Europa tem proposto como meta, para 2030, uma série de transformações e mudanças urgentes com uma revolução de pensamento que faz um tratamento diferenciado no jeito de produção depredador estabelecido pela lógica da “Modernidade”. Depredação de fato manifesto, com uma maior ênfase nos séculos XX e XXI, tendo uma imensa concentração de poluição altamente tóxica para a vida do planeta e dos seres que habitam nele, por causa da industrialização do petróleo e seus derivados: os plásticos, agrotóxicos, emissões de CO2; os reatores nucleares (1986), desastre do Chernobyl, os três reatores de Fukushima (2011), além das tragédias de Hiroshima e Nagasaki pelas bombas atômicas da Segunda Guerra (Imperial) “Mundial”. O agente laranja usado na guerra do Vietnã, as bombas de Fósforo contra o povo palestino são ações que, além das razões políticas, causaram um terrível impacto sobre a ecologia e a vida.
Já vem se desenvolvendo, desde o final do século passado, projetos de produção de energias alternativas que superam a primitiva era do fogo, como: a energia eletromagnética, solar, eólica, termoelétrica (…), projetos que iniciaram como experiências marginais, mas hoje, são expectativas que representam respostas extraordinárias e sustentáveis ao grande desastre ecológico provocado.
Hoje, várias nações europeias como Alemanha – com maior eficiência em reciclagem (precisamente um dos países promotores do pensamento moderno), Suécia, Dinamarca, Noruega, Bélgica, Finlândia, Suíça, promovem um jeito avançado nas transformações dos dejetos sólidos em materiais altamente reutilizáveis. Não como um romanticismo verde ou uma hipócrita retórica ecologista, mas como experiências de indústrias e políticas públicas responsáveis com a vida, que é indiscutivelmente a vida do planeta, a ecologia, que inclui a vida humana.
Tal é o caso da Noruega, Oslo, sua capital, tem conseguido erradicar o lixo transformando em energia alternativa para a eletricidade das escolas e os sistemas de aquecimento, ao ponto de ter que importar lixo desde o Reino Unido, cobrando pelo serviço prestado. Ademais, há conseguido reciclar e reutilizar a indústria com 97% do plástico, alcançando e superando a meta europeia de 90% – 8 anos antes – com a implementação de políticas públicas sustentadas no sistema educativo e de incentivos em pagamentos de impostos preferenciais para empresas com maior responsabilidade socioambiental.
EUA é a nação que mais gera dejetos, reciclando somente 30%, seguido de índia e Brasil, este último com uma atividade de reciclagem que não alcança 2%. Além do Brasil, destacam-se na América Latina: México, Chile, Peru, Venezuela, Panamá e Colômbia como grandes ineptos em matéria ambiental. E no sentido geral no continente latino americano, existe uma classe política e empresarial com pouca formação e cultura, interessada principalmente pelo negócio do concreto (a construção) e o agronegócio, com um interesse de lucro depredador, sem consciência, nem respeito e responsabilidade com a natureza, com a vida em geral.
Vale a pena dar uma olhada na Europa, não para copiar a sua cultura, mas para refletir sobre os objetivos alcançados nas suas experiências, e reinventar nossa sociedade ante uma realidade urgente de ser transformada, que não é “Ciência Ficção”, mas é corresponsabilidade de toda a humanidade, não por ser a espécie pensante, pelo contrário, por ser a espécie irresponsável e inepta causadora do grande problema.
(*) Poeta e artesão venezuelano. Licenciado em Educação, especializado em Desenvolvimento Cultural pela Universidade “Simón Rodríguez”, Venezuela.
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