Vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), morreu hoje, 30, em Aracaju, Maria Niziana Castelino, 70 anos, conhecida como Candelária, presidente da Associação Sergipana de Prostitutas (ASP). Ela estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Cirurgia desde o começo de maio, quando foi submetida a uma intervenção cirúrgica. Há suspeita de que ela tenha contraído a covid-19. Candelária era mãe de seis filhos. A família informou que o corpo será cremado, mas não forneceu mais detalhes.
Ela venceu o Prêmio Claudia 2000 e em 29 de agosto de 2016 a Revista Claudia publicou a reportagem “10 mulheres que mudaram a vida de outras mulheres no Brasil”, e Candelária foi uma das personagens. À revista, ela contou que aos 7 anos, em Belo Jardim (PE) onde nasceu, depois de tomar uma surra da mãe adotiva, fugiu de casa e foi morar na rua. Viveu assim até ser descoberta por uma cafetina, que lhe deu o apelido de Candelária, como ficou conhecida. “Ela dizia que eu era tão imponente como a igreja da Candelária, no Rio de Janeiro”, lembrou na ocasião.
Depois mudou-se para Aracaju. “Com 16 anos, 1,71 metro, corpo esguio e olhos verdes, tornou-se a prostituta mais bela e requisitada de Aracaju, trabalhando na boate Miramar. Foi amante de poderosos, casou-se com um empresário de transportes de carga e deixou a prostituição aos 22 anos. Não esqueceu, no entanto, as mulheres da noite”, diz a reportagem.
Em 1991, denunciou a violência e o abuso da polícia contra elas e fundou a ASP. Com apoio do Ministério da Saúde, a organização prestava atendimento a profissionais do sexo na região, oferecendo palestras sobre prevenção de Aids e DSTs, noções de cidadania e autoestima e distribuía preservativos para as prostitutas de baixa renda. Candelária também montou o serviço Posto de Saúde Dona Jovem, que atendia gratuitamente vítimas de doenças sexualmente transmissíveis. Para mulheres que desejavam mudar de atividade, ela sugeria cursos profissionalizantes.