Por Luciano Correia (*)
O Vaticano aprovou a bênção a casais do mesmo sexo. Uma mudança radical no anacronismo e intransigência da velha Madre Iglesia? Nem tanto. Num contexto em que o teatro midiático é mais importante do que a essência das decisões, a jogada de marketing põe a Igreja em sintonia com o frisson de um mundo pautado pelas redes digitais. O Papa Francisco é, sem dúvidas, o mais progressista e tolerante dos últimos tempos, mas não deixa de flertar com o sucesso na opinião pública. O Papa, agora sim, é pop.
Na Folha de S. Paulo dessa sexta, o colunista Marcos Augusto Gonçalves diz que a iniciativa não vai além de uma passada de pano na hipocrisia reinante na instituição, marcada ao longo da história, segundo ele, por acusações de sodomia e incesto, dentre outras que pontuam a alegre vida sexual do papado e sacerdotes no mundo inteiro. Os registros estão aí, disponíveis na mídia e persistentes até os dias atuais. Volta e meia nos deparamos com um novo e rumoroso escândalo envolvendo padres, bispos e religiosos de maior coturno em situações de abuso a menores, principalmente.
No Canadá, desde o século 19 até praticamente o dia de ontem, uma monstruosidade foi perpetrada pela organização, sem qualquer condenação ou repúdio da opinião pública mundial. Leiam a mesma Folha, de 22 de julho de 2022: “Aproximadamente 150 mil crianças indígenas foram separadas de suas famílias e matriculadas à força em 139 internatos do país durante o final do século 19 até a década de 1990. Investigações posteriores revelaram que muitas delas foram espancadas e abusadas sexualmente por diretores e professores. Estima-se que aproximadamente 6.000 alunos tenham morrido de doenças, negligência e desnutrição.”
Como os padrinhos só dispunham de escassos 15 dias nesse cajueiro dos papagaios, consegui a generosidade do padre Zé Lima, da paróquia de Santa Dulce dos Pobres, para celebrar o batismo em 7 de janeiro próximo. Eis que, no primeiro movimento para cumprir o périplo dos protocolos necessários para consumar o sagrado ato, somos barrados no primeiro obstáculo por uma exigência medieval da vetusta Igreja: os padrinhos, desgraçadamente, mesmo sendo gente de bem, professando as leis de Deus, fazendo caridade e cultivando os melhores valores da família, não possuem na gaveta um papel que atesta seu casamento nos mandamentos da embolorada instituição. Como diziam os samangos de qualquer cidade nordestina nos anos de chumbo da ditadura: ‘ordis são ordis’. Sem a devida comprovação do matrimônio religioso na firma em questão, nada feito.
Entre triste e desapontado, não deixo de constatar que mesmo uma organização que se esforça para melhorar sua imagem, fazendo mea culpas e permitindo pequenas aberturas, dirige seu foco para as ações que dão ibope, para ficar bem no caldeirão das bolhas das redes, qualhadas dos identitários, politicamente corretos e outros quejandos, enquanto reivindicações inexpressivas como um simples pedido de batismo são ignoradas pela pauta absolutamente midiática da patrocinadora da Inquisição e de outros crimes contra a humanidade. O pleito do inocente João, em meio ao burburinho dos padres marqueteiros e cantores de TV, não comove o dito sentimento cristão anunciado pela Igreja Católica: João seguirá pagão.
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