“Eles também sabem que nós é que somos a verdadeira oposição”. Essa garantia é do senador e candidato a governador de Sergipe, Eduardo Amorim, 55 anos, ao se referir aos eleitores sergipanos que, na visão dele não querem “permitir que continue essa bagunça que aí está, proporcionada pelos dois últimos gestores do Estado” e a segunda “é partir para a insegurança de alguém que em três mandatos como deputado não fez nada por Sergipe”.
Ele não citou nomes, mas obviamente se refere aos dois principais adversários: o governador Belivaldo Chagas, que tenta a reeleição, e o deputado federal Valadares Filho, também candidato. Os três lideram a preferência do eleitorado, como indicam as últimas pesquisas.
Caso seja eleito, Eduardo Amorim garante que fará uma grande reorganização administrativa, reduzir o número de secretarias, assim como sanear a Previdência e criar o Conselho de Custos, um órgão vinculado diretamente ao seu gabinete, para qualificar o gasto público.
Amorim é médico, bacharel em direito e jornalista. Ele integra a coligação “Coragem para mudar Sergipe” (PRB / PPS / PSC / PR / PTC / PSDB / SOLIDARIEDADE), e tem como vice o ex-prefeito de Estância Ivan Leite (PRB).
A todos os candidatos a governador entrevistados até agora, o SÓ SERGIPE solicitou um vídeo de um minuto, respondendo a seguinte pergunta: por que o senhor quer ser governador de Sergipe? Infelizmente, a assessoria do candidato Eduardo Amorim não conseguiu o vídeo em tempo hábil.
SÓ SERGIPE – O senhor publicou um artigo, recentemente, dizendo que o atual Governo de Sergipe não fez o dever de casa e há muita coisa a ser reparada. É fácil criticar alguém que está no poder. Então pergunto: qual será o diferencial do seu governo, caso o senhor seja eleito?
EDUARDO AMORIM – O diferencial será a volta da segurança para os sergipanos, a saúde será prioridade e proporcionaremos uma educação de qualidade. Os servidores serão respeitados. Vamos investir também na geração de emprego e renda. Teremos zelo com o que é público, cada centavo pago de tributo pelos sergipanos será valorizado. Pagaremos o preço justo por produtos e serviços. Não utilizaremos as secretarias e demais órgãos do Estado para apadrinhamento político, pois o nosso critério para seleção de secretários será técnico. Vamos fazer o melhor governo da história recente de Sergipe.
SS – Quais são os pontos mais nevrálgicos hoje, no Estado? E quais soluções o senhor tem para consertar?
EA – Vivemos um caos em todas as áreas: saúde, educação, segurança, finanças públicas, pagamento dos servidores. Mas, com toda certeza, o rombo da Previdência é o maior de todos os problemas que o próximo governador terá de enfrentar. Esse desgoverno utilizou recursos do Fundo Previdenciário com a desculpa de pagar salários em dia, mas os atrasos continuam. Ou seja, enganaram mais uma vez os sergipanos e pioraram a situação da Previdência em nosso Estado. Nós vamos reverter esse quadro. Em nosso governo os recursos do Fundo da Previdência serão utilizados para os aposentados e não em outras demandas, como fez o atual governo. Criaremos o Conselho de Custos, para qualificar o gasto público, e reestruturar a Secretaria da Fazenda para aumentar a arrecadação e combater a sonegação de impostos. Com isso, teremos recursos para resolver o problema da Previdência, pagar os servidores em dia e investir cada vez mais na prestação de serviços públicos de qualidade para a população. Estou preparado para administrar e tirar Sergipe da lama em que foi jogado por esse desgoverno.
SS – Em 2014, o senhor foi candidato a governador, ficou em segundo lugar (perdeu para Jackson Barreto), e tenta novamente este ano. Por que esse desejo, já que poderia ser mais fácil reeleger-se como senador?
EA – Porque política para mim é uma missão, não é profissão. Não tenho apego a cargos políticos. Entrei na política para, assim como na medicina, servir ao próximo. Tenho o desejo e o compromisso de fazer Sergipe mudar para melhor, não para pior, como aconteceu. Nunca se viu tanto sofrimento com o povo sergipano como estamos vendo hoje. Não tenho o direito de ser omisso e cruzar os braços numa hora tão difícil como essa. Tenho plena convicção de que cumpri o meu papel enquanto senador. Destinei mais de R$ 450 milhões em emendas que permitiram o desenvolvimento dos municípios. Somente para a construção do Hospital do Câncer foram mais de R$ 160 milhões destinados, mas por falta de compromisso desse desgoverno a obra não avançou e boa parte foi perdida. Não construíram porque não colocaram como prioridade. Esse foi um dos motivos que me fizeram abrir mão da reeleição e disputar o governo estadual. Percebi que, enquanto Sergipe não tiver um gestor compromissado, não adianta enviar recursos porque as obras não serão executadas e Sergipe não vai se desenvolver.
SS – Quando o senhor perdeu as eleições em 2014, deixou uma frase marcante, de que não desistiria de Sergipe. Ao perder, não foi Sergipe que desistiu do senhor? EA – Naquela eleição obtive mais de 415 mil votos, ou seja, não se pode afirmar que Sergipe desistiu de mim. Pelo contrário, mais de 41% dos sergipanos confiaram em mim e em meu projeto para o Estado. Fizemos uma campanha limpa, mas infelizmente o mal venceu e o resultado está aí: Sergipe foi parar na lama. Cometeram um estelionato eleitoral, tudo o que alertamos aconteceu. E falo isso com tristeza, pois estamos sofrendo as consequências. Mas essa história vai mudar, porque o povo não aguenta mais tanto descaso e vai dar um basta nesse desgoverno. SS – As últimas pesquisas indicam que o senhor está em segundo lugar: entre Valadares Filho e o governador Belivaldo Chagas. Como o senhor analisa essas pesquisas? EA – Respeito toda e qualquer pesquisa, mas acredito que é apenas a fotografia do momento. Sempre afirmei isso, independente dos números apresentados. Para mim o que realmente importa é a recepção que estamos recebendo nas ruas, tanto na capital quanto no interior. SS – Qual a estratégia para passar na frente de Valadares Filho? EA – Esse ano, o eleitor sergipano terá três opções de escolha. A primeira é permitir que continue essa bagunça que aí está, proporcionada pelos dois últimos gestores do Estado. A segunda é partir para a insegurança de alguém que em três mandatos como deputado não fez nada por Sergipe. E a terceira, que acredito que será a escolhida, é a certeza da verdadeira mudança com o nosso projeto. Seguirei caminhando por nosso Estado mostrando que temos o melhor projeto para Sergipe. Os sergipanos conhecem o trabalho que desenvolvemos enquanto parlamentar em prol dos municípios para diversas áreas. Eles também sabem que nós é que somos a verdadeira oposição. Nós é que fomos caluniados por enfrentar tudo que está aí. Tenho certeza que os sergipanos levarão tudo isso em conta na hora de votar. Está claro que somos os mais preparados para governar Sergipe pelos próximos quatro anos e seremos escolhidos pelos sergipanos.
SS – Como o senhor tem percebido a receptividade do seu nome junto ao eleitorado? Qual a diferença da campanha de 2014 para essa?
EA – A cada ato fica mais evidente que os sergipanos estão compreendendo nossa mensagem e querem a mudança que vai proporcionar um Sergipe muito melhor. As pessoas lembram o que já fizemos por nosso Estado e confiam que podemos fazer ainda mais. Por onde a gente passa, as pessoas manifestam seu apoio, nos abraçam, reclamam do caos que Sergipe se transformou e afirmam que nós é que temos o melhor projeto. O povo de Sergipe já entendeu que estamos preparados para devolver a alegria e o orgulho de ser sergipano e por isso abraçam a nossa candidatura.
SS – Na verdade, em que o candidato mudou em 2014 e agora?
EA – Hoje eu carrego mais experiência do que em 2014. O tempo se encarrega de trazer lições e aprendizados que nos fazem amadurecer. Mas a motivação, a determinação e o caráter são os mesmos. O desejo de fazer o bem hoje é maior, pois tenho consciência que o sofrimento e a necessidade dos sergipanos também são maiores.
SS – Qual o principal item do seu programa de governo para 2019, caso seja eleito?
EA – Reorganizar as finanças públicas em busca do equilíbrio fiscal e, posteriormente, retomar o desenvolvimento do Estado, gerando emprego e renda para nossa população. Todas as áreas receberão a devida atenção. Mas, sendo médico, terei um cuidado especial com a saúde. Em Sergipe, mais de 90% dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) e precisam dos hospitais públicos funcionando de maneira satisfatória. Em meu governo, vamos transformar a saúde em referência para o País. Além disso, investiremos em segurança pública para devolver a paz e a tranquilidade aos sergipanos. Em meu governo, vamos mudar a realidade da educação e elevar a posição no IDEB.
SS – Qual será sua primeira medida, como governador de Sergipe?
EA – Fazer uma grande reorganização administrativa, com a diminuição da máquina. Entre as medidas, a redução de custos tanto de custeio quanto de pessoal, com a diminuição do número de secretarias e cargos comissionados. Um modelo de gestão que prime pelo planejamento e pela eficácia, obtendo mais e melhores resultados com menos custos, incorporando novas tecnologias e sendo criativos nas soluções dos problemas. Para qualificar o gasto público, vamos implantar, assim que assumirmos o governo, um grupo especializado para monitorar, avaliar e controlar todos os gastos do governo: o Conselho de Custos. Ele será vinculado ao gabinete do governador para avaliar todas as solicitações de compras das secretarias e órgãos, além de monitorar a evolução das despesas públicas. Além disso, o Estado precisa aumentar a arrecadação, porém sem aumentar impostos. Para isso, vamos reestruturar a Secretaria da Fazenda (Sefaz), reativando os postos fiscais e investindo em equipamentos, modernização dos processos, nos servidores, além do combate firme à sonegação fiscal.