Hoje, 1º de maio, completam exatamente dois anos que a vida do recepcionista de hotel, Agnaldo Santos, 32 anos, começou a mudar para melhor depois de uma experiência trágica. Quando seguia de moto em direção ao trabalho, naquele Dia do Trabalhador de 2015, ele foi colhido por um carro na avenida Tancredo Neves. Teve traumatismo craniano, os médicos acharam que ele poderia ficar paraplégico, mas ele ficou bom e, 10 meses depois, após tratamento, começou a fazer corrida de rua e colecionar vitórias.
Antes de descobrir a corrida como esporte predileto, Agnaldo jogava futebol, vôlei e handebol. Isso lhe deu condicionamento físico que o ajudou a se recuperar. “O médico falou que minha sorte foi ter uma vida de atleta. Não tive grandes problemas, apesar do medo que ele teve de que eu ficasse paraplégico. Meu pescoço estava bem inchado. Ficou maior que minha cabeça. Depois da cirurgia, os médicos me disseram que a coluna cervical não foi atingida. Eles fizeram o teste da agulha e eu reagi muito bem”, contou.
Agnaldo passou 14 dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e outros 22 na enfermaria do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), para onde foi levado após o acidente. Ao receber alta, Agnaldo teve que reaprender a andar e a ajuda do primo e atual treinador, Celso Fernandes, foi fundamental. “Como eu estava muito debilitado, não conseguia andar direito. Quando dava as passadas, minhas pernas tremiam muito. Celso sempre ia me visitar em casa. Ele fazia alongamentos, exercícios e começou a caminhar comigo. Quando comecei a ter fortalecimento nas pernas, fazíamos um trote bem leve e aí eu fui desenvolvendo”, lembrou. Mas não foi uma tarefa fácil. Foram 10 meses de treinamentos.
O resultados foram muito bons, que quando Agnaldo conseguiu liberação do Serviço Único de Saúde (SUS) para iniciar o tratamento fisioterápico, não precisava mais. E aí, exatamente no dia 1º de maio de 2016, um ano após o acidente, ele participou da primeira corrida – a do Trabalhador – ficou em quinto lugar na categoria e percorreu os oito quilômetros da prova em 32’55’’. De lá para cá, Agnaldo esteve na Corrida dos Bancários, ficando em terceiro lugar; e, recentemente, o segundo lugar na corrida de Revezamento na Corrida do Colégio Salvador.
Outro acidente – O atleta também se inscreveu na Meia da Conceição, tradicional corrida que acontece anualmente no dia 8 de dezembro, mas um novo acidente de moto, em novembro, barrou seus planos. Um carro atravessou-lhe o caminho, ele teve um corte profundo no joelho esquerdo. “E fui levado para o Huse, fizeram um exame e constataram que não houve lesão nos ossos e nem nos ligamentos”.
O retorno aos treinos só ocorreu em janeiro deste ano. Além da corrida, ele faz musculação para fortalecimento na Academia Corpo São, sob os cuidados dos professores Edvaldo Bezerra e Andrés Soto. “Agora é seguir em frente na corrida e já tenho planos para este ano”, disse.
Nos planos estão quatro meias maratonas: no dia 14 de maio, ele participará Asics Golden Run, em Salvador; Corrida da Serra de Itabaiana, em julho. Em setembro, Farol a Farol, no dia 3 de setembro, em Salvador; e a Meia da Conceição, em dezembro.
“O esporte salvou minha vida. Naquele 1º de maio de 2015, não tinha médico no momento em que cheguei no Huse, não havia leito disponível na UTI e houve demora no meu atendimento. Perdi muito sangue. Mas minha condição física ajudou muito”, acredita.
Além das corridas, Agnaldo pretende retomar o curso de Letras com Inglês, na Fanese. “Uma língua estrangeira é bastante importante no meu trabalho”, reconhece. Mesmo com todos os percalços que teve com a moto, Agnaldo ainda pilota uma. “É uma necessidade, embora seja mais seguro andar de ônibus. Penso em comprar um carro, mas não agora. Depois dos acidentes, a atenção ao pilotar é redobrada”, garante.
Então, Agnaldo, muita atenção e bons treinos.