Os 10 dias que abalaram o Brasil, com a greve dos caminhoneiros que paralisou a economia do país, deixaram uma percepção muito forte para o deputado federal Laércio Oliveira, do Progressista, e uma certeza: “o governo do presidente Michel Temer chegou ao fim, vai cumprir só prazo, mas não tem mais nada para fazer”. Ao fazer uma análise, não só da situação política do Brasil, mas também da econômica, já que os prejuízos financeiros foram enormes. O deputado avalia que os problemas estão apenas começando e a conta será paga por todos. O parlamentar foi a favor da greve e observou que a mobilização foi apartidária, embora no final, algumas entidades tenham tentando pegar carona.
Diante do cenário político brasileiro, Laércio, 59 anos e pré-candidato a reeleição, frisou que essa será uma eleição presidencial difícil. E que, embora alguns petistas ainda sonhem com o ex-presidente Lula como candidato, não há mais chances para ele, pois a “prisão encerrou qualquer pretensão que ele venha a ter”. Também não será fácil para o presidente Temer que, diante da pecha de golpista não vai conseguir eleger seu candidato, o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meireles. “Esse já está perdido”. Nem mesmo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que se apresenta como pré-candidato poderá ter sucesso. “Existe uma conversa iniciada de apoio do Progressista a Rodrigo Maia, que mal aparece nas pesquisas. É uma campanha que pode avançar, mas existem muitas incertezas na candidatura dele”, observou.
Apoiando em Sergipe o governador Belivaldo Chagas e à disposição do Progressista, Laércio Oliveira sabe que no momento em que iniciar a campanha visando a permanência na Câmara Federal, a oposição, fatalmente, vai discursar contra os projetos dele em favor da terceirização. Para ele, os partidos de esquerda foram para as redes sociais criticar os projetos sem conhecê-los, por isso, nos debates que tem com os trabalhadores, Laércio aproveita para explicar, tirar as dúvidas e mostrar que ninguém saiu prejudicado.
Na sexta-feira, à tarde, ele recebeu o Só Sergipe em seu gabinete, na Federação do Comércio (Fecomércio), entidade da qual é presidente, e numa longa conversa, falou da situação política brasileira e local, além de explicar alguns pontos do projeto da terceirização e reforma trabalhista que, na sua visão, estão sendo benéficos para toda a população.
SÓ SERGIPE – Tivemos a greve dos caminhoneiros, um movimento forte que parou o país. Qual a sua análise diante desse fato?
LAÉRCIO OLIVEIRA – Primeiro, a reivindicação dos caminhoneiros é justa, desde que tenha os parâmetros daquilo que deseja alcançar. Foi um movimento que alcançou seus objetivos: paralisar o país durante alguns dias com reflexos para toda a sociedade. É claro que isso chamou a atenção de todos os brasileiros, e a maioria, mesmo que prejudicada, apoiou a categoria porque enxergou que havia razão suficiente para aquilo que acontecia. O dono de um caminhão, quando levanta os custos de um frete, prova que não existe ganho de nada. Esse foi um fato que trouxe para perto dos grevistas certo apoio, tanto que vimos pessoas levando alimentos para eles. Isso é um aspecto que deve ser considerado.
SS – E que outro aspecto o senhor observou também?
LO – Se enxergou o descrédito do governo para com o movimento, pois acordos foram firmados e os caminhoneiros não encerraram a greve. Demonstrou uma fragilidade do governo, que não tem uma credibilidade ao dizer: pode parar, pois eu posso atender isso e isso, acabar o movimento e o país voltar a normalidade. Isso foi feito e divulgado no sétimo dia de paralisação, mas ela durou 10 dias.
SS – Tem outro detalhe que o senhor percebeu nessa paralisação?
LO – Temos que ter um espaço sempre aberto para entender o clamor das categorias organizadas, tentar construir uma linha de ação que seja benéfica para as duas partes. Sou adepto de movimento como esse que quando precisa acontecer respeita o direito do cidadão de poder ir e vir para onde quiser. Não comungo com movimentos que bloqueiam a rodovia e não passa ninguém, fecha todos os – locais e ninguém tem acesso a nada. Aí, você está causando um mal estar para aqueles que não têm nada a ver com aquilo que você está defendendo. Parece-me que no movimento dos caminhoneiros isso não aconteceu e foi uma atitude louvável. Tem outro aspecto que me chamou a atenção.
