Por Germano Viana Xavier (*)
O livro “Receita para se fazer um monstro” foi o vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2016 na categoria Contos. O compêndio do escritor e professor garanhuense Mário Rodrigues decerto que mais lembra – ou se confunde com – um romance aos moldes de um folhetim, já que os textos estão dispostos como cápsulas em composição de um aglomerado narrativo por demais particular e que segue uma linha tênue acerca das peripécias de uma criança em formação e incrivelmente insólita. Porém, como sabemos, tais definições de gênero são bastante difíceis de serem construídas e taxá-lo – o livro – como sendo uma coletânea de contos não é deveras um equívoco.
O menino-monstro – ou com exagerado senso de humanidade -, personagem principal em todo o enredo, não tem nome e nem sente compaixão. A sua maldade, quase sempre crua e ao mesmo tempo ingênua em sua elaboração e posterior análise pré-consciência, é a marca-mor de seu caráter. Maldade que é ruindade mesmo, outros podem salientar. Ambientado no universo dos anos 80 do século XX e com referências diretas a tal época, o livro consegue transportar o leitor para dentro do corpo e da alma do protagonista, o que faz com que o interlocutor receba, também sem dó, uma enxurrada de golpes e de rasteiras morais, estéticas e éticas.
Em princípio, o conto pode bem servir para a distração e, também, para o ensino. Assim suspeitamos. Os contos sobre o “monstro-menino” fazem isso, divertem e ensinam. Muito bem elaborado, e com uma linguagem cruzada de informações que se trocam no presente-passado e no seu inverso, nada no livro parece ficar sufocado ou encoberto. A dimensão da escrita é a da realidade e não a da órbita do que não existe. Por isso mesmo, choca, desnuda em nós uma intempérie momentânea e no fim de tudo, obriga-nos a uma espécie de dissecação interior… afinal de contas, quem nunca cometeu uma perversidade na vida e, principalmente, no período da infância?
Após lida a metade da totalidade da obra, a sedução não sofre corte abrupto em sua essência e somos convidados a encerrar dignamente a leitura só depois da última linha escrita. Findada, pois, eis o milagre: o manto diáfano da fantasia em desabrochares de espanto e, também, de encantamento. Perguntamo-nos: Como pode? É mesmo possível uma criatura nesses moldes? E o escritor, de que maneira fora inspirado? Terá vivido tudo ou parte daquilo quando ainda infante?
Sedução por sedução, de nada valeria o esforço e a empreitada. O livro tem mais conquistas do que perdas. O que importa é o que resta, o que vale mesmo é o que o livro revela. E nesse quesito, não há dúvidas, “Receita para se fazer um monstro” cumpre bem o seu papel e mereceu o lugar de destaque que alcançou. Um livro que pode ser observado e lido a partir de inúmeros prismas, a começar pelo do nosso próprio umbigo ou pelo do nosso baú de memórias de maldade. Que tal o desafio? Vai encarar?
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