Luiz Thadeu (*)
Com o tempo descobri que tudo na vida é arte. E nisso acredito. Atos, fatos e comportamento. O que e como você está fazendo? Como você se porta diante dos problemas? O jeito que você ama alguém, a maneira como você fala, até seu sorriso e personalidade, no que você acredita, e em todos os seus sonhos, a maneira como você escolhe se relacionar, como você arruma a casa, sua lista de compras, a comida que você faz, sua escrita, a forma como você se sente, enfim, todas as suas escolhas são formas de arte. O bom humor, a autoestima e a gratidão, também são formas de arte.
O bom humor é hábito para os fortes. Para aquele que cultiva a alegria de viver; aquele que dá sempre mais do que recebe. A autoestima é a certeza de que você está sendo sua melhor versão. Que você tem muito a oferecer, que você faz a sua parte. A gratidão é o mais nobre de todos os sentimentos. Arrisco-me a dizer que maior até que o amor, pois você pode deixar de amar, mas ser grato transcende tempo e circunstâncias. A gratidão é o sentimento de almas nobres. A vida se renova, toda vez que enchemos nosso coração de paz e resolvemos ter gratidão pelas coisas conquistadas e pelas bênçãos alcançadas.
É vida nova, toda vez que renascemos dos nossos temporais e nos reinventamos diante dos dias nublados.
Quando descobrimos, em meio à nossa “bagunça” e loucura de viver, aquele sentimento de paz que o tempo nos traz, sabemos que estamos no caminho certo.
Quando nos abrimos para outras possibilidades de viver e nos olhar: é vida nova, é reconstrução. É renovação, é mudar o olhar.
Quando desaceleramos o passo somente pra sentir as gotas que o céu derrama: é renovação, é vida reinventada. É nas coisas simples que a vida se mostra mais viva.
E quando, finalmente, aprendemos a nos doar, abraçar com amor, e amar as pessoas como elas são, é transformação. E, como as estações, florescemos.
Podemos escolher focar na dor ou no amor, sempre será uma escolha nossa. Aprendi que “ter problemas na vida é inevitável, deixar-se abater por eles é opcional”. Essa frase é um mantra para mim. É uma questão minha se agiganto ou não os problemas.
“Você não pode evitar que os problemas batam à sua porta. Mas não há necessidade de oferecer-lhes uma cadeira para sentar”; cito Cora Coralina para dizer que não precisamos desperdiçar energia pensando sobre problemas, quando o certo é focar na solução. Lembre que se você não pode resolver agora, porque perder energia pensando nisso?
A autocura está à nossa disposição, só precisamos decidir por em prática o amor, o perdão e a gratidão com disciplina.
Caro leitor, amiga leitora, permita-me o devaneio deste texto. Mas, diante do cipoal de problemas que nos assolam, neste início de ano: Brasil se desmilinguindo, por causa de dirigentes aquém dos cargos que ocupam, sem amor e/ou compromisso com o país, dengue grassando e matando, detentos de alta periculosidade fugindo de cadeia dita de “segurança máxima”; crise climática, o planeta derretendo; violência por toda parte; a morte precoce e já esperada de Alexei Navalny pelo sanguinário Wladimir Putin; guerras inclementes e bestiais pelo mundo. Diante de tantas atrocidades é na arte que busco refúgio. A arte nos salva. Cito meu conterrâneo Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta”.
Como sonhador esperançoso, faço da escrita uma válvula de escape, para falar desta coisa mágica chamada vida, que nos mantém ativos, nos conduzindo e ensinando teimosamente a arte da bem-aventurança diante das intempéries, pois nada é para sempre.
Desejo que você se descubra todos os dias, valorize a sua caminhada, coloque os sonhos no varal, e seja capaz de inventar um motivo qualquer para desabotoar o riso. Todo tempo é tempo de ser feliz. “O que a vida quer da gente é coragem”, João Guimarães Rosa.