Com o aumento do processo de conscientização sobre o racismo estrutural, podemos apontá-lo com maior força quando ele aparece no trabalho. Uma situação muito grave e comum, principalmente nos setores de atendimento ao público de forma presencial, são os cabelos. Falar sobre cabelos e trabalho daria uma dissertação, mas vamos ao básico: quantas vezes você já ouviu que o cabelo precisa ser “domado”, deve ser contido, amarrado ou cortado? Sobretudo quando ele não é radicalmente liso…
O padrão de beleza, elegância e estética adequado ao trabalho é um cabelo “controlado”, diga-se, com isso, um cabelo que não tenha volume, de preferência com as pontas voltadas para o chão e que “não chame muito a atenção”.
Fico tentando entender o que significa um cabelo assim e chego à conclusão que existe um racismo perpassando o perfil de um “profissional de qualidade”. É crime exigir ou dar a entender que uma pessoa não pode exibir seu cabelo do jeito que ele é, porque não se enquadra no modelo do(a) branco(a). Exibir tranças, cachos e penteados afro precisa ser tão respeitado quanto qualquer outra forma de apresentação capilar.
A apresentação do cabelo afro não pode ser vista como sinônimo de que a pessoa é suja, não toma banho, é descuidada. Se você pensa assim, se seu/sua chefe pensa assim ou se a empresa pensa assim estão todos praticando o racismo estrutural, ou seja, não estão se dando conta de que herdaram o preconceito e a discriminação de um modelo patriarcal eurocêntrico, que segrega as pessoas por causa da raça, classificando-as sem nenhum parâmetro sério.
A primeira coisa que se faz é negar tal comportamento, procurando justificá-lo – o que piora a situação. O ideal é refletir sobre a possibilidade de ressignificar nossa cultura e ações, e aquilo que pode parecer estranho deve se tornar natural: respeito ao outro em sua essência e etnia.
O racismo é crime, mas o preconceito acontece nas entrelinhas, de forma que provar que alguém foi dispensado, demitido ou não foi contratado por causa do cabelo é quase impossível. Assim, o caminho mais importante é buscar informações e a desconstrução deste aspecto inconsciente, que precisa vir à consciência de todos para que possa ser elaborado. E aí? Como é o cabelo das pessoas que trabalham com você? Observar as pessoas ao seu redor lhe dará a dica de como seu local de trabalho lida com o racismo estrutural.
(*) Profa. Esp. Petruska Passos Menezes é psicóloga e psicanalista, integrante do Círculo Psicanalítico de Sergipe, tem MBA em Gestão e Políticas Públicas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Gestão Estratégica de Pessoas (pela Fanese), Neuropsicologia (pela Unit) e em curso Gestão Empresarial pela FGV.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva da autora. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
Por Juliano César Souto (*) Brasil enfrenta um desafio estrutural que vai além…
Por Léo Mittaraquis (*) Para os diamantinos próceres Marcos Almeida, Marcus Éverson e…
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*) tema do presente artigo foi inspirado na…
O Banese apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 106,1 milhões nos nove primeiros…
Se uma árvore cai sobre a rede elétrica ou seus galhos alcançam os fios,…
Por Luiz Thadeu Nunes (*) esembarquei no aeroporto Santos Dumont, no centro do…