Ademário Alves, do Desenvolve-SE Foto: Arquivo/Alese
O diretor de atração de investimentos da Agência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-Se), Ademário Alves, disse que o Estado segue firme nos projetos de atração de empresas e investimentos estratégicos. Ele avalia que, apesar da repercussão internacional da política de aumento de tarifas americanas, os efeitos diretos sobre os projetos em curso no estado são limitados. “Essa é uma decisão com uma dinâmica interna dos Estados Unidos, voltada para tentar reduzir o déficit comercial do país. Mas isso mexe com toda a cadeia global, tornando insumos e equipamentos mais caros”, explica.
Com mais de 20 empresas em diferentes estágios de negociação — de memorandos assinados à implantação de obras —, o Desenvolve Sergipe garante que nenhum projeto foi paralisado até o momento. “O que há é uma expectativa. As empresas precisam recalcular seus custos, mas não houve desistência”, afirma Ademário.
Os impactos, no entanto, variam conforme o setor. No caso dos projetos de hidrogênio verde, voltados sobretudo para exportação à Europa, o impacto tarifário direto é baixo. “Mas o custo de implantação tende a subir, já que a cadeia de suprimentos é global”, pondera Ademário. Por outro lado, a instabilidade geopolítica pode até beneficiar o Brasil. “A Europa, que já não queria depender do gás russo, também não quer ficar refém do gás americano. Isso pode abrir espaço para nós como alternativa segura e confiável”, observa.
No turismo, que depende mais de investidores nacionais e menos de insumos importados, o risco está no bolso do consumidor. “Com queda na renda global, as pessoas podem reduzir gastos com lazer”, projeta. Já em setores como alimentação, bebidas e saúde, o impacto pode vir de forma indireta, por meio de aumento de custos de bens de capital e insumos importados.
Outro projeto estratégico citado é o da exploração de potássio em alto-mar, voltado à extração de carnalita. “Esse projeto requer alta tecnologia e capital externo. Uma mudança no custo global de equipamentos e no capital pode afetar sua viabilidade”, pontua.
De acordo com o Ademário Alves, há também um cenário de cautela no comércio exterior. “Exportadores e importadores estão em compasso de espera. Você não fecha contrato com uma tarifa incerta”, diz. A expectativa é de que, no curto prazo, o comércio internacional desacelere.
A leitura do mercado financeiro é semelhante ao de Ademário Alves. Rafael Leleu, sócio-fundador do Zahav Investimentos, escritório do Banco Safra em Aracaju, afirma que os efeitos já são sentidos nas bolsas de valores. “O impacto é global. As ações já reagiram negativamente, inclusive nos EUA. Isso é reflexo da instabilidade causada por essas tarifas”, comenta.
Leleu ressalta que o protecionismo pode prejudicar a competitividade americana. “No curto prazo, os EUA podem até lucrar. Mas no médio e longo prazo, as empresas perdem o estímulo à inovação, se tornam dependentes do Estado, e o país pode perder força”, diz. “Isso já é criticado por grandes nomes do pensamento econômico, como Thomas Sowell e Warren Buffett.”
Apesar da conjuntura desfavorável, ele acredita que o Brasil pode se beneficiar. “A China e outros países buscarão novos parceiros. O Brasil tem potencial, principalmente no agronegócio, para ocupar esse espaço. Sergipe, com boa nota de risco e estrutura de captação como o Desenvolve e o Secretaria do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), está preparado para isso”, acrescenta Leleu.
Em resumo, enquanto o mundo observa com apreensão os desdobramentos das medidas protecionistas americanas, Sergipe segue em movimento. “Não estamos parados. Estamos atentos, ajustando as contas, mas seguimos avançando”, destacou Ademário.
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