Negócios

Mulheres saem da zona de conforto e fazem a diferença

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Que as mulheres fazem a diferença, disso ninguém duvida.  Também é fato que o poder que elas detêm é inquestionável.  Essas duas frases podem soar como clichês, mas a repetição foi proposital para que os homens não se esqueçam disso e para que as mulheres valorizem, a todo instante, as suas capacidades e realmente façam a diferença em todos os segmentos da vida  a que se propõem. Esse potencial feminino já é bastante visível em vários ambiente, mas no mercado corporativo ele é reforçado por números. Segundo dados do Sebrae, 24 milhões de mulheres são empreendedoras em estágio inicial no País.  Em Sergipe,  dos mais de 58 mil microempreendedores individuais (MEIs), 48% são do sexo feminino, que atuam em atividades  de beleza, moda e alimentação. Quanto ao local de funcionamento do negócio, 55,4% estão nas próprias residências.  

O Sebrae fez um levantamento com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2018, e mostrou que em Sergipe 95,8 mil pessoas do sexo feminino são proprietárias de um negócio. Isso representa 34% do total de empreendimentos no Estado. Essa opção de ser empreendedora tem alguns motivos, mas os principais são os seguintes:  necessidade de obter uma nova fonte de renda  ou adquirir independência financeira. 

Além desses dois fatores citados pelo Sebrae, muitas mulheres têm no próprio DNA a inquietação, a necessidade de sair da zona de conforto  para  fazer a diferença. O Só Sergipe foi em busca de mulheres com esse perfil e vai contar um pouco da história de Rose Garcia, Viviane Vieira Prado, Anne Ferreira CostaXikinha Ribeiro Costa, Maria Nisis e Jocélia Viana.

“Estou muito feliz neste novo ciclo”

Rose Garcia: aspirações no Só Sergipe

Cuidar dos contratos, acompanhar contas a pagar e receber, organizar a agenda, visitar clientes e ajudar nas edições de matérias. Essas são apenas algumas das atividades rotineiras da diretora administrativa do portal Só Sergipe, Rose Garcia, que ainda cuida da casa, marido e filho.  Rose, que até recentemente era professora da rede estadual, vislumbrou no Só Sergipe uma nova oportunidade profissional e garante que se sente realizada com o empreendimento. “Estou muito feliz neste novo ciclo”, assegura.

Ela conta que quando estava prestes a se aposentar como professora, ficava inquieta e buscava um outro rumo. A oportunidade surgiu quando o sócio do marido no Só Sergipe se desligou da empresa e foi morar em Portugal. “Decidi, então, fazer parte do portal que é dinâmico e tem muitas demandas. “Vou me virando nos trinta, como diz a piada, mas estou contente”, frisou.  Também conto com a ajuda do meu filho adolescente, João Pedro, 15 anos, que, colabora com o portal.

Rose, também, produz os posts do Só Sergipe, participa das reuniões com os parceiros, a exemplo da empresa Gtech que presta assessoria tecnológica ao portal. “Cada encontro na GTech é uma aula e saio entusiasmada para buscar novos cursos, muitos deles online, que faço em casa. Para completar, também, tenho lido livros sobre empreendedorismo e marketing, porque minha meta, com meu marido, é que o Só Sergipe seja uma referência quando se fala em reportagens sobre negócios, economia e esportes sergipanos”, afirmou.

“Queremos ser tratadas de igual para igual”

Viviane Prado, CEO da Job Connect

A fisioterapeuta Viviane  Machado  Prado foi pioneira, em Aracaju, ao levar a ginástia laboral para as empresas. “Nós tínhamos a Vide Fisioterapia, montamos um projeto e fomos à luta oferecendo nossos serviços”, disse Viviane, lembrando que a Caixa Econômica Federal foi a primeira que a contratou. Mas até chegar à Caixa não foi fácil, porque  houve empresário que  sequer a recebeu.

A empresa durou três anos  e depois de fechá-la foi trabalhar em algumas clínicas, inclusive no interior do Estado. Decidiu encerrar  para construir o Kendera, uma casa de eventos,  em São Cristóvão, que foi  ideia do pai.  “Eu abracei a ideia e como ele trabalhava embarcado, prontamente assumi a construção e inaugurei. A empresa tem cinco anos, com capacidade para 1.200 pessoas “e ainda sobra espaço”. Embora o Kendera esteja, oficialmente, no nome do pai, cabe à Viviane adminsitrá-la. Mas não é só isso que ela administra.

