Obviamente, a resposta inteligente para essa pergunta é: obtendo mais votos do que o seu opositor.
Entretanto, brincadeiras à parte, como se dá esse processo? Qual o perfil dos triunfos nesses eventos?
Desde o ano de 1989, apenas em 1994 e 1998 a disputa não foi definida por uma fase suplementar. Nessas ocasiões, o Sr. Henrique Cardoso foi eleito com 36,2% e 33,4% do eleitorado total, respectivamente.
Em média, o vitorioso no 2° Turno recebe 42,2% dos votos de todo o eleitorado brasileiro. Isso representa uma proporção de 56,3% dos votos válidos nessa fase do pleito.
As duas maiores vitórias em 2° Turno foram de Lula da Silva, em 2002 e 2006, sendo ele escolhido por 45,8% e 46,3% do eleitorado, respectivamente.
Por outro lado, as duas menores foram as de Collor de Mello, em 1989, quando esse foi eleito por 42,8% do eleitorado e Dilma Roussef, em 2014, que o fez na proporção de 38,2%.
Geralmente, o vencedor ganha com uma diferença média de 9,5% do total do eleitorado sobre o segundo colocado. Porém, Lula da Silva foi o único a colocar mais de 10% de frente sobre os adversários. Ao passo que Dilma Roussef ganhou por uma margem de apenas 2,4%, em 2014.
Também é visto que a adesão dos candidatos que ficaram fora da etapa final pouco contribui para a vitória do candidato eleito.
Em 2° Turno, somente em 2002 o vitorioso foi eleito com o apoio da maioria dos candidatos que perderam na fase inaugural do pleito.
Em 1989, 2006, 2014 e 2018, respectivamente, Collor de Mello, Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro ganharam, praticamente, contra todos os demais concorrentes.
Ou seja, arco de alianças não é garantia, per se, de vitória no 2° Turno.
Outrossim, é bom ressaltar que, em todo esse período, as vitórias em 2° turno vêm se modificando, especialmente, em um aspecto: o seu perfil geográfico.
Em 1989 e em 2002, tanto Collor de Mello quanto Lula da Silva venceram em quase todos os estados. Contudo, desde 2006, o vencedor tem se sagrado como tal por meio de vitórias em 3/5 das unidades federativas, em média.
Em 2006, o placar ficou em 20 contra 7. Em 2010 e 2014, 15 contra 12. Já em 2018, essa partição foi de 16 contra 11.
De todo modo, nesse contexto de divisão espacial do eleitorado, é visto que sempre que um candidato ganhou no Amapá, no Amazonas, em Minas Gerais e Rio de Janeiro, simultaneamente, ele levou a parada.
Isso dá forças à hipótese de que, no atual contexto de partição regional do voto, principalmente, esses dois últimos estados são cruciais para quem pretenda se eleger Presidente.
Em suma, a vitória em 2° turno cobra do escolhido o voto de 2/5 do eleitorado brasileiro, raramente se dá com uma diferença superior a 10% desse mesmo total, a formação de amplos blocos formais de apoio não é condição necessária e, dada a divisão regional do voto, vem conferindo a Minas Gerais e Rio de Janeiro uma grande importância para a decisão do pleito.
(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe