Em entrevista a Fan FM, na manhã desta quinta-feira (14), o governador Belivaldo Chagas, em resposta à carta aberta divulgada por empresários nesta quarta-feira (13), voltou a destacar que todas as decisões do governo com relação às medidas de enfrentamento à covid-19 são baseadas em orientações técnicas e científicas e em um planejamento que é reavaliado diariamente com responsabilidade e objetividade. O governador também afirmou que não irá ceder às pressões e autorizar a reabertura geral do comércio em Sergipe como propõe alguns setores empresariais no Estado, porque a prioridade, no momento, é com a ampliação no número de leitos de UTI para garantir assistência aos sergipanos.
“Minha prioridade é com a vida das pessoas. Eu não vou flexibilizar, enquanto a gente tiver nessa linha crescente de contágio. Meu medo é ver fila na porta de UTI e não ter vaga para ofertar. Estou lutando com todas as minhas forças para evitar que isso aconteça. Não quero ver gente morrendo, quero ver gente vivendo. Respeito e, sempre estive, e estou aberto ao diálogo, com a classe empresarial, mas nosso foco, agora, são os leitos de UTI e são esses leitos que vão balizar o nosso andamento como todo. Estamos tendo dificuldades na aquisição dos respiradores, tentamos comprar via Consórcio Nordeste, para tentar comprar num volume maior, com preço melhor e a garantia de recebimento. A primeira compra não deu certo, a segunda também não. Na terceira, estávamos muito bem, porém houve uma desistência, infelizmente, não cumpriram o contrato. Estamos, hoje, dependendo de 300 respiradores, dos quais 30 direcionados para Sergipe. A gente não consegue comprar no mercado mundial, o mundo todo enfrenta essa mesma dificuldade. Temos que ter muito cuidado com essas compras, para que esses aparelhos atendam as especificações técnicas”, disse o governador.
De acordo com Belivaldo, o planejamento inicial do governo previa o recebimento de 80 respiradores, 60 pela compra via Consórcio Nordeste e 20 respiradores fruto de doação de pessoas do setor produtivo ao Hospital de Cirurgia, que ainda não chegaram. “Já estamos na tentativa da quinta compra com a Turquia, mas com cuidado. Não temos condições de adquirir no Brasil porque a indústria nacional não tem capacidade de entrega. Nós estamos numa fase de crescimento, as pessoas não estão colaborando como todo. Houve uma queda muito grande no índice de adesão e de isolamento social e isso é grave. Nós temos hoje leitos exclusivos para tratamento de pacientes com coronavírus, são 112 leitos de UTIs e 232 leitos de enfermaria. E as coisas estão se complicando cada vez mais porque tem sido cada vez mais frequente a quantidade de pessoas contaminadas. Chegamos a 78 % de ocupação e leitos de UTis (rede pública), 50% do total de leitos (rede pública e privada). O que é extremamente preocupante”.
O governador informou que, apesar dos atrasos na chegada dos novos respiradores, nos próximos dias, o Estado entregará cerca de 15 novos leitos para assistência dos contaminados. “Estamos trabalhando para que, no máximo até domingo, a gente consiga colocar cerca de 20 leitos de UTIs a mais. Nós temos os respiradores próprios da rede pública, que estavam em manutenção e respiradores que ficam em backup. Nesta semana, entregamos mais 12 leitos de UTIs, em Estância, e a há perspectiva de, no decorrer desses seis dias, termos mais 17 leitos de UTI, dentro do próprio Huse. Nós estamos trabalhando para que ainda hoje, entreguemos seis leitos de UTI do HPM, então iríamos para mais 23. Há ainda a possibilidade de, no menor espaço de tempo, recebermos os leitos que estamos contratando para utilização no Hospital São José e estamos no processo de discussão com o Hospital Renascença, para contratar leitos de UTI também. Enfim, estamos trabalhando para chegar aos 160, 170 leitos, conforme a gente previa lá atrás, mas com o desejo de um planejamento de chegarmos a 200, 250, se conseguirmos adquirir os respiradores. Portanto, esses leitos são a grande preocupação do governo, que desde o início vem trabalhando com planejamento”, pontuou.
Economia
Segundo o chefe do Executivo estadual, ainda que a prioridade atual seja a saúde dos sergipanos, o governo está atento a economia. “Eu tenho responsabilidade, eu penso no governo e penso na sociedade. Sempre tratei o setor produtivo de forma digna e respeitosa e vou continuar tratando desse jeito. Nós vamos ter sim, o momento próprio para apresentar o plano de retomada econômica, porém, agora, repito, estamos em fase de crescimento da curva. As pessoas estão se contaminando, estão com suas saúdes agravadas, procurando os leitos hospitalares e isso é a prioridade. Claro que me preocupo muito com os empregos também, a gente precisa de um modo geral dos empregos, pelo sustento das pessoas. E porque, também, preciso ver o Estado bem, arrecadando, pois tenho compromisso com a folha de pessoal e com fornecedores, mas cada prioridade em um momento”.
Lockdown
Belivaldo desmentiu ainda informações que estão circulando em redes sociais sobre o decreto de ‘lockdown’ em Sergipe. “É lamentável que tenhamos essa rede de fake news funcionando, em um momento como esse, a todo vapor. O governo não tem, até esse momento, absolutamente nada definido sobre lockdown. O que governo faz, com sua equipe técnica, com pessoas experientes, inclusive com representantes da Universidade Federal de Sergipe, é analisar a situação hoje, e numa projeção futura para que a gente tenha um planejamento do que vamos fazer nos próximos dias. Portanto, até no dia de ontem, no relatório que recebi, não há orientação para fazermos esse bloqueio”.
O bloqueio total de cidades visa restringir a circulação de pessoas e veículos para tentar conter o avanço da covid-19 e já foi adotado em algumas cidades e estados do Brasil e do mundo. O governador não descartou a possibilidade futura de uma ação nesse sentido, mas tranquilizou os sergipanos de que, caso haja a real necessidade devido a curva de crescimento da covid-19, tudo será feito com aviso prévio.
“Se discute sim, em todas as reuniões a possibilidades ou não. Mas caso isso venha a acontecer, se houver a extrema necessidade por conta de um colapso como um todo, informaremos a partir de qual data ocorrerá para que as pessoas tenham tempo de se preparar, se organizar. Inclusive com prazos pré-determinados”, esclareceu.