Parte dos moradores da rua Simone Lima Freire, no bairro Santa Gleide, teme que a tragédia que ocorreu em Fortaleza, quando um prédio desabou matando nove pessoas, ocorra também em Aracaju. É que eles residem na rua que fica nos fundos do bloco seis com 16 apartamentos, que corre o risco de desabar a qualquer momento e já interditado pela Defesa Civil, no dia 17 de setembro. Os escombros atingiriam seis a sete casas. E mais um detalhe: essa possível tragédia pode tomar dimensões inimagináveis porque próximo ao prédio ficam uma caixa com capacidade para 40 mil litros de água e outra do abastecimento de gás.
O bloco seis, desabitado desde novembro de 2016, faz parte do Condomínio Residencial Dr. Armando Domingues, na avenida Santa Gleide. O motorista Edson Joaquim de Freitas Júnior é um dos moradores da rua Simone Lima Freire que vive assustado com a possibilidade de ocorrer um desabamento e os escombros atingirem seu imóvel, onde vive com a esposa e filhos. “Será que eles estão esperando acontecer aqui a mesma coisa que ocorreu em Fortaleza?”, questiona Edson Júnior. “Dormimos com medo”, completa.
Não é somente a casa de Edson que corre o risco de ser atingida, mas de várias pessoas. O vizinho de Edson, Elson dos Santos, também vive assustado com a família, com medo que o pior aconteça. Além do risco de morte, Elson viu a sua renda diminuir, porque todas as pessoas interessadas em alugar um apartamento que fica no primeiro andar da casa onde ele mora desistem do negócio quando sabem do problema. O aluguel custa, em média, R$ 500 mensais.
As primeiras rachaduras nos apartamentos do bloco seis do Condomínio Residencial Dr. Armando Domingues surgiram em novembro de 2016. No dia 3 de novembro deste mesmo ano, um perito federal foi chamado e avisou que poderia haver um desabamento. Todos os moradores começaram a sair e hoje é um prédio fantasma.
Através de uma das rachaduras é possível ver o lado interno de um dos apartamentos e vice-versa. Como o prédio está desabitado, os moradores recebem o aluguel social. Uns deixaram o condomínio, mas outros permaneceram e alugaram apartamentos disponíveis em um dos nove blocos.
A dona de casa Adriana da Silva Santos é uma dessas pessoas que, hoje, reside no bloco vizinho. “Continuamos pagando o financiamento e o condomínio”, afirmou Adriana, ao explicar que com o auxílio moradia paga o aluguel da morada temporária. Ela teme que o prédio desabe e por isso deseja que providências sejam tomadas urgentemente.
De 2016 até o início deste ano, os síndicos que passaram pela administração do condomínio não tomaram providências, segundo o atual gestor, Glausdtone Jamisson Messias. “Assumi há três meses e em setembro, pedi uma visita da Defesa Civil que emitiu o laudo e determinou a interdição. Contratei uma empresa de engenharia para fazer estudos e advogados que acionaram a Caixa Econômica Federal” contou.
Hoje pela manhã, logo depois que conversou com o Só Sergipe, Glausdtone recebeu representantes da Caixa, junto com uma empresa de construção civil, para avaliar a situação do bloco seis: se é possível uma reforma, ou demolição para construção de um novo. “O terreno onde está o condomínio é massapê, que com as chuvas encharca, e com o sol toda terra fica rachada”, contou o síndico.
Além de alguns moradores, a visita da Caixa e da empresa de engenharia foi acompanhada pelos moradores da rua Simone Lima Freire, Edson Júnior e Elson, pois eles querem a solução do problema, caso contrário serão prejudicados.
O síndico defende o envolvimento de todas as pessoas – moradores e vizinhos – na solução do problema, para que seja evitada uma tragédia. “Os engenheiros que consultei defendem a demolição deste prédio”, afirmou Glausdtone, que aguarda um posicionamento da empresa levada pela Caixa Econômica para resolver a questão, antes que o prédio desabe.
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