Uma das maiores máximas quando se fala de investimento diz que o dinheiro deve ser visto como um funcionário, que trabalha para você incansavelmente.
O problema é que hoje em dia temos muitas histórias de pessoas que são escravas do dinheiro, ou seja, passam sua vida toda correndo atrás de dinheiro e tudo o que conseguem queimam e nem sabem em quê.
E o pior é que esse é o maior tipo de escravidão, pois a pessoa fica limitada a um emprego que lhe gere a renda necessária e se acontecer alguma coisa que tire essa renda, mesmo que por um curto período de tempo, ela fica desprevenida e possivelmente passando necessidades.
Daremos aqui dois exemplos relacionados à famosa frase de George Bonh que diz: “Dinheiro é um bom funcionário, mas um mau patrão”
1° Caso – Dinheiro Como Patrão
Imaginemos um caso de um médico anestesista, vamos chamá-lo de José, que ganha pela cooperativa o valor de R$ 10.000,00 por mês, e sem se preocupar gasta totalmente esse dinheiro. Acontece que depois de cinco anos trabalhando para a mesma cooperativa, essa tem um problema e passa vários meses sem poder pagar aos anestesistas conveniados.
Como José não se lembrou de investir nada, acaba ficando sem renda até que a cooperativa possa voltar a pagar, que ninguém sabe quando vai ser. Logo, para se manter, José tem que vender bens que conquistou e até pegar empréstimos a altos juros e o pior, para gastar no dia a dia.
Nesse caso José deixou o dinheiro comandar sua vida e ditar as regras, deixando-o desprevenido e endividado, o que realmente não é bom, inclusive para a própria autoestima.
2° Caso – Dinheiro Como Funcionário
Imaginemos agora que José, do exemplo anterior, resolvesse guardar R$ 3.000,00 por mês de sua renda, ainda teria R$ 7.000,00 para gastar com o que quisesse. Mas José, sabendo que o dinheiro deveria lhe servir como bom funcionário, buscou formas de investimentos seguras e diversificadas que lhe ofereciam uma rentabilidade de 1% ao mês.
Cinco anos após José começar a trabalhar na cooperativa, ela teve problemas e não pôde pagar a seus funcionários por vários meses. Como José tinha feito uma boa reserva, ele observa quanto tem agora para se manter sem precisar vender nada ou pegar emprestado.
Em cinco anos investindo R$ 3.000,00 por mês a uma taxa de 1% ao mês, José acumularia o total de R$ 245.009,01. Se ele tirasse somente os R$ 7.000,00 que ele usava todo mês, estaria seguro por 35 meses, ou quase 4 anos, podendo assim ficar mais tranquilo quanto ao tempo em que a cooperativa poderia demorar a pagar novamente seus cooperados.
Vemos aqui o típico caso de dinheiro como funcionário. E que funcionário, não?
Podemos adiantar ainda que essa estratégia não serve somente para quem tem alta renda, pois se, por exemplo, José ganhasse somente R$ 1.000,00 (mil reais) por mês, utilizasse R$ 700,00 para seus compromissos financeiros (incluindo já lazer) e investisse R$ 300,00 (trezentos reais) por mês a uma taxa de 1% ao mês, no final de cinco anos ele teria R$ 24.500,90. Isso poderia garantir também, em momentos de crise financeira, quase 4 anos da renda que ele está acostumado (R$ 700,00 por mês).
A dica aqui é saber quanto a pessoa gasta de sua renda para viver bem e guardar o excedente disso em algum investimento que em longo prazo possa mostrar sua força. Isso pode ser feito por quem ganha um salário mínimo ou qualquer outro valor, tudo é questão de saber se a pessoa pretende que o dinheiro seja seu patrão ou seu empregado.
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.