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O Nosso Rei – Som da História

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Neu Fontes (*)

Roberto Carlos tem muita influência na minha carreira musical. Minha mãe sempre adorou ouvir as músicas do Rei desde a jovem guarda até hoje. Ouvíamos na radiola Empire, ou nas emissoras de rádio as músicas de Roberto, “Não Quero Ver Você Triste; Lobo Mau; Como É Grande o Meu Amor por Você; Por Isso Corro Demais; Quando e De Que Vale Tudo Isso”.

Cresci assistindo a filmes como:Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968); Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa (1970); Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora (1971)”.

A minha primeira experiência cantando solo foi em um evento do Colégio Sagrado Coração de Jesus, e para alegria da minha mãe cantei Jesus Cristo e a Montanha, dois sucessos do Rei Roberto Carlos.

Por todo o Brasil muitos queriam imitar o rei. E apareceram muitos covers e imitadores. Em Sergipe não era diferente, mas tinha um que era ímpar em disseminar as artes do Rei e o destaque foi maior.

As qualidades elogiosas que ouvia do cover de Roberto vinham de meu pai, que conversava e vivia comentando sobre um rapaz de Capela que tinha ouvido cantar no programa Roteiro das Onze, apresentado por Reinaldo Moura e no Domingo em Festival, apresentado por Luiz Trindade, na rádio Cultura.

Ainda muito criança ouvi, lá em casa, uma passagem quando esse novo cantor fez sua estreia pela primeira vez em Aracaju. “Durante uma festa no Hotel Palace, em Aracaju, onde a banda Los Guaranis se apresentava. Ele foi como “penetra” e ainda pediu uma “canja”. Cantou a música “Coração de Papel de Sérgio Reis e foi muito aplaudido”.

E não demorou muito a fazer sucesso. Foi convidado para ser crooner da banda da cidade de Lagarto, Los Guaranis. Lá ele ganha o título de Roberto Carlos sergipano, pois além de cantar muito bem, parecia fisicamente com o Rei.

O nome desse capelense nascido em 1948: Roberto Alves. E junto com Los Guaranis construiu uma estrada de sucesso entre os anos de 1967 indo até 1974.

Infelizmente nunca pude assistir a nenhuma apresentação deles juntos, pois a idade não permitia de participar dos bailes da cidade.

Mas, em 1970 na inauguração do Batistão, eu com meus 10 anos, fui com meu pai para ver o Luiz Gonzaga na rádio Liberdade, e lá vi pela primeira vez o Roberto Alves cantando com Luiz Gonzaga, acompanhados pelo Los Guaranis. “Maracanã na Guanabara, Mineirão, Minas Gerais, Beira Rio, Rio Grande…”. Hino do Batistão, composição de Hugo Costa. O crooner eclético Roberto Alves cantava de tudo, da jovem guarda ao forró.

Com o sucesso Roberto Alves se arriscou em voo próprio e montou a “Banda R Som Sete”, em setembro de 1976. Mas, o destino mudou o curso da história. Acontece uma tragédia em sua vida, a Kombi que ele mesmo vinha dirigindo, ao sair de um baile, sofreu um acidente, na qual o cantor faturou a coluna cervical.

Lembro-me que meu pai chegou contando e muito triste disse: “Perdemos o nosso Roberto Carlos sergipano”. Engano do meu pai, pois Roberto Alves, superou todos os problemas e voltou a cantar, uma vitória do ser humano e da música que ele sempre amou.

Acompanhei de longe a carreira musical de Roberto e seus sucessos, como “Meus traumas, meus sonhos”; “Motorista de Taxi”, que tocava muito nas emissoras de rádio.

Disco de Roberto Alves

Em 1984, tive a oportunidade de conhecer Roberto Alves pessoalmente, apresentado pelos amigos Teotônio Neto e Jorge Lins. Roberto estava gravando pela Continental um novo disco com produção do Teotônio e arranjos do Maestro Cipó. Eles queriam a música da minha autoria em parceria com Jorge Lins “Na mira do Luar” para gravar no novo disco. Claro que permiti, pois seria a minha primeira canção gravada por um grande artista, e que já era o favorito da minha casa. A música era um xote e com o arranjo do Maestro Cipó se transformou em um foxtrot, ou fox-trot. Anos depois Roberto grava em xote no original.

Dessa canção começou a nossa convivência musical. Fizemos muitos shows em campanhas políticas, carnavais e festas juninas, dividindo palcos com inúmeros artistas locais e nacionais.

A cada show que assistia, minha admiração aumentava, não só pela força humana que era estar de pé cantando e encantado a todos, como pelo amor e profissionalismo com que ele exibiu e cobrava de cada um no palco.

Além disso, o maestro dele era um amigo de infância no Salesiano, o talentoso e gente boa Jorge Roberto, um violonista de primeira linha da música de Sergipe.

Roberto Alves: superação

Foi com Roberto Alves que descobri que superação não tem nenhuma ligação com deficiência. Ele subia no palco e cantava com toda sua força e talento, sem se preocupar com sua deficiência corporal, pois não atrapalhava seu cantar, era só um problema do corpo.

Às vezes, no entusiasmo da interpretação musical, sua muleta escorregava e seu corpo ia ao chão, ele recusava ajuda, e levantava-se sozinho dizendo: “Isso faz parte do jogo”, e continuava a cantar, às vezes, melhor ainda, se isso fosse possível… Roberto Alves gravou diversos discos entre Compacto, LP, CD e DVD; do primeiro em 1979, Meus Traumas, Meus Sonhos; Roberto Alves, Em nome do Pai, em nome do amor; Motorista de Taxi; Monte Carmelo; Anjo Sedutor; e seu último lançamento Roberto Alves – 50 anos de música.

Roberto Alves construiu uma carreira de sucesso e de exemplos profissionais. Nunca desistiu! O amor à música fez dele um vencedor! Um guerreiro de alma, com uma voz de anjo e um ser humano iluminado. O nosso Rei!

(*) Neu Fontes é  diretor de  Comunicação da Assembleia Legislativa de Sergipe, músico, compositor, publicitário e gestor cultural.

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