Depois de um ano e meio sem atividades, a Feirinha da Gambiarra voltou com toda força em mais uma edição – a 21a -, e reuniu cerca de 60 expositores na praça Zilda Arns, no bairro Jardins, no dia 12. O sucesso levou a organizadora, Isabele Ribeiro, a programar uma próxima edição, e já está tomando todas as providências burocráticas. Afinal, em tempos de pandemia da Covid-19 é importante que todas as medidas sanitárias sejam tomadas para que expositores e visitantes tenham segurança. Além disso, todos são orientados a usar máscaras, manter o distanciamento social e higienizar as mãos com álcool em gel que são colocados em pontos estratégicos da praça.
Nas edições anteriores à pandemia, com cerca de 90 expositores, o faturamento médio foi de R$ 220 mil. O número é significativo e estimula as pessoas a continuarem os negócios, tanto que “muitos empreendimentos nascem na feirinha”, diz Isabele Ribeiro. Além das feirinhas, que agora serão mensais, os expositores podem colocar os produtos nas duas Lojas da Gambiarra, nos Shoppings Jardins e Riomar e, depois, podem partir para uma carreira solo. Tanto podem vender online quanto nas lojas físicas. “E nós acompanhamos todo esse processo”, orgulha-se Isabele.
Arquiteta, urbanista e com pós-graduação em gestão pública, Isabele começou a feirinha em 2012, a partir de um brechó que mantinha no bairro São José. Mas numa viagem ao Rio de Janeiro, conheceu a Feira Hippie de Ipanema, e veio com a ideia de fazer uma feira semelhante em Aracaju, ali mesmo no brechó. A partir daí foram 21 feiras, que ela pretende levar para outros Estados do país.
Atualmente, Isabele faz outra pós-graduação em Marketing e Comunicação Digital, e está conversando com representantes de outros Estados para expandir a Feirinha da Gambiarra, que hoje é um grupo de empresas, formado pela própria feirinha: Loja Gambiarra e Estúdio Gambiarra.
Esta semana, Isabele conversou com o Só Sergipe. Vale a pena ler para conhecer um pouco mais sobre o trabalho de Isabele Ribeiro.
SÓ SERGIPE – Depois de um ano e meio com as atividades suspensas, a Feirinha Gambiarra retornou no último domingo, 12, na praça Zilda Arns. Como foi essa retomada?
ISABELE RIBEIRO – Terminamos o evento super felizes, pois foi uma pressão muito grande de vários setores, do público. Fizemos com muito planejamento e responsabilidade, com a autorização de todos os órgãos necessários: Secretaria Municipal de Saúde, Vigilância Sanitária, Emsurb, SMTT e Secretaria do Meio Ambiente. Estávamos muito tranquilos e ao mesmo tempo preocupados para fazermos um evento redondinho, seguro para os expositores, cantores, equipe de suporte e, claro, para o público. Estávamos muito conscientes do que estávamos fazendo. Cumprimos com a quantidade de pessoas determinada pelo decreto, por isso tínhamos o controle da entrada, colocamos totem de álcool em gel em todo o espaço. Preparamos o público para isso, lembrando a todos que estamos numa pandemia, que todos precisavam contribuir usando máscaras dentro do espaço, usando álcool em gel, mantendo o afastamento necessário para que pudéssemos dar a continuidade do evento. Então, foi muito tranquilo. Todos os expositores venderam muito bem, saíram felizes, superou a nossa expectativa e do público.
SÓ SERGIPE – Quantos expositores participaram desta edição?
ISABELE RIBEIRO – Numa feirinha em outros momentos, sem pandemia, temos uma média de 90 expositores, mas nessa feira da praça Zilda Arns abrimos para 60, com uma média de público de 300 pessoas, respeitando o limite necessário.
SÓ SERGIPE – Teremos outras feiras?
ISABELE RIBEIRO – Já abrimos as inscrições para os expositores de diversos setores, pois faremos uma nova edição da feirinha. Abrimos uma seleção, fazemos uma curadoria. Temos parte de gastronomia, doces e salgados, bebidas, expositores de artesanato contemporâneo, vestuário, papelaria, decoração. E uma infinidade de produtos feitos por pequenos empreendedores, que começam sua marca do zero. Muitos empreendimentos nascem na feirinha, depois vão para as nossas lojas colaborativas nos dois shoppings e saem de lá montando suas próprias lojas on-line ou física. E nós acompanhamos todo esse crescimento.
SÓ SERGIPE – E quando será a próxima feira?
ISABELE RIBEIRO – A próxima feira está sendo planejada para o início de outubro e acontecerá na praça Zilda Arns.
SO SERGIPE – A Feirinha da Gambiarra tem agora um diferencial, nessa retomada dos negócios presenciais?
ISABELE RIBEIRO – A feirinha existe desde 2012, portanto são muitos anos na estrada. São 21 edições grandes, em diversos lugares da cidade. Algumas empresas nos contratam para fazermos feirinhas em outros espaços, a exemplo do Shopping Riomar. Fomos contratados pelo Shopping Jardins para fazermos uma edição kids. Já passamos por diversos espaços públicos, nas edições das feirinhas normais, sempre gratuitas. Já estivemos na Biblioteca Pública Ephifânio Dórea, ocupamos ruas no bairro São José, Parque da Sementeira e agora na Zilda Arns. Temos uma estrada e queremos continuar com esse mesmo intuito de fortalecer o pequeno empreendedor, o senso de pertencimento do aracajuano com a sua cidade. A gente provoca isso. É um cenário onde provocamos a venda, a capitalização dos pequenos empreendedores, e sempre adotamos uma ONG (organização não governamental) a cada evento. Nessa edição adotamos a pobreza menstrual e vamos doar para diferentes instituições que cuidam de mulheres em vulnerabilidade social, em situação de rua. Pretendemos sair de Aracaju, levar para outros Estados e temos algumas propostas. Estamos analisando cuidadosamente, pois gostamos de entregar um produto que seja seguro para as pessoas, que seja um evento saudável, muito familiar. Quem vai, sabe que é um evento familiar, tem criança de colo, idoso, jovens, todas as tribos misturadas. Então, é muito gostoso nesse sentido.
SÓ SERGIPE – Um detalhe que chamou a atenção foram os artistas que fizeram estátuas vivas. Como a senhora chegou até eles?
ISABELE RIBEIRO – As estátuas vivas são feitas por atores venezuelanos que estão sempre por ali e pediram autorização
e locamos eles na praça. Eles enriqueceram o evento.
SÓ SERGIPE – A senhora falou em levar a feirinha para outros estados. Já foi realizada alguma no interior de Sergipe?
ISABELE RIBEIRO – Sobre as edições no interior, estamos nesse processo de planejamento. Antes da pandemia estávamos em negociação, mas fazemos tudo com muito cuidado. Quem sabe daqui para a frente, com a pandemia diminuindo, a gente consiga colocar em prática.
SÓ SERGIPE – A senhora disse que a primeira feirinha foi em 2012. Mas como nasceu a ideia?
ISABELE RIBEIRO – Eu tinha um brechó, no bairro São José, e recebia muitas mulheres que tinham marcas, eram ilustradoras e vendiam camisetas, os produtos eram muito legais. Chegou uma hora que eu não tinha mais espaço para vender no meu brechó. Até que fui para o Rio de Janeiro, vi a Feirinha Hippie, em Ipanema, e me encantei. Retornei para Aracaju com esse desejo de fazer uma feirinha. Comecei com 12 expositores, foi no boca a boca mesmo, chamando as pessoas, convidamos uns amigos músicos para animarem. Foi muito intuitivo mesmo, com desejo de fazer alguma coisa. Nessa primeira edição, recebemos um número grande de pessoas, precisamos fechar a rua, foi muito bacana. O nome gambiarra veio daquelas luzes, das lâmpadas interligadas, é aquela veia empreendedora do brasileiro. Daí fizemos alusão às novas ideias juntas e conectadas . Isso é gambiarra, e ficou até hoje.
SÓ SERGIPE – Gostaria de saber um pouco sobre a presença da Feirinha da Gambiarra nos dois shoppings de Aracaju.
ISABELE RIBEIRO – São pouco mais de 60 marcas nos dois shoppings. Na verdade, é outra empresa, chamada Loja da Gambiarra, filha da Feirinha da Gambiarra. Sou eu e mais dois sócios. As lojas são modelos de negócios, onde as marcas produzem as peças. Toda burocracia na venda, nota fiscal, impostos, marketing, vendedores, toda essa estrutura é com a Loja Gambiarra. A ideia é fortalecer os pequenos empreendedores no mesmo conceito da Feirinha, que só ocorre uma vez, enquanto na loja fica direto. A ideia é que a loja seja esse suporte para eles.