O IPCA-15 (uma prévia de como será a inflação no fim do mês) para o mês de março ficou em 0,93% superando todas as expectativas dos economistas e, também, o maior para um mês de março desde 2015 (quando fechou em 1,23%).
Com isso, os economistas que compõem o relatório Focus estimam uma inflação no fim de 2021 na casa dos 4,81%, bem mais que o dobro da nossa Selic atual. Então o que podemos fazer para nos defender da inflação e, até mesmo, aumentar nosso patrimônio com as distorções que ela irá criar?
Como já venho avisando aqui no Só Sergipe em alguns textos, 2021 será um ano inflacionado com vias a afetar inclusive 2022. Isso se deve a diversos fatores como baixa produção e alto endividamento do governo.
Mas, nós como indivíduos podemos e devemos nos defender desses nefastos efeitos que a inflação traz para nossa saúde financeira. E para isso podemos partir de dois caminhos:
Devemos observar a forma como consumimos no nosso dia a dia e consequentemente reduzir nossa inflação pessoal. Para isso algumas dicas podem ser dadas:
Esses são alguns passos básicos, mas em