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Mentira, liberdade de expressão e coerência ética

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Por Valtênio Paes (*)

 

Mentiroso(a) por opção é direito de cada pessoa, porém usar a mentira pretextando liberdade de expressão é irresponsabilidade, porque ilude e prejudica terceiros. Quem assim procede, comete estelionato, crime punível penal e civilmente. Na política, no meio religioso, nas redes sociais, na família, dentre tantos outros ambientes, a mentira virou rotina neste quarto de século XXI.   

O Estado Democrático de Direito formaliza que a liberdade de expressão não é plena porque esbarra nos limites impostos pela existência das outras pessoas. Todas são livres no pensar, agir e expressar de quaisquer formas, até a fronteira existencial do respeito e da convivência com as outras pessoas. O exercício democrático do direito é parâmetro obrigatório.

O discípulo sempre observa a prática do mestre. Pais, mães e filhos; professor(a) e estudantes; político partidário, religiosos e fiéis; líderes e liderados, devem primar pela coerência entre o discurso e a prática. A contradição entre o discurso e a prática é antipedagógica ao produzir maldade educativa pela incoerência. Fidelidade para com a verdade é ético e educa. Tal postura, robustece a boa conduta fortalecendo a moral e a ética na sociedade. Escolas, famílias, igrejas, partidos políticos e demais instituições sociais, devem primar pela coerência ética.

Neste momento histórico, manifestações de ódio, exercícios de deslealdades carregados pela exacerbação do individualismo passaram a ser rotina no meio social. Os debates políticos entre os candidatos nas eleições de 06.10.24 extrapolam quaisquer fronteiras de civilidade na ética política. Insatisfeitos com a prática da mentira defendem e praticam violência.

Na capital de São Paulo, a busca pelo protagonismo e a prática da mentira culminaram com o arremesso de cadeira e gíria de presídio. Donald Trump fugindo da pergunta em debate, acusa imigrantes de comerem gatos e cachorros dos norte-americanos. Propostas passaram despercebidas, desrespeitando eleitores(as). Ao agredir a própria consciência, miram exclusivamente o poder, batem-se em contradições, negam a ética argumentativa pela ganância de ser eleito(a).

Arte: Rose Garcia

A incoerência martiriza a consciência, ensejando o pesadelo existencial, torna a pessoa mentirosa, infeliz. Urge que valores como lealdade, respeito, justiça, honestidade, solidariedade, sejam cativados. Família, escola, representações de trabalhadores, igreja, agremiações esportivas e políticas deveriam retomar, com rigor, a ação ética na sociedade.

Discurso de fanfarrice odienta, sem lógica e repleto de esquisitices com intuitos exibicionistas de ostentação política ou social, desnorteia a facilitação de entendimento. De igual modo, prejudica a juventude ao dificultar o entendimento dos valores sociais e éticos.

Não podemos aceitar a derrota para a violência, a mentira e seu uso nas redes sociais. Render-se à maldade pode ser cômodo, porém, fazer a nossa parte é uma bela responsabilidade.

 

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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