Em 14 de abril de 2022, o ex-atacante Ronaldo assinou contrato e oficializou a compra de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro. Assim, o Fenômeno se tornou dono do departamento de futebol do clube mineiro.
Um mês antes, o executivo norte-americano John Textor já havia se tornado proprietário da SAF do Botafogo. Mais tarde, foi a vez de o Vasco finalizar acordo com o grupo de investidores 777 Partners.
Cruzeiro, Botafogo e Vasco são apenas os primeiros de um movimento que tende a se tornar regra no futebol brasileiro nos próximos anos. A seguir, explicamos por que os clubes tendem a virar SAF, como funciona esse modelo e quais os impactos. Confira!
O que é a SAF?
Nos últimos anos, as melhores casas de apostas esportivas têm feito grandes investimentos no futebol brasileiro. Entre os 20 participantes da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, 19 são patrocinados por esses sites. Porém, esses valores não têm sido suficientes para fornecer todos os esses recursos que os clubes esperam.
Para que os clubes consigam pagar as milionárias dívidas e possam fazer grandes investimentos em infraestrutura e, principalmente, na compra de jogadores, houve o avanço na lei da Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
A SAF foi criada pela Lei 14.193/2021 e promulgada em 6 de agosto de 2021. A nova legislação permite que os clubes de futebol sejam transformados em empresas.
Quais as diferenças entre o antigo modelo e a SAF?
Com a Lei da SAF, as antigas associações sem fins lucrativos dão lugar a sociedades com donos.
Na realidade, as associações civis, administradas por sócios, não desaparecem. Elas apenas passam a gerir somente os clubes sociais e outros esportes, enquanto o futebol fica por conta dos novos proprietários.
Para que um clube se torne SAF, é preciso seguir aquilo que está previsto nos estatutos de cada uma dessas entidades. Geralmente, o caminho passa pela aprovação no Conselho Deliberativo.
A venda da SAF pode ser feita de forma parcial ou total do futebol. A venda pode ser para empresários, grupos de investidores ou, até mesmo, pode ocorrer a abertura de capital na Bolsa de Valores.
Nas associações civis, os sócios elegem presidentes, que não são remunerados, para comandar os clubes por mandatos com prazos pré-determinados. Já na SAF, os donos ou acionistas majoritários têm poder de decisão definitiva.
Quais os principais impactos da SAF para o futebol brasileiro?
As principais vantagens da SAF para um clube estão relacionadas à organização financeira.
Há uma expectativa de que os novos proprietários façam mais investimentos para fortalecer as equipes, mas as principais vantagens são:
Regime tributário: cinco anos após a constituição, a SAF está sujeita ao pagamento mensal de um tributo unificado, limitado a 5% sobre as receitas mensais, exceto transferências de atletas. A partir do sexto ano, a alíquota cai para 4%, que incidem sobre todas as receitas.
Debêntures do futebol: a SAF pode emitir debêntures do futebol, um título de dívida. Assim, os torcedores podem comprar esses títulos, receber retorno financeiro e ainda ajudar os clubes a pagar despesas ou dívidas.
Quais clubes brasileiros já se tornaram SAF?
Entre os principais clubes do futebol brasileiro, Cruzeiro, Botafogo e Vasco foram os primeiros a serem vendidos para novos proprietários.
Porém, outros gigantes, como o Atlético Mineiro e o Bahia, já manifestaram intenção de seguir pelo mesmo caminho e negociarem com grandes grupos de investidores do futebol mundial.
Com esse novo modelo, menos engessado e mais atrativo, há uma tendência de que os clubes consigam atrair mais receitas, como a injeção de mais investimentos, como os realizados pelas casas de apostas esportivas.