Quando falamos de investimentos em renda variável é comum que logo pensemos nos riscos de se investir nessa modalidade. Logicamente lembramos do risco, pois, já ouvimos histórias sobre alguém que perdeu dinheiro ao investir, principalmente na bolsa de valores.
É por ouvir falar que alguém perdeu dinheiro que normalmente temos medo de investir e/ou até mesmo de pesquisar algo sobre esses investimentos. Até o momento, o brasileiro se deu bem na renda fixa, por ser considerada de baixo risco e oferecer rentabilidades excepcionais. Existe algum problema nisso? Lógico que não, já que um bom investimento de renda fixa pode multiplicar tranquilamente nosso patrimônio.
No entanto, existe um problema em não entender por que a renda fixa no Brasil paga taxas tão elevadas, pois, isso acontece exatamente por ela ser considerada de altíssimo risco. Mas, qual o risco? Principalmente o de calote ou de o banco ao qual a pessoa tem um CDB quebrar. Mesmo tendo o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), existe a chance de o investidor perder algum dinheiro na renda fixa, por exemplo:
Um investidor que aloque R$ 300.000,00 (trezentos mil), digamos, no banco Itaú, só o faz porque acredita que o banco não vai quebrar. Com esse dinheiro o gerente oferece uma taxa de retorno maior que o normal, mas, por quê? Porque o investidor está em absoluto arriscando perder R$ 50.000,00 se o banco quebrar ou der calote. (lembremos que o FGC só garante até R$ 250.000,00).
Provavelmente nesse momento você pensou: bastaria o investidor alocar menos que R$ 250.000,00 e estaria seguro, mesmo sacrificando um pouco daquela rentabilidade especial oferecida pelo banco para quem aplicar acima desse valor.
Verdade, bastaria isso e ele controlaria em muito o risco. Agora paremos para pensar na seguinte hipótese: se o investidor teve que se preocupar em controlar o risco em uma aplicação de renda fixa, isso significa que ela tem alguns riscos embutidos. Sendo assim, por que consideramos o risco na renda variável mais complicado?
Antes de falarmos sobre isso, acredito ser interessante definirmos o que é risco: na linguagem usual do mercado, risco é a possibilidade de termos uma rentabilidade diferente da que esperamos no início da operação, podendo assim ser uma rentabilidade maior ou menor que a esperada, às vezes trazendo até mesmo prejuízos.
Existe essa possibilidade na renda fixa e na variável, o que faz com que nossa percepção da renda variável seja pior, é que conhecemos menos as formas de defesa que ela tem para o nosso capital e o fato de ela ter muito mais volatilidade que a renda fixa.
Todo ativo de investimento apresenta, inerente a si, risco e volatilidade, seja na renda fixa ou na renda variável. É exatamente por isso, e somente por isso, que eles podem gerar rentabilidade para nós.
Se no mercado financeiro tivéssemos a certeza que não correríamos nenhum risco de qualquer espécie, os bancos emprestariam às pessoas a juros quase zerados ou até mesmo a juros negativos. Os investidores não teriam motivo de existir, já que sempre seria melhor usar o dinheiro no momento atual e assim por diante.
Por fim, vamos voltar ao exemplo anterior do investidor. Seria mais arriscado para ele investir R$ 300.000,00 em um CDB do Itaú ou investir R$ 300.000,00 em ações do Itaú?
Pensemos um pouco!
Acertaria quem respondesse que nesse caso o risco é idêntico para as duas aplicações, o que muda realmente é a volatilidade. Mas, como? O que normalmente ocorre quando falamos de ações é que esquecemos que elas são parte do capital social de uma empresa e não fichas de cassino. Assim, se a ação cair muito é porque os investidores consideram que o banco pode dar calote ou quebrar e caso aconteça tanto a renda fixa quanto a variável saem penalizadas.
Mas as duas têm defesas. A renda fixa tem como defesa o FGC e a renda variável o Stop e as Opções (estudaremos isso em breve). Assim, o que realmente importa para o investidor de renda variável com alguma experiência não é o risco e sim a volatilidade.
Podemos definir volatilidade como: 0 quanto podemos ganhar ou perder em determinado momento pelas perspectivas do mercado.
No meu livro: Tesouro Direto: um caminho para a liberdade financeira explico em detalhes como podemos aproveitar a baixa volatilidade da renda fixa, para conseguir retornos maiores com os Títulos públicos do Tesouro Direto.
Sendo necessário entender que a psicologia do investidor de renda fixa e de renda variável são diferentes, devemos explicar que o investimento ideal para você é aquele que se adequa ao seu perfil de investidor. Não existe isto de investimento certo ou errado.
Para as pessoas que têm algum medo da renda variável, por estórias que escutaram, digo que essa série de cartas será de fato interessante, pois desmistificaremos muitos mitos sobre esse tipo de investimento que, normalmente, como todo mito, surge da falta de conhecimento.
Até a próxima e bons investimentos.
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.