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Não adianta ficar Putin

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Luiz Thadeu (*)

É Carnaval, pelo menos era pra ser, segundo o calendário gregoriano que nos rege.

O Carnaval foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses entre os séculos XVI e XVII, manifestando-se inicialmente por meio do “entrudo”, uma brincadeira popular. Com o passar do tempo, o Carnaval foi adquirindo outras formas de se manifestar, como o baile de máscaras. O surgimento das sociedades carnavalescas contribuiu para a popularização da festa entre as camadas pobres.

A partir do século XX, a popularização da festa contribuiu para o surgimento do samba, estilo musical muito influenciado pela cultura africana, e do desfile das escolas de samba, evento que acabou sendo oficializado com o apoio governamental. Nesse período, o Carnaval assumiu a sua posição de maior festa popular do Brasil.

Por causa da pandemia, este ano não teremos as festas momescas no país, que é o país da alegria, da esbórnia, do desbunde. Um país onde “não existe pecado do lado do Equador”, onde tudo termina em samba.

Não podemos colocar o bloco na rua, pelo menos não deveríamos, ensina o bom senso. O coronavírus e suas variantes estão aí a sambar em nossa cara: lépido, livre, leve, solto e letal, maltratando uns, matando outros.

A variante ômicron, de transmissão mais rápida, chegou até a inexpugnável rainha da Inglaterra, Elizabeth II, 95 anos, 70 anos de reinado, a mais longeva monarca do mundo; e também em Paulo Salim Maluf, 90 anos, internado em São  Paulo, com Covid-19. Então, caro leitor, amiga leitora, ninguém escapa desse flagelo, se ainda não chegou a sua vez, não tardará. As autoridades de saúde já estão falando em quarta dose de vacinação, na esperança de barrar o coronavírus.

Representantes dos setores de Saúde e do Turismo alertaram para o risco de agravamento da pandemia de Covid-19 no Brasil, caso sejam realizados os festejos de Carnaval em 2022. O tema foi debatido em audiência pública da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados. A recomendação dos especialistas é que não se relaxe com os protocolos, as precaução devem ser mantidas, principalmente pela natureza dessa comemoração, que dificulta o cumprimento de medidas sanitárias de distanciamento social e uso de máscara. “A gente sabe que o Carnaval é uma festa de congregação, de aproximação entre as pessoas”.

Segundo a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), a retomada das festas de casamento e formaturas, por exemplo, com rígidos protocolos de controle sanitário, foram importantes para soerguer a economia.

Todo cuidado é pouco. Por não se levar em consideração os alertas dos agentes de saúde, logo após o Carnaval de 2020 – primeiro ano da pandemia -, o número de óbitos por causa da Covid-19 foi enorme.

Se estamos “putin” porque estamos em casa, sem poder cair na esbórnia, beber todas, ir atrás do trio elétrico, extravasar toda a alegria reprimida, pense nos ucranianos e ucranianas, que estão no centro do fogo cruzado de um exército poderoso e inclemente como o russo, para satisfazer um capricho de um czar insaciável pelo poder.

Triste e deprimente assistir pela TV – sentado no sofá da casa – a bombas sendo despejadas sobre civis indefesos de um lindo país, a Ucrânia, que tive o prazer de visitar em 2018.

Mal demos um suspiro de alívio com o incipiente recuo da variante ômicron, a sandice da invasão da Ucrânia pela Rússia veio tirar nosso sossego. O conflito no norte da Europa, embora pareça distante, vai afetar a economia brasileira – o preço do petróleo e do gás já aumentaram, assim como a cotação do dólar e das commodities.

Era para ser Carnaval, mas, pelo segundo ano seguido, temos Carnaval sem Carnaval. Vamos — quem sobreviver — demorar muito tempo para nos curar dos efeitos trágicos da ausência de alegria explosiva/criativa das aglomerações nas ruas. Somos sobreviventes de um mundo louco. Temos que ser gratos a Deus por morarmos longe do autocrata Vladimir Putin. Enquanto escrevo vejo pela TV o soar de sirenes, a população ucraniana se escondendo do arsenal bélico russo.

Senhor Deus, tenha piedade daquele povo.

 

Luiz Thadeu Nunes e Silva é engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes.

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Luiz Thadeu Nunes

Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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