Uma história que remonta do século III d.C conta que o imperador romano Cláudio II mandou decapitar o bispo Valentim – exatamente no dia 14 de fevereiro do ano de 269 – por ele ter casado os soldados, o que era proibido por um decreto imperial. Em homenagem a esse mártir foi criado o Dia do Amor. Nos Estados Unidos e Europa é o Dia dos Namorados ou o Valentine’s Day. No Brasil, todos sabem, dia dos namorados é comemorado em 12 de junho.
Não vou me ater aqui ao amor dos namorados, mas esse sentimento na sua forma mais abrangente. Há um oceano de possibilidades para se discorrer sobre o amor, um sentimento que, acredito, move a humanidade. Acompanhamos essa semana, com perplexidade e dor, os fortes terremotos que atingiram o sudeste da Turquia e o norte da Síria provocando mais de 23 mil desencarnes coletivos e deixando milhares de feridos. E ao mesmo tempo, assistimos ao mundo ser solidário e ajudar os sobreviventes. Você pode ser um doador, entrando no site da Agência da ONU para os refugiados. Doar é um ato de amor.
Se não quiser ir tão longe, que doemos um pouco que temos para os nossos irmãos yanomamis, vítimas do descaso das autoridades e da sanha dos garimpeiros que dilapidaram aquelas terras. A invasão do garimpo ilegal naquela terra indígena foi denunciada ao menos 21 vezes à Justiça e à União, na gestão do presidente anterior, que se negou a tomar as medidas urgentes. E a tragédia está aí. Mesmo que de olhos bem abertos, muitos talvez ainda que não queiram enxergar essa realidade e prefiram viver num mundo imaginário, mas se pelo menos seu coração for tocado, entre no site Ações do Bem e faça sua doação. Esse é um ato de amor.
Há outra possibilidade mais perto de você, na sua cidade, no seu bairro. O que não falta é gente que precisa de ajuda e não necessariamente a financeira. A dupla Bruno e Marrone, na canção “Apenas um sorriso”, diz que “um sorriso muda tudo, um sorriso muda o mundo”. A Demi Lovato diz a mesma coisa de Bruno e Marrone e acrescenta: “Não deixe o mundo mudar seu sorriso”. Então sorria, contagie com sua alegria. Mas, se ainda assim desejar e puder dar uma ajuda financeira, procure os responsáveis pela Creche Maria de Lourdes Gomes, em São Cristóvão, cujo prédio é da Loja Maçônica Clodomir Silva, combine um horário e vá até lá. Brinque com as crianças, vire criança também. Isso é um ato de amor.
Ao longo dos tempos, os poetas se debruçaram a discorrer sobre amor. Um dos mais fantásticos foi, sem dúvida, Luiz Vaz de Camões, e um dos mais famosos poemas é “Amor é fogo que arde sem se ver”. No Brasil, a banda Legião Urbana compôs Monte Castelo, em que retira trechos deste poema de Camões e da Bíblia, quando o apóstolo Paulo, em Coríntios 13:1, diz que “ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”.
O psicanalista e escritor alemão, Erich Fromm (1900-1980), diz que o amor se faz com aprendizado, definição totalmente diferente daquela que diz que o “amor acontece”. Como as outras artes, o amor deve ser aprendido até que cheguemos ao grau da maestria. Ele diz o seguinte: “O amor é uma atividade, e não um afeto passivo; é um “erguimento” e não uma “queda”. De modo mais geral, o caráter ativo do amor pode ser descrito afirmando-se que o amor, antes de tudo, consiste em dar e não em receber.”
Na Maçonaria, lembremo-nos da trolha, ferramenta que na prática tem papel de aplicar a argamassa para promover a junção entre as pedras. Moralmente, é a ferramenta que ressalta que necessidade do amor e da tolerância entre aqueles que estão unidos pelos fundamentos da maçonaria. Num tempo tão dissonante como este, cheio de intolerância, precisamos do amor um do outro para não cairmos no abismo da ignorância. O desbaste da nossa pedra bruta é algo constante. Por isso e por amor, entre nós não existe o verbo desistir.
Deixo para reflexão, também, dois trechos do poema “A você, com amor”, de Vinicius de Moraes:
“O amor é a memória que o tempo não mata, a canção bem-amada feliz e absurda…
O amor é Deus em plenitude/ a infinita medida/ das dádivas que vêm com o sol e com a chuva/ seja na montanha/ seja na planura/ a chuva que corre/ e o tesouro armazenado /no fim do arco-íris.
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(*) Diretor de Jornalismo do Só Sergipe e maçom da Loja Clodomir Silva, atualmente, exercendo o cargo de secretário.