Hoje iremos falar do terceiro balde da metáfora proposta por Mark Ford, o balde do investimento. Esse balde tem uma importância especial, pois se abastecido da maneira correta ele passará no devido tempo a alimentar o balde da receita, gerando assim a liberdade financeira.
Quando falamos de investimentos é comum o erro de acharmos que é só por o dinheiro para render passivamente. De fato essa é uma importante aplicação do dinheiro, mas não é a única e também deve ser avaliada como será feita, pois como é dito “o dinheiro foge daqueles que exigem dele ganhos irreais”.
Primeiro vamos definir o que seria um investimento e depois falamos mais sobre algumas modalidades de investimento. A melhor definição de investimento que já vi foi apresentada por Graham no seu clássico livro “O investidor inteligente”, lá ele dizia: “uma operação de investimento é aquela que após estudo eficiente, lhe garante a segurança do dinheiro aplicado e uma rentabilidade aceitável”.
Pode parecer bem simples essa definição, mas na verdade ela abrange bem uma explicação de investimento, pois ela chama para um estudo profundo e eficiente da operação de investimento que desejas fazer, evitando assim erros por falta de conhecimento das características do produto ou até mesmo evitando cair em pirâmides financeiras, porque a sua fachada não resistiria ao estudo.
Sobre garantir a segurança do dinheiro e um retorno adequado, vemos que quanto mais segura for a aplicação menos ela tenderá a render, e quanto maior o risco mais ela renderá. Logo, o investidor deve conhecer o seu perfil, para não aplicar de forma ineficiente, pois é buscando o equilíbrio entre risco/retorno que o investimento será interessante.
A definição encerra com chave de ouro ao dizer que a rentabilidade deve ser aceitável. Mas o que faria uma rentabilidade ser aceitável para quem investe? Bom, inicialmente a aplicação financeira deveria superar a inflação, na maioria das vezes, para ser possível acumular renda com o passar dos anos.
Logo, qualquer aplicação que venha perdendo há muito tempo para a inflação não deve nem ser mais considerada um investimento, porém podemos ir mais a fundo nessa afirmação para nos ater a duas coisas de fato importante.
A rentabilidade que deve superar a inflação nesse caso não é a nominal, ou seja, a prometida pelo investimento, mas sim a rentabilidade líquida, vejamos um exemplo:
Imagine que o investidor ache um CDB pré fixado de 7% a.a, sendo ele conservador, seria esse investimento adequado para ele?
Por garantir segurança sim, mas os 7% a.a seria nominal. Devemos antes achar a rentabilidade líquida, na qual retiramos taxas e impostos, no caso de um CDB só precisamos tirar os impostos, então digamos que ele deixe por 12 meses esse investimento, onde a tabela de imposto seria 17,5%.
Logo:
Rentabilidade nominal: 7%
Imposto de renda: 17,5% (do lucro)
Taxa líquida: 5,7%
Inflação nos últimos 12 meses: 4,19%
Nesse exemplo, sim, o investimento valeria a pena para um investidor conservador, pois ele renderia um pouco mais que a inflação, caso ela não subisse muito depois dele fazer o investimento.
Os mais atentos notarão que a rentabilidade líquida real (depois de retirar taxas, impostos e a inflação) seria menor que 2%. Mas lembrando que esse exemplo foi dado com base em um investidor conservador que preza mais pela segurança e em épocas de taxa Selic baixa, a renda fixa não tem como dar uma rentabilidade líquida real muito alta.
Existem ainda outras fontes de investimento além dos passivos que podemos abordar brevemente.
Estudo: Investir nos próprios estudos pode render frutos muito bons, já que com isso podemos ter uma renda maior que nos possibilite investir melhor no mercado financeiro. Então, parte do balde de investimento, principalmente no início da carreira profissional, deve ser direcionada aos estudos.
Empreender: Estudar bem seu nicho de conhecimento e criar um negócio pode ser uma ótima forma de investimento. Isso, se depois de um tempo esse negócio poder ser escalável na forma de uma franquia, por exemplo.
Essas duas foram apenas uma breve descrição. No próximo texto continuamos a falar desses investimentos.
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.
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