Como o brasileiro se comporta eleitoralmente no âmbito dos 2° turnos dos pleitos presidenciais? Qual tem sido a sua conduta nesses eventos? Ele tem sido volátil e errático ou constante e coerente em suas escolhas?
Ocorridas em 1989, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, as disputas em 2° turno permitiram a vitória de candidatos de Direita em duas situações: Collor de Mello, na primeira disputa, e Jair Bolsonaro, nessa última. Nas outras quatro edições, com duas vitórias para Lula da Silva e outras duas de Dilma Roussef, a Esquerda fechou a conta e passou a régua.
Ressalte-se que, nos anos de 1994 e 1998, com a candidatura de Fernando Henrique, a Direita ganhou a parada em 1° turno. Nesse caso, a ausência de triunfos logo nesse estágio para os candidatos esquerdistas é um dado que não se pode desprezar.
Outra constatação é a de que esses pleitos arrastam multidões para as seções eleitorais, algo em torno de 80% do eleitorado ou, de modo análogo, 67% da população residente do país. Em 2014 e 2018 essa marca chegou a 79% do eleitorado e a quase 71% do total de habitantes.
Isso coloca o Brasil à frente de países como Alemanha, Espanha e França quando o assunto é participação eleitoral, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Geralmente, é preciso 42% do eleitorado total para se vencer um 2° turno. Nesse quesito, os maiores patamares foram alcançados por Lula da Silva, em 2002 e 2006, com a obtenção de 46% desse total. Por sua vez, os menores volumes de votos recebidos por um vencedor foram vistos por Dilma Roussef, em 2014, com 38% do eleitorado, e por Jair Bolsonaro, em 2018, com 39%.
Em média, os candidatos de Direita amealharam 35% do eleitorado em todas essas disputas. Quando venceram, o fizeram com 41% e quando perderam, foi com o voto de 32% do eleitorado apto a votar.
Já os candidatos de Esquerda receberam nessas etapas uma média de 40% dos votos em disputa. Sendo que nas vitórias essa proporção é de 43% e nas derrotas ela as recebe com 35% de todo o volume eleitoral.
Registre-se que, ao contrário do que se pensa, a preferência do eleitorado brasileiro é consideravelmente constante. Tanto, que o desvio-padrão do percentual de votos tanto da Esquerda quanto da Direita gira em torno de 5,45%.
De igual forma, também é bastante estável a conduta de quem prefere não dar um voto válido.
Nos segundos turnos, a média de votos não-válidos (brancos e nulos) é de 5% do eleitorado total e seu desvio-padrão é de 1%. Já a abstenção apresenta uma média de 20% do total de votantes e uma variabilidade de 3% em todos esses anos.
Isso sugere que o eleitor pouco varia o seu voto entre eleições, ou seja, ele é conservador em relação à sua posição política.
Basicamente, a história eleitoral do 2° turno, no Brasil, pode ser resumida a uma forte polarização entre os candidatos, a uma alta participação do eleitorado e a uma permanência dos perfis de escolha por parte desse mesmo contingente.
(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe
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