Outras palavras

Nadir da Mussuca: História e Ciências Sociais em tempos de resistência

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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)

 

Para além de ser uma forma de fazer o registro de mais um momento significativo da vida acadêmica da Universidade Federal de Sergipe, o presente texto quer também ressaltar a necessidade de pensar o tempo presente, com suas inúmeras turbulências políticas e sociais, a partir de dois exercícios muito caros: lembrar e problematizar. Ofícios, sine qua non, daqueles que militam e ainda ousam formar-se no e a partir dos cursos de Licenciatura em História e de Ciências Sociais.

E o porquê da referência à dona Nadir da Mussuca? Foi o nome dado à Turma de História de 2024.1 (da qual tive a honra de ser paraninfo), composta pelos novos professores e historiadores de Sergipe, a saber: Alef Mateus Tavares Souza, Alerrandro Saimon Passos de Santana, Danilo Roberto dos Santos, Felipe Santiago de Melo, Fernando Santos, Hellen Ketcia Batista Santos, Igor Evangelista dos Santos, Ingridy Gabrielle de Sousa Roque, Jerfesson Barreto dos Santos, João Ofrides de Oliveira Neto, Laura Regina Martins Oliveira, Michel Felipe Silva Lima dos Santos, Rayssa Samara Santos Valença de Sá, Rita Mirrayne Santos de Oliveira, Rodrigo Santos Correia, Rodrigo Santos Passos, Sérgio Guilherme de Almeida Silva, Stefany Pimenta Gadelha, Suelen Santos Costa, Thales Silva Conde, Vanessa Souza Angélico, Vitor Gabriel Gonçalves Nunes e Ygor Fernando Dias Melo. O Prof. Dr. Petrônio Domingues foi o patrono e entres os professores doutores homenageados presentes: Augusto dos Santos, Carlos Malaquias e Célia Cardoso. Atualmente, o curso é coordenado pela Profª. Drª. Edna Matos Antônio.

A aluna de História, Rita Mirrayne Santos de Oliveira, recebendo a concessão de título em nome da turma de História e Ciências Sociais

A solenidade de formatura ocorreu no último dia 26 de novembro, às 16h, nas dependências do auditório da Didática VII da UFS (Campos São Cristóvão). Os alunos de História dividiram o momento com os alunos de Ciências Sociais, representados por seu paraninfo, o Prof. Dr. Rogério Proença Leite, que em seu discurso destacou a importância dos dois saberes na contemporaneidade. Leite frisou que pode até se comprar um diploma, mas o conhecimento não. Este segue sendo algo que, como dizem os mais antigos e a sabedoria popular, a única coisa que levamos conosco, depois de morto, e que ninguém rouba.

Também fez uso da palavra, a Profª. Drª. Silvana Aparecida Bretas, diretora do Centro de Ciências Humanas (CECH), no ato, representando o magnífico reitor, o Prof. Dr. Valter Joviniano de Santa Filho. Bretas, como de costume neste tipo de solenidade, fez um discurso que levou os presentes a refletirem pelo chamado estado da arte da vida universitária no Brasil e todos os seus contratempos e desafios a serem encarados, com luta, e superados com resistência e coragem.

Representando os formandos, a aluna de História, Ingridy Gabrielle de Sousa Roque fez uma fala leve, vibrante e emocionante, como assim foi todo o evento. A seguir, um trecho que dá a tônica daquele final de tarde inesquecível:

O mundo que nos espera lá fora é, sem dúvidas, cheio de incertezas. Vivemos, ainda e infelizmente, tempos difíceis para educadores e pesquisadores. Mas é mantendo os olhos adiante e a cabeça erguida que agarraremos nossas oportunidades. Que sigamos em frente com a mesma determinação que nos trouxe até aqui, com coragem para fazer a diferença, para desafiar o comum e para transformar o nosso mundo em algo melhor. Lembrem-se sempre de que o que conquistamos hoje é muito mais que um papel; é um símbolo da nossa persistência e da nossa capacidade de fazer.

“E com relação à dona Nadir, professor?” – deve estar me indagando o leitor mais ansioso do que eu. Pois bem. Em síntese, trata-se de Maria Nadir dos Santos, mulher preta nascida e criada num povoado quilombola de Laranjeiras. Ali, tornou-se mestre e guardiã de tradições populares que sobreviveram e resistiram aos últimos séculos da História de Sergipe: o samba de pareia e a dança de São Gonçalo. Graças às modernas técnicas audiovisuais, seu legado está imortalizado no curta-metragem “Nadir” (2029) e no EP “Nadir da Mussuca e o Samba de Pareia”, lançado em agosto do ano em curso.

Para meus alunos e afilhados do Curso de História e também para os formandos do Curso de Ciências Sociais da UFS, dedico um trecho de uma das canções de dona Nadir (Estrela D´Alva), que diz: “Quem imagina cria medo / Quem tem medo não vai lá”. E vocês venceram! Sem medo, cabeça erguida, ao som e ritmo do Samba de Pareia, doravante sigam resistindo em suas jornadas, cantando e encantando, sem sombra de dúvidas, pois a vida também é baile!

 

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Claudefranklin Monteiro

Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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