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“Ninguém tem condições de falar do João”

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O presidente do diretório estadual do Democratas, o ex-deputado federal Mendonça Prado, tem um foco: ser governador de Sergipe a partir de 2019.  As conversas com os partidos já começaram há algum tempo e a tendência é que se intensifiquem com o passar dos dias até às vésperas das convenções quando tudo estará definido. Prestes a voltar à Câmara Federal, “nos pênaltis”, Mendonça disse que nem contava com essa possibilidade e até se surpreendeu com a velocidade da Justiça nesse processo. Essa celeridade e outros fatos semelhantes mostram que essa eleição será um divisor de águas na política brasileira, que levará o País a uma renovação muito grande. Aos 51 anos, divorciado, advogado e mestre em Direito Tributário, o pré-candidato Mendonça já colocou o pé na estrada para conversas com aliados e a população e diz  que traz um conceito administrativo novo. Mesmo com a agenda corrida e com a possibilidade de ficar mais apertada, ainda, Mendonça teve tempo para escrever o livro  “Presidencialismo de Coalizão”, cujo lançamento não tem data definida.

Na disputa eleitoral que lhe espera, sabe que enfrentará os adversários que poderão lembrar da desastrosa administração do ex-prefeito João Alves Filho, da sua passagem conturbada na Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) ou até mesmo da prisão da sua ex-mulher,  Ana Maria Alves. Mas ele garante que está tranquilo e todos os  questionamentos terão as respostas adequadas. “Todos os nossos adversários, um dia estiveram,  com João. Se falar dos Amorins, são crias dos projetos de João; se falar do Belivaldo Chagas,  ele foi cria do projeto do senador Valadares, que já foi do PFL de João. Então, ninguém tem condições de falar do João”, afirma.  “Temos orgulho da história de João e não vamos esconder João por causa da última administração”, disse, ao minimizar que nessa administração como prefeito, a doença já o afetava. Na última quinta-feira, entre um cafezinho e outro, Mendonça concedeu a seguinte entrevista ao Só Sergipe.

 

Só Sergipe – Como o senhor analisa o momento político do país, diante de uma categoria política bastante desacreditada por conta de uma série de episódios policiais, em que muitos estão envolvidos?

MENDONÇA PRADO – Acho que esse será um marco divisor na política brasileira. Nós teremos, com a eleição, a reflexão do eleitor sobre os últimos acontecimentos e isso vai levar a uma grande renovação política. Boa parte dos ocupantes de cargos eletivos serão pessoas comprometidas com a nova fase. Então, estou, diferente de muitos, bastante otimista porque há uma consciência da maioria da sociedade de que é preciso mudar. Tenho convicção absoluta,  de que os eleitos nesse certame estarão imbuídos de um propósito novo, de reformar a política, de mudar os costumes políticos do Brasil. Então, eu estou otimista, apesar do momento  difícil, de muitos constrangimentos para a sociedade de ver seus representantes sendo flagrados por problemas diversos. Mas isso servirá para uma mudança profunda da política brasileira.

SS – Quando o senhor fala em novo, logo vem a ideia de um neófito em política, o que não é o seu caso, porque já foi deputado federal, já foi vereador e tem experiência. Então, o que o senhor traz de novo, já que é pré-candidato ao Governo do Estado?

MP – Trago conceitos; conceitos administrativos. Para mudar, para renovar, não significa que você tenha que ser uma pessoa física nova. É necessário que você tenha conceitos administrativos novos. Eu costumo dizer que estamos saindo da era da válvula para o chip. Então, tanto faz uma pessoa com uma idade mais avançada, como um jovem. Ele tem que estar na fase do chip, das novas tecnologias, do novo conceito de gestão, de uma maquina pública com o intuito de ser mais eficiente para prestar serviços de qualidade. Isso significa ser o novo. Nós não podemos querer mais um governo que atue no sentido de agradar os chefes políticos. Nós temos que pensar em governo que atue para agradar ao povo, com serviço de qualidade. Não adianta querer ter o gerente do serviço essencial, aquele que dá muito voto. Isso não vai trazer resultados. O que vai trazer resultado é ter uma gerência do serviço essencial competente, eficiente para que as pessoas possam ser bem atendidas com serviço de qualidade. Então essa é uma sutil observação que traz uma mudança profunda para o cidadão dos dias atuais. O novo a que me refiro, é o novo conceito, e não a nova pessoa.

SS – E partindo da premissa do novo conceito, o que se vê no Estado brasileiro, em Sergipe, é o governo lotear secretarias, ministérios. Isso não teria que acabar e o cidadão que for eleito colocar pessoas técnicas nos cargos e esquecer um pouco os acordos políticos? Ou será uma utopia pensar assim?

MP – Ninguém faz a governança sem a interlocução política. Então, para ter maioria no legislativo, você precisa ter a conversa com os partidos políticos que representam os diversos segmentos da sociedade. O que é fundamental é saber que é o espaço político dentro do Executivo e o que é o espaço eminentemente técnico. Por exemplo: eu não posso misturar as áreas essenciais como saúde, educação, segurança com política. Mas, se você tem um político com capacidade de diálogo, de atrair indústrias, de atuar na área do comércio, ele pode ocupar uma pasta da indústria. Mas, dificilmente, poderá compatibilizar saúde pública e educação com política. Isso é cumprimento de metas. Na educação tem que verificar a repetência, a evasão escolar, aproveitamento do aluno, o desenvolvimento das ações dos professores ao transmitir conhecimento. Isso é mais uma análise de resultado e de dados estatísticos do que de desenvoltura política, mas de capacidade de diálogo. É totalmente diferente. Então, você tem espaços distintos no próprio Executivo. É necessário você saber compatibilizar. Uma área muito vista é a Fazenda Pública. Dificilmente, você vê um político. Ela é específica para um técnico. Você tem que ter um técnico na Fazenda, na Educação, Segurança, Saúde, Infraestrutura. Nas outras áreas pode fazer concessões políticas, de modo que não atinja ou desvirtue seu conceito administrativo.

SS – Como andam as conversas com partidos em torno do seu nome?

MP- Estamos conversando com algumas agremiações partidárias. Definições só teremos no momento da convenção, lá para o mês de julho. Estamos preocupados, neste momento, com esse processo de reconstrução dos diretórios municipais para que possamos ter na campanha um partido com capilaridade no Estado inteiro.  Estamos dialogando com o PSB, PMN, PV, mas definição só acontecerá em julho, quando todos os partidos buscarão seu abrigo e verificarão com quem melhor se adequam ao seu projeto.

“Estou preparado”, garante. Foto: Acrísio Siqueira

SS – Tendo seu nome definido como candidato, a gestão passada do então prefeito João Alves Filho pode atrapalhar ou ser usada pela oposição para usar isso negativamente?

MP – Não vejo a menor possibilidade. Todos os nossos adversários um dia estiveram com João. Se falar dos Amorins, são crias dos projetos de João; se falar do Belivaldo Chagas,  ele foi cria do projeto do senador Valadares, que já foi do PFL de João. Então, ninguém tem condições de falar do João. Quanto a ele, costumo compará-lo a um líder e não a uma página final de um livro. Ele é um livro inteiro. João, apesar de ter feito uma administração ruim na sua última gestão na Prefeitura, no todo foi o maior gestor da história de Sergipe, incomparavelmente. Todas as obras estruturantes do Estado, como o porto, as pontes, as grandes rodovias foram idealizadas e construídas por João Alves. Temos orgulho da história de João e não vamos escondê-la por causa da última administração. Até porque, os equívocos que surgiram se deram em função dos problemas de saúde dele. Está constatado: ele tem Alzheimer em estado avançado. E me parece que houve muito mais oportunismos de alguns da prefeitura do que um problema do próprio João. Mas nós reconhecemos que a administração foi ruim, não frutificou, não foi boa. Mas não podemos olhar o João pelo último mandato.

SS – Mas pode ter o olhar negativo dos seus opositores e criar um fato com a prisão de sua ex-mulher Ana Maria Alves, por exemplo?

MP – Todos os assuntos poderão vir à tona, mas estamos preparados para enfrentar todos eles e respondê-los.  Vamos fazer um debate para uma administração futura. Não vamos querer discutir o passado, porque todos, também, têm os seus problemas. Todos tiveram algum equívoco, ou alguém aliado que cometeu algum equívoco. Então, não estamos preocupados com isso. Se esses assuntos vierem, para cada indagação, uma resposta. Tudo pode ser colocado na pauta e estamos prontos para discutir todos os temas. Tenho certeza absoluta que vamos mostrar ao povo a verdade e vamos apresentar o melhor projeto para o futuro. Não estamos preocupados e temos convicção absoluta que vamos apresentar o que há de melhor para nossa população.

SS – O senhor já está preparado para ser deputado federal novamente?

MP- Confesso que isso eu nunca imaginei. Isso faz parte de um processo que a cada dia nos surpreende, essa velocidade  com que o país está mudando. Quando surgiu esse fato das subvenções, ninguém imaginou que chegaria a esse ponto e eu também não. Mas, hoje estamos vendo que pode acontecer alguma coisa. Se você me perguntar, ‘ você se prepara para isso?’. Confesso que nunca me preparei, até porque eu estava aquém da velocidade dessa mudança. Eu era meio cético com relação isso. Achava que as coisas transcorreriam sem a velocidade que estamos discutindo aqui agora.  Mas pode realmente acontecer. É algo que nos surpreende.  Se a vaga surgir, eu vou. Até porque quem votou comigo o fez desejando que lá eu estivesse. Se surgir, vou assumir e procurar corresponder à expectativa do povo. Mas nunca fiz nenhum esforço para isso, a ação é do Ministério Público. Se alguém deixar de ser deputado, o deixará por seus próprios atos.  Quero que  isso fique claro porque, se um dia eu assumir, é uma circunstância da lei.

SS – Mas continua sendo pré-candidato ao Governo de Sergipe?

MP – Continuo sendo candidato a governador. Até porque, se eu assumir como deputado federal será no final da prorrogação, talvez até na disputa de pênaltis.

 

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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