Viviane também é proprietária da Job Connect, no bairro Farolândia, um espaço colaborativo onde são compartilhadas a estrutura e ideias para geração de negócios. Na empresa também trabalha o marido de Viviane,  Carlos Elpídio Prado, especialista em tecnologia e design gráfico. “Eu administro, preparo os contratos, cuido do financeiro, das cobranças”, afirma Viviane que completa: “sou a moça do cafezinho e da limpeza, também”.

“Ser empreendedora não é fácil, mas gosto por causa da flexibilidade do horário para cuidar dos meus dois filhos. Isso para mim é um privilégio. Eu dou conta de fazer as coisas como cuidar da empresa, dos filhos, do marido, da alimentação. Os homens não são tão polivalentes e o mercado ganha com as mulheres porque elas têm uma polivalência mais acentuada. Damos conta de muitas coisas ao mesmo tempo. Queremos ser tratadas de igual para igual, sem privilégios, porque todo mundo tem capacidade”, disse.

“Não tenho medo de mudanças”

Anne Ferreira Costa: trabalha na loja e coordena o É de Sergipe Mulher

De uma hora para outra, a psicóloga com especialização em gestão de pessoas se viu diante de um desafio: gerir a loja de material de construção do pai, Edmundo Vieira da Costa, já falecido. Antes de Anne Ferreira Costa, o irmão dela ficou  sete anos na empresa, depois desistiu e chegou a sua vez. E aí existiam duas opções: ou cuidava da empresa ou seria fechada. “Acredito que cuidar da Loja Edmundo Casa e Construção foi um propósito de Deus”, afirmou. De repente ela se viu num ramo que nunca havia trabalhado, mas que, de certa forma, conviveu.  

O desafio não a intimidou, pois,  ela mesma assegura, “não tenho medo de mudanças, do novo. Resolvi assumir o empreendimento e a cada dia me reinvento”. Mas o começo não foi fácil, pois ela precisava deixar claro para os cinco funcionários como é o seu modo de administrar. “Meu pai tinha uma forma de gerenciar, meu irmão outra e eu a minha”, disse. O fato de ter especialização em gestão de pessoas a ajudou muito a lidar com cada novo desafio que chegava a sua mesa de trabalho. “Implantei a minha forma, minha maneira de conduzir os clientes. Fujo do tradicional”, avisou. 

Anne não acha necessário saber os nomes de todos os produtos que estão na sua loja. “O mais importante é que os nossos colaboradores encantem os clientes. Meu papel é gerenciar, organizar a empresa, ver o procedimento de venda, o financeiro, dando autonomia para que cada um faça o seu papel da melhor forma possível”, afirmou. 

O dia a dia no Edmundo Casa e Construção não impede que Anne cuide da casa – ela é casada e tem dois filhos – e ainda encontra tempo para coordenar o É de Sergipe Mulher, segmento feminino do Movimento É de Sergipe,  participando de reuniões e promovendo, mensalmente, o Café com Elas, quando reúne empreendedoras para trocar ideias e fazer negócios. 

“Eu precisava fazer com que o dinheiro trabalhasse para mim”

Xikinha Ribeiro, numa feira internacional de móveis em Milão

Durante a adolescência, quando estudava Escola Técnica, Xikinha Ribeiro Costa seguiu com uma dúvida: ser engenheira ou arquiteta. Ela preferiu a segunda opção e garante que é apaixonada pelo que faz. E como é uma profissional autônoma, tem sempre que estar um passo à frente em busca de negócios dentro da sua área. “Quando o país entra em crise, o nosso setor, que é de construção civil, é o que mais sofre”, afirma. Diante disso, ela começou a ver a necessidade de empreender e passou a analisar algumas franquias, mas isso demandava custo e risco muito grandes. Então resolveu empreender com a Polishop, começou a construir casas com o marido para alugar, mas “eu precisava fazer com que o dinheiro trabalhasse para mim “. Então construiu uma galeria, no bairro Coroa do Meio, e alugou as salas. 

Mas ela queria algo mais, por isso começou a estudar sobre empreendedorismo e se apaixonou pelo tema. “Reclamar da situação do país, da política, não é o que vai resolver. Temos que agir e ver algo com o qual nos identificamos. É isso que transforma. Então segui empreendendo, para ser dona de algo e mudar a situação”, contou. Agora, por exemplo, Xikinha está abrindo a empresa de Construção Refax, para reformar e construir imóveis, junto com Anne Ferreira Costa. 

“Eu sempre falo para as mulheres: antes de ser mãe e esposa eu vivia dizendo que não tinha tenho para nada. Hoje tenho marido, filha e consigo fazer o que quero. Tempo é prioridade. Comecei a empreender quando Antonela, minha filha, tinha dois anos. Hoje ela tem cinco anos e já a motivo para o lado empreendedor, nas nossas brincadeiras”, contou. 

Xikinha também mergulhou em leituras sobre empreendedorismo e um dos títulos que sugeriu foi “Pense e Enriqueça Para Mulheres”, de Napoleon Hill. Outra sugestão é “O Poder da ação”, de Paulo Vieira. Mas o primeiro livro que Xikinha leu quando começou a empreender foi “Os Segredos da mente milionária”,  de T. Harv Eker. 

“Não existe o ‘não consigo’ em minha vida”

Maria Nisi com a família

O comércio sempre esteve presente na vida de Maria Nisis Oliveira Barbosa desde tenra idade, pois ela acompanhava os pais que vendiam laticínios nas feiras-livres. Em 2002, quando a Gruppon se instalou em Itabaininha, onde ela nasceu e mora, Nisis começou a despertar para o mundo das confecções e foi ser representante de moda masculina. Mas naquela época, as mulheres investiam mais em moda que os homens e o desejo de Nisis era trabalhar com moda feminina.

“Passei três anos com a Gruppon, mas depois decidi montar uma pequena fábrica, com três profissionais, um modelista e uma piloteira (pessoa que monta a peça). Ao mesmo tempo, fui estudando, viajei para eventos de tecidos, para algumas edições do São Paulo Fashion Week, etc.”, contou Nisis. A fábrica, localizada no Polo de Moda de Itabaianinha,  gera 35 empregos diretos e outros 50 indiretos e vende seus produtos para  Sergipe, Bahia e Alagoas. Há, ainda, uma loja da fábrica em Itabaianinha. A empresária, também, desenvolve um trabalho social treinando jovens que querem ingressar no segmento de moda.

A meta de Nisis é fazer, não só a sua empresa crescer, mas também o polo de moda de Itabaianinha, buscando inovação e tecnologia.   Ela trabalha com o marido, Cosme Alves Barbosa, e mais três irmãos que são representantes.

“Sinto-me empoderada, persistente. Não existe ‘não consigo’ em minha vida.  Não desisto nunca,  sou muito determinada.  Dou meu máximo. A minha família é prioridade. Minha empresa e meus colaboradores são outra família que Deus colocou  em minha vida”, disse.

Maria Nisis busca sempre conciliar suas atividades profissionais com as familiares, “mas não é fácil”, admite, lembrando que tem de ter tempo para os filhos. Cássio Felipe,  de 11 anos, ajuda na empresa. Quando está de férias, se envolve na empresa e entende porque os pais chegam cansados do trabalho. Ela também é mãe de Isis Valentina, de apenas oito meses.

“Meu filho me deu estímulo”

A pedagoga Jocélia Viana, no Parque  Berçário Escola

Foi a partir de uma dificuldade pessoal que a pedagoga Jocélia Viana buscou forças, se superou e decidiu empreender. O filho, Ugo Gabriel, hoje  com 22 anos, nasceu com  transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, um distúrbio neurobiológico crônica que se caracteriza pela desatenção, desassossego e impulsividade, conhecida pela sigla TDAH. “Na época eu sofri, porque não havia uma escola preparada para  essa  e outras demandas. E meu filho me deu um estímulo para buscar”, diz Jocélia que fundou o Parque Berçário Escola, no bairro Inácio Barbosa há seis anos.

“Eu já tinha interesse em  empreender na área de educação. Só queria saber em qual área da educação, e a vida me levou a fazer especialização em infância e adolescência, com um olhar diferente”, afirma. Mas qual é esse diferencial? “É olhar a criança como um todo, não vendo apenas como alguém que você vai ensinar a ler e escrever, mas como um ser humano que tem demandas do universo dele, família e suas emoções”, disse  Jocélia que desenvolve o método pedagógico de  Maria Montessori. Esse método  é caracterizado por uma ênfase na autonomia, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança.

A escola tem 60 alunos, de quatro meses a seis anos de idade, e gera  16 empregos diretos. Jocélia  afirma que é uma  mulher totalmente realizada com o que faz, mas quer mais. Ela desenvolve um  projeto chamado Protagonize-se para mulheres empreeendedoras.  Dia 27 de março,  das 15  às 17 horas, será o primeiro encontro do projeto com Julia Turl, consultora de estilo e imagem, idealizadora do brechó @soudessas, que falará sobre  “Empreender com estilo, consciência e desapego”.

 

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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