primeiro passo do comerciário é fazer a carteira do Sesc, para ter acesso ao Sesc e Senac nacionais. Vai ter acesso a qualquer lazer, qualquer curso, qualquer hotel do Sesc em todo o Brasil.
E aí você pergunta: Só pode participar quem contribui? Não. Quem contribui para o sistema são as médias e grandes empresas. As pequenas, micro e MEIs não contribuem, porém, o funcionário é usuário gratuitamente.
Outra obra é o Restaurante Senac Bristô, cinco estrelas, que não deixa a desejar a nenhum restaurante em Sergipe. Foi inaugurado e funcionará ainda este mês. Com relação ao restaurante são oito cozinhas-escola. Além disso, há um hotel padrão aqui dentro, onde tem uma recepção de hotel e um quarto-escola montados, que vai promover cursos para quem quer trabalhar com turismo. É algo que não existe em outro local do Nordeste. Ou seja, Laércio teve uma visão muito além do seu tempo.
Na Escola Sesc atendemos 2,2 mil crianças, filhos dos comerciários. Como é bom deixar seu filho numa Escola Sesc pagando pouco, num local de excelente qualidade, com assistência médica, odontológica, psicológica.
Temos o Senac Glória, e aquela região do sertão era abandonada pelo sistema. Laércio regionalizou e está lá a serviço da população. A maior escola do interior do Estado. Para você ter uma ideia, lá existe um centro de formação profissional para rádio e TV que é de última geração. Você pode ir a qualquer rádio ou televisão para comparar. O de lá não deixa a desejar. Está servindo a todos. Nós temos o Sesc Itabaiana, que é um equipamento que tirou os adolescentes do álcool e da droga, porque passaram a ter lazer. E o próprio comerciário e sua família vão para o lazer para o final de semana. Então foram 15 obras, e um dos exemplos é este nosso prédio (na avenida Ivo do Prado). Tudo isso é visão de um empreendedor nato.
SÓ SERGIPE – E qual a sua visão de empreendedor para a gestão que se inicia?
MARCOS ANDRADE – O primeiro projeto que estamos começando a desenvolver é uma nova unidade nossa em Tobias Barreto, com Sesc e Senac. Neste Sesc teremos um diferencial e estamos indo buscá-lo no Sesc nacional. E qual é esse diferencial? Uma escola em tempo integral, onde o aluno entra às 7 horas da manhã e sai às 17 horas com as três refeições. No período da manhã, os alunos cumprem o currículo escolar e à tarde vão para os laboratórios de Química, Física, Biologia, Robótica. Ou seja, vamos preparar o cidadão, que tem poucos recursos, para quando ele chegar à universidade possa concorrer com as mesmas chances daqueles das classes mais abastadas.
“Vamos fazer uma pousada entre Itaporanga e Estância, com chalés para atender os comerciários. O objetivo nosso, repito, é atender os comerciários e não competimos com os empresários do setor hoteleiro, que isso fique bem claro.”
Em Propriá, iremos construir o Hotel Velho Chico. Estamos nas tratativas com o governo, que foram iniciadas na gestão de Laércio Oliveira, e elas estão avançando. Nós vamos pegar aquele terreno e construir um outro hotel, onde você tenha o Sesc administrando e o Senac profissionalizando, na área de turismo, as pessoas de toda a região do Baixo São Francisco. Ali, inclusive, iremos atingir Alagoas. O Senac tinha sido fechado em Propriá há mais de 28 anos e Laércio reabriu, pois ele buscou regionalizar. Iremos construir a unidade do Senac, porque atualmente é alugada, e iremos construir esse hotel com um píer, um restaurante, um catamarã para fortalecer o turismo náutico e a economia criativa da região.
Vamos fazer uma pousada entre Itaporanga e Estância, com chalés para atender os comerciários. O objetivo nosso, repito, é atender os comerciários e não competimos com os empresários do setor hoteleiro, que isso fique bem claro. Nosso público-alvo é aquele com menor poder aquisitivo.
“E nessa sede [futura sede própria do Sesc] iremos estar com a administração da Fecomércio, dos sindicatos patronais – pois pretendemos trazer todos para o mesmo ambiente -, a administração Senac e Sesc lado a lado. Teremos, ainda, um coworking e um auditório para os empresários que necessitarem.”
Para os empresários do setor hoteleiro, temos o projeto de fortalecimento do turismo junto à Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-Sergipe), desenvolvimento do planejamento estratégico do turismo em Sergipe para qualificar e fortalecer o turismo local. Nós já tivemos contato com o professor José Wilson, presidente da ABIH, e acredito que no próximo mês teremos uma pauta com a Câmara de Turismo com todas as entidades, inclusive a OAB com a Comissão de Turismo.
A Fecomércio cuida dos empresários com vários serviços que vão de plano de saúde a plano funeral, câmara de exportação, de mulheres, de pesca e de turismo. O serviço social é com o Sesc; e o de aprendizado, o Senac – para os comerciários.
Pretendemos construir uma unidade do Senac em Lagarto. Vamos tentar, porque houve um pedido para construirmos um Senac em Estância.
Em Aracaju, na região do Augusto Franco, acho que merece uma unidade nossa por lá e vamos estudar essa possibilidade.
Outro projeto que considero de suma importância é a sede própria da Fecomércio. Nós iremos buscar os recursos que a Confederação Nacional do Comércio (CNC) disponibilizou entre 2017 e 2018. E nessa sede iremos estar com a administração da Fecomércio, dos sindicatos patronais – pois pretendemos trazer todos para o mesmo ambiente -, a administração Senac e Sesc lado a lado. Teremos, ainda, um coworking e um auditório para os empresários que necessitarem. Nós iremos atender bem os empresários. Esses são alguns dos projetos que teremos nesse futuro.
SÓ SERGIPE – Hoje a Fecomércio reúne quantos empresários?
MARCOS ANDRADE – Nós reunimos, na verdade, 12 sindicatos associados, cada um com um conselheiro. Portanto, 12 conselheiros. Sob o nosso guarda-chuva são todas as empresas do setor terciário (comércio, turismo e serviços), num total de 65 mil empresas.
SÓ SERGIPE – O senhor começa sua administração não só com esses projetos, mas também mantendo o diálogo com várias entidades. Na quinta-feira, por exemplo, estava num café da manhã promovido pelo É de Sergipe. Esse relacionamento será intensificado?
MARCOS ANDRADE – Essa relação continuará e foi Laércio quem começou tudo. E como é que eu chego e vou acabar com uma coisa que está dando certo? Laércio pegou uma ferramenta totalmente cega e amolou, está afiada. Só preciso continuar abrindo os caminhos.
SÓ SERGIPE – O que senhor pensa sobre a perspectiva de mercado e emprego para Sergipe este ano, e de que modo a Fecomércio tem atuado nesse fortalecimento?
MARCOS ANDRADE – Através das nossas câmaras e estas obras, inicialmente, estamos gerando empregos. Nós tivemos no ano passado a geração de quase 15 mil empregos, e este ano a pretensão é gerar em torno de 14 mil; e a renda tem melhorado. O volume subiu 12% no comércio, e no serviço é 25%. Significa que as pessoas têm ido mais a cabeleireiro, à manicure. É um círculo virtuoso e estamos atentos a tudo isso. Recebemos relatórios semanais, para monitorarmos a economia sergipana e a brasileira.