SS – Qual foi?
LO – Foi o fato desse movimento não ter uma bandeira de entidade de classe ou partidária. Estava tudo fora. Era um movimento de uma categoria que se organizou dentro dela própria. Claro que a gente ouve alguns comentários falando que tinham empresas por trás alimentando o movimento. Isso, inclusive os órgãos de fiscalização do governo estão fazendo uma análise para ver o que de fato aconteceu. Mas a gente precisa reconhecer que foi um movimento bem organizado, que trouxe e trará consequências sérias para a economia do país nos próximos 90 dias. O prejuízo é de uma ordem de grandeza estúpida, num momento em que o Brasil vinha tentando preservar o mínimo possível de crescimento – 0,1% do PIB. Somente o país ter saído de atividade dos seus indicativos, já demonstrava certa reação da economia com vistas ao futuro, com o aquecimento da indústria, a consolidação do agronegócio, comércio e serviços tentando reagir a indicativos tão negativos em pontos anteriores, e a gente sentia a retomada da seta para a ascendência.
LO- As lojas e supermercados estão desabastecidos de um modo geral. Tem o faturamento feito de determinadas compras pela dinâmica do próprio comércio e dos serviços e esse produto não chegou, ficou 11 dias parados na estrada. Estamos computando assim: são 15 dias do produto sem estar na prateleira, mas a nota fiscal já chegou e isso vai trazer consequências. E outra coisa: a tributação em cima dessa fatura já existe e isso vai trazer atropelos para o comércio. Deve-se viver, nos próximos 90 dias, um momento de muito desequilíbrio dessa relação comercial existente. Mas tira-se uma lição.
SS – Que lição?
LO – De que o governo precisa, definitivamente, encontrar uma forma de aliviar o peso dos impostos perante a sociedade. Quando falo nela me refiro a empresarial e ao cidadão que acabam pagando por tudo isso. Ficou evidente que existe um estoque enorme de insatisfação em diversas categorias. Outro ponto: nós precisamos criar outros modais em nosso país. O transporte rodoviário é importante, mas ele não pode ser o único porque, quando se bloqueia ela, o país fica refém dele.
SS – O governo ficou muito desgastado nessa greve e diversos analistas políticos disseram que o governo Temer acabou. É como aquele time de futebol que já perdeu o campeonato, mas tem que jogar para cumprir a tabela. Qual entendimento que o senhor tem? O governo Temer já acabou?
LO – Já. O governo Temer chegou ao fim, vai cumprir só o prazo, mas não tem mais nada para fazer. Quando se começa a fechar portas, é muito delicado. Se sustenta quem tem um governo forte que decide e impacta positivamente no próximo. O governo Temer não tem o que influenciar positivamente, não tem credibilidade para ser referência para novos governos que chegam. Avalia-se até que a presença ou marca do governo Temer para os pré-candidatos que disputarão é um inibidor de votos.
SS- Então, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meireles, pré-candidato a presidente pelo MDB, já está perdido?
LO – O ex-ministro já está perdido. Esse é um exemplo que aplica-se muito bem a esse fato. O governo Temer tem seus méritos, por ter feito reformas importantes no País, começando a tirá-lo da instabilidade. Uma conquista do limite do teto de gastos públicos foi importante; preservação de alguns programas sociais importantes para a sociedade brasileira e, infelizmente, nós temos a maioria da população que depende de políticas públicas deficientes. Não teve ambiente para fazer a reforma da previdência, o que é lamentável. É um governo que não conseguiu descolar da marca de ter sido resultado de um golpe. Não se conseguiu apagar essa marca dentro do governo dele. E com os episódios que vem ocorrendo nos últimos tempos, culminando com a greve dos caminhoneiros, o filmezinho passou. No domingo que ele fez o pronunciamento, vimos as panelas batendo em várias partes do país.
SS – Mas as panelas estavam quietas e só batiam contra o governo Dilma. Parece que o povo acordou…
LO – As panelas batendo são um indicativo de que a rejeição aumenta consideravelmente. É um governo que não pode chegar a nenhum lugar público, a não ser que combine com a plateia, e vira motivo de vaias e outras coisas que não condizem muito com comportamento do brasileiro, mas ele enxerga nisso aí uma possibilidade de reagir. É a forma de dizer que não está satisfeito com nada disso que está acontecendo. O governo acabou e nós precisamos pensar o que queremos para o Brasil em 2019.
