Com 20,29%, Barra dos Coqueiros registrou o maior aumento percentual de eleitoras nos últimos quatro anos entre as cidades sergipanas. Em seguida, aparecem General Maynard (16,51%), Santo Amaro das Brotas (12,40%), Nossa Senhora do Socorro (9,78%) e Itaporanga D’Ajuda (9,33%).
Em números absolutos, Aracaju lidera o eleitorado feminino do estado com 223.827 votantes. Por outro lado, Amparo do São Francisco tem o menor quantitativo: 1.345. A Grande Aracaju (Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão), por sua vez, concentra 38,1% do contingente de mulheres votantes no estado. Elas são 324.816 pessoas.
Por outro lado, Carmópolis, no leste sergipano, com perda de 255 eleitoras e queda de 3,62%, e Propriá, no baixo São Francisco, com redução de 17 votantes do gênero feminino e diminuição de 0,16%, foram os únicos municípios com diminuição do eleitorado feminino nos últimos quatro anos em Sergipe.
Carmópolis passou de 7.051 eleitoras em 2016 para 6.796 em 2020. Em Propriá, o número há quatro anos era de 10.410 votantes. No pleito deste ano, 10.393 cidadãs estão aptas a comparecer às seções eleitorais no próximo dia 15 de novembro, quando está marcado o primeiro turno das eleições.
Desde a série histórica de 1992, o eleitorado feminino é maior que o masculino em Sergipe, e, em termos percentuais, a diferença só aumentou de lá para cá. Naquele ano, eram 438.858 eleitores do sexo masculino (49,2%) e 449.642 do sexo feminino (50,5%). Já em 2020, 28 anos depois, são 852.707 mulheres aptas a votar no estado (52,9% ante 757.700 homens. Em nenhum momento desse período de quase três décadas foi registrada pelo TSE sobreposição do eleitorado masculino ao feminino.
A maioria do eleitorado brasileiro é feminino. Do total de 147.918.483 eleitores do país, 77.649.569, ou seja, 52,5%, de acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral, podem sair, em 2020, das mãos das mulheres. Já o eleitorado masculino corresponde a 47,5% dos cadastros eleitorais regulares. Segundo o TSE, 40.457 (0,027%) pessoas não informaram à Justiça Eleitoral o gênero no qual se identificam.
Sergipe é o segundo estado da região Nordeste e quarto do território nacional com maior percentual de eleitoras (52,9%). Em número absoluto de mulheres votantes, o estado é o nono da região nordestina e 20º do país. Os cincos maiores percentuais de eleitoras são encontrados nos estados do Rio de Janeiro com 6.699.205 (53,83%), seguido de Pernambuco, 3.606.953 (53,58%); Alagoas, 1.182.758 (53,29%); Sergipe, 852.707 (52,95%) ; e São Paulo, com 17.752.744 (52,92%).
Vale lembrar que no Distrito Federal não há eleições municipais. De acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, apesar da natureza híbrida, a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 32, que trata da organização política e administrativa do DD, proibiu sua divisão em Municípios. A estrutura política do DF é diferente das demais unidades federativas do país. Pois há um governador e uma Câmara Legislativa com 24 deputados distritais, mas não tem prefeito. E o território é dividido em 31 regiões administrativas, não em municípios.
A participação feminina na política
A professora do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mônica Santana, afirma que a evolução do eleitorado feminino mostra um avanço na participação das mulheres como cidadãs. “Esses números mostram que as mulheres estão em plenas condições de exercer a soberania popular prevista na Constituição Federal de 1988, que define a possibilidade de votar e se candidatar nas eleições como um valor igual a todos,” pontua a professora.
“No entanto, os dados estatísticos também mostram que o número de candidatas mulheres é desproporcional ao número de mulheres politicamente ativas no país, ou seja aptas a votar e a serem votadas. Atualmente, se discute um termo que pode se chamar como segundo eleitorado. O que significa isso? As pautas, as propostas e as discussões incluem muito pouco as demandas das mulheres”, complementa Mônica.
Esse cenário, de acordo com a professora, está relacionado a fatores culturais, como o machismo que reduz, por exemplo, a mulher ao ambiente doméstico, e econômicos, como a falta de investimento em candidaturas femininas, dinâmica que se assemelha ao mercado de trabalho, no qual as mulheres, embora altamente qualificadas e ocupando os mesmos cargos, ainda recebem salários inferiores aos dos homens.
“Eu costumo dizer: ‘quanto menos mulher, menos mulher’, no sentido que quanto menos a gente vê a mulher na política, menos aceitamos e acreditamos que a mulher é apta para estar ali. Faltam exemplos. A gente vive em uma sociedade que precisa de exemplos para continuar lutando por essa igualdade de direitos. Pensar em uma sociedade construída por valores, como a solidariedade e o respeito, pode gerar mudanças, principalmente, dentro dessas novas formas de gerenciar as políticas e os governos”, finaliza a pesquisadora.
Fonte: Rádio UFS