Nilton Santana (*)
Para escolher a composição de sua guarda real, o rei arregimenta todos os seus soldados que almejam o honroso posto. Sem saber como selecionar seus melhores combatentes, chama o seu mais sábio conselheiro.
O conselheiro solicita que no meio das tropas seja erguida uma tenda e que nela estejam os dois maiores generais do exército. O conselheiro pede para que o soldado entre sozinho na tenda.
Ao entrar, o soldado dá dois passos, e no momento em que a cortina da tenda fecha, o soldado recebe um tapa ou um grande empurrão agressivo do conselheiro. Aquele soldado que desembainha a sua espada depois do golpe é logo rendido pelos dois generais, mas em seguida, obtém o pedido de desculpas afável com direito a uma taça de vinho. Aquele soldado que apenas recebe a agressão, e observa com mais calma o que ocorreu, é convidado para adentrar a guarda real.
Preocupado com o método nada convencional do seu conselheiro, o rei convoca-o para uma reunião. Ao adentrar ao palácio real, a sua majestade lhes diz:
— O que estás fazendo?
— Escolhendo vossa guarda real.
— Mas desse jeito?
— Caro rei, o cavaleiro tem que domar o seu cavalo. Caso contrário a batalha estará perdida antes de começar. O soldado que sabe controlar suas emoções é aquele que sabe domar o animal que existe dentro de si. Ele saberá agir sabiamente em um campo de batalha, não irá responder a qualquer agressão e não será atraído para nenhuma armadilha do inimigo. Não importa se esse soldado se retira ou vai reclamar mediante o rei. O tapa ou o empurrão são apenas testes para saber quem é o mais forte no interior do soldado: o cavalo ou o cavaleiro? Estou selecionando os soldados que possuem fortes cavaleiros. Estou selecionando os autênticos guerreiros.