SS – O senhor que está em Brasília com os seus colegas parlamentares, sejam eles de oposição ou não, que clima o senhor captou entre eles?
LO – O clima é de fim de feira, fim de festa, não tem como avançar mais. Tanto faz situação como oposição. Você vê que o Congresso está atordoado sem saber o que vota: as medidas provisórias ou não. A oposição continua não deixando trabalhar, obstruindo todas as pautas que o colégio de líderes aponta para votar. Existe uma incerteza de tudo, de quem será o nosso próximo presidente. Não se sabe para onde o país caminhará e quem será o condutor do novo Brasil. E já adentramos em junho.
SS – E seu partido, está caminhando para que tendência?
LO – O Progressista tem uma postura mais de centro. Existe uma conversa iniciada de apoio a Rodrigo Maia, que mal aparece nas pesquisas. É uma campanha que pode avançar, mas existem muitas incertezas à candidatura dele. Ele se apresenta, mas é um caminho longo e difícil. Em tão pouco tempo que falta, não sei se ele vai conseguir se apresentar como uma solução.
SS – Estamos num país judicializado e se aguarda, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) uma posição com relação à candidatura de Lula ou não. Vamos ter que aguardar uma posição do STF para ver como serão as eleições presidenciais?
LO – Precisamos lembrar de Lula como ex-presidente da República. A situação dele para as próximas eleições é insustentável. A prisão trouxe para Lula um cerrar de portas com relação ao futuro político dele. Acho que, entre os próprios pares dele, já existe uma consciência com relação a isso. Só vem deles mesmos o bradar para dizer que ele será candidato. Se você me perguntar se Lula é um candidato forte, sinceramente, eu não acho, porque existe um clamor da sociedade de passar o país a limpo, de melhorar muito a imagem do Brasil quando se fala em mal feitos. Lula está envolvido nesse contexto. A sociedade não aceita mais políticos com essa postura e Lula está inserido nesse contexto. A prisão, na minha opinião, encerrou qualquer pretensão política que ele venha a ter. Se ele tivesse a condição de disputar, não acredito que venceria as eleições.
SS – Saindo da politica nacional, vamos falar de Sergipe. O senhor é pré-candidato à reeleição, mas já sabe que quando lançar seu nome oficialmente, será alvo de críticas por causa de seus posicionamentos durante a reforma trabalhista.
LO – Temos consciência desse papel, mas vale a certeza do dever cumprido e do bem causado ao país. Temos também para explicar a aqueles que querem ouvir, todos os benefícios que minha ação na defesa da terceirização e da reforma trabalhista promoveu para o país. É muito legal, quando analisamos os dados. A terceirização foi sancionada no dia 31 de março de 2017 e um ano depois, pegamos os indicadores e percebemos que, nessa data, o Brasil gerou positivamente 300 mil empregos. Aí você retroage há um ano e vê que o Brasil perdeu um milhão de postos de trabalho. Claro que eu queria, ao completar um ano, ter 1 milhão de empregos gerados, mas estamos diante de um país que vive um processo quase de recessão. Então, eu preciso explicar às pessoas: se a terceirização não tivesse sido aprovada, de março 2017 a 2018, o Brasil teria perdido mais de 1 milhão de empregos também. Mas não. O Brasil deixou de perder e passou a gerar 300 mil empregos. Ter a certeza de que seu esforço e seu trabalho gerou uma melhora no emprego no país é por demais gratificante. O que entristece é a falta de compreensão da sociedade. E temos um detalhe muito importante que guardamos para conversar com as pessoas.
LO – Tudo que foi semeado sobre a terceirização, foi feito pela esquerda de forma muito injusta. Muita mentira foi dito à sociedade ou publicada nas redes sociais. E a sociedade surfou nessa onda de desconstrução da modernização que as relações de trabalho sofreu. É comum dizer que é uma injustiça que o trabalhador hoje só tem uma hora de intervalo para almoço e antigamente eram duas. Eu perguntei em vários auditórios onde fiz debate: me diga um direito do trabalhador que foi tirado e ninguém me fez um enfrentamento para explicar. Então surgiram várias mentiras. Por exemplo: que as férias seriam pagas em 10 vezes, que os trabalhadores perdiam o seu intervalo de almoço, e não foi isso que aconteceu. Tanto as férias como o intervalo foram consolidadas, através de lei, o direito do trabalhador de poder dividir as férias em três vezes, a critério dele. E no primeiro período, ele receber as férias inteiras. Na prática, muito disso já existia [de dividir as férias] mas o empregador tinha receio de fazer porque estava descumprindo a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e aí o trabalhador passou a ter a liberdade de pactuar isso com seu patrão. E a questão da jornada, era apenas para, nos grandes centros, as mães reduzirem a sua jornada de trabalho em uma hora, para sair uma hora antes, para chegar mais cedo em casa, ter o direito de buscar o filho na creche, etc. Antes, a CLT só dizia que era jornada de 44 horas semanais: das 8 às 12 e das 14 às 18. E se o empregado pactuar com o patrão: ao invés disso, eu fico das 12 às 13 e às 13 reassumo meu trabalho e saio uma hora antes? Que mal eu trouxe para o empregado? Mas a guerrilha de esquerda publicou nas redes sociais que estava tirando os direitos dos trabalhadores.
SS – E hoje, você pode trabalhar em casa. O chamado home office…
LO – Isso. E o trabalho intermitente foi outra grande conquista, que foi um projeto de minha autoria. Isso acabou com o bico. Quantas e quantas pessoas eram contratadas para prestarem serviço de um ou dois dias, que era o acerto e o pagamento, e sem direitos? A jornada intermitente apenas arrumou isso de forma legal: o patrão estava protegido, porque assinava um contrato e estava obrigado a recolher todos os direitos, se protegia até um acidente com o trabalhador. E o trabalhador está protegido porque recebe todas as garantias, mesmo trabalhando um dia por semana somente. E o Estado, porque recebe a Previdência. O trabalhador perdeu em quê? Sabemos que existe esse desgaste, mas me alegra quando converso com grupos de trabalhadores, explico e entrego uma cartilha [Reformar para desenvolver: Lei da Terceirização e Reforma Trabalhista] para eles lerem.
SS – E a questão das grávidas, com relação à insalubridade? Isso gerou polêmica também.
LO – A esquerda bateu muito dizendo que a lei obrigava a mulher grávida a trabalhar em lugar insalubre. Não é isso. A lei diz que a grávida, para não perder o percentual que tem direito por trabalhar em área insalubre, pode continuar trabalhando, desde que traga um atestado do médico dela. Preservou o direito.
SS – Falamos inicialmente da posição do seu partido nacionalmente e de suas pretensões enquanto pré-candidato o que desencadeou suas explicações sobre seus projetos na esfera trabalhista, diante dos ataques que sofreu da esquerda. Quero agora, para encerrar, saber dos seus entendimentos políticos na esfera estadual, já que o senhor e seu grupo apoiam o governador Belivaldo Chagas.
LO –De fato, sou da base do governo. Tenho um alinhamento e acredito na vitória do governador Belivaldo Chagas. O Progressista faz parte dessa base e até agora nós temos tido uma participação forte nessas conversas. Tenho muita tranquilidade em dizer que estamos pavimentando caminhos de futuro para nosso Estado e consciência de que meu papel, enquanto deputado federal, é auxiliar esse processo. E tenho colocado meu nome à disposição do nosso bloco para qualquer conversa que promova o fortalecimento do nosso agrupamento político, sem nenhuma exigência de nada. Quem quer vencer precisa colocar-se dentro do processo como parte. Então, meu nome fica disponível para qualquer cargo que seja possível, desde que essa escolha seja fruto de um entendimento entre todos e que esse movimento promova o nosso fortalecimento. Eu quero vencer. Quero participar de um grupo forte. E um grupo forte se instala a partir da renúncia de cada um do seu eu. O que vale é o nós. Construo meu momento como pré-candidato a deputado federal, mas não tiro do horizonte a possibilidade de disputar um cargo de senador, governador, vice, qualquer coisa. É uma construção coletiva que temos que fazer. Vou caminhando dentro do sentido de construir minha reeleição.
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