O empresário Messias Peixoto, dono do Shopping Peixoto, em Itabaiana, diz que “não é o comércio fechado que vai combater a pandemia”. Com 86 lojas, o maior centro de compras da região serrana está fechado desde do dia 20 de março, com exceção dos estabelecimentos considerados essenciais. De acordo com o empresário, muitos lojistas estão sofrendo, alguns deles sem condições de comprar mantimentos para a residência, quanto mais manter uma loja fechada sem faturamento. Para ajudar os lojistas, Messias decidiu suspender as taxas de cobrança de condomínio e aluguel, já que as lojas fechadas não faturam. “Nós estamos bancando tudo isso”, assegurou Peixoto que aguarda a sensibilidade do Governo do Estado para que o centro de compras seja logo reaberto. Ele garante que o Shopping Peixoto tomou todas as providências necessárias para abrir, seguindo o padrão de segurança da Organização Mundial de Saúde (OMS) e também das autoridades sanitárias do Estado e do município de Itabaiana. Essa semana, um estudo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mostrou que a situação nestes centros não é boa e que nos cinco shoppings de Sergipe foram fechadas cerca de 200 lojas e 1.500 pessoas foram demitidas. É como se todos os funcionários do Shopping Peixoto tivessem sido demitidos. Essa semana, Messias Peixoto conversou com o Só Sergipe. Confira.
SÓ SERGIPE- O Shopping Peixoto, assim como os outros quatro existentes em Sergipe, está fechado desde março devido à pandemia do coronavírus. Como está a sobrevivência?
MESSIAS PEIXOTO – Estamos fechados desde o dia 20 de março. A situação é muito desagradável, todo mundo aflito. Por conta do decreto, nunca mais abriu e nem deu chance. Esse fechamento não se justifica, porque o shopping é um lugar muito organizado, tem todos os cuidados, obedece aos protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS), como o da Vigilância Sanitária Estadual e Municipal. Nós temos aferidor de temperatura em todas as entradas, disponibilizamos álcool em gel em todas as lojas. Tomamos providências quanto ao distanciamento, até porque não é um shopping tão movimentado, mas é bem projetado, existem corredores amplos. Além disso, temos o que há de mais moderno em ar condicionado, com um sistema de renovação de ar a cada três horas. Temos segurança, mas até agora, de forma nenhuma, conseguimos convencer as autoridades de que não é o comércio fechado que vai combater a pandemia. Acho que no trabalho, a pessoa está mais segura do que em casa, pois em casa as pessoas não têm o cuidado com a máscara e nem com o álcool em gel, ficam quatro ou cinco no sofá, então ficam muito próximos. São muitos dias com o shopping fechado e a pandemia aumentando, portanto, não é o comércio fechado que vai frear o aumento da pandemia.
SS- Qual é a capacidade do Shopping Peixoto?
MP – Ele tem capacidade para 18 mil pessoas, mas isso só ocorre quando temos eventos grandes, como a Bienal do Livro, por exemplo. Porque o cliente do shopping roda muito. Ele sai, outro entra. E o nosso só tem três anos de funcionamento, não tem aquele fluxo enorme, cresce um pouco nos finais de semana, mas não chega há três mil pessoas de uma vez só. O nosso shopping é grande, tem muita área.
SS –São quantas lojas.
MP – Somos 86 lojas, mas alguns estão querendo sair, por conta da pandemia. Porém tomamos todas as providências para segurar o lojista: de imediato suspendemos todas as cobranças de condomínio, de aluguel e nós estamos bancando isso. E para aqueles que vendem online ou delivery, nós estamos cobrando um percentual.
SS – O shopping gera quantos empregos?
MP – Hoje são 1.500 empregos diretos e é uma das maiores empresas em geração de emprego da região serrana.
SS – E o que está funcionando?
MP – Somente as lojas consideradas essenciais, como farmácias, casa lotérica, supermercados, posto Banese e algumas lojas por delivery. O nosso cinema está fechado, que é o melhor do Nordeste, o Cinelaser, super confortável. E são quatro salas de cinema, que o povo aprovou muito. São os primeiros cinemas depois de 32 anos.
SS – O shopping é um divisor de águas na economia de Itabaiana?
MP – Sim, nós provocamos uma revolução. As pessoas vão fazer compras, se divertir. É um empreendimento para beneficiar a comunidade, não só de Itabaiana, mas de várias cidades vizinhas, como Pedra Mole, Macambira, Frei Paulo, São Domingos. Hoje está todo mundo reclamando. Mas Jesus vai mostrar um milagre.
SS – O senhor tem conversado com o prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, mostrando a situação grave que atravessam?
MP – O prefeito é um parceiro bom. No modo de analisar dele, não teria problema nenhum abrir o shopping, mas ele fica receoso de autorizar e criar problema com o governo e a saúde. Eu disse a ele que o shopping de Vitória da Conquista (BA) abriu e em várias cidades.
SS – Mas o seu empreendimento está preparado para abrir, seguindo as regras sanitárias?
MP – Tudo preparado. Nós vemos fazendo isso quase todo o mês. Já fizemos as marcações de piso, já conseguimos aferidor de temperatura, treinamos as equipes. Inclusive, as cancelas da entrada do shopping deixamos levantadas para evitar as pessoas ficarem apertando todas as vezes que chegam e saem. Não se cobra o estacionamento aqui.
SS- O plano para o futuro é esperar a reabertura.
MP – Espero que abra, porque comércio de rua não é lugar de aglomeração. Lojas de sapato, de brinquedos, não geram aglomeração. O que gera isso é no mercado, nas casas lotéricas. Não há justificativa o fechamento. Espero que tenha alguém lá [no governo] que tenha essa consciência, para aliviar o sofrimento do povo.
SS – E tem muita gente sofrendo com o fechamento do comércio, não é?
MP – Tem gente aqui já em desespero. Atendemos um aqui que tinha reformado o estabelecimento, gastou muito, dizendo que se não resolvesse iria se matar. Eu liberei as dívidas dele e o autorizei a vir todo mês buscar a feira até o dia que abrir. O cara estava no desespero. Isso só é para você ter uma ideia do sofrimento. O homem de bem querendo comprar a feira e sem condições. O nível de stress é muito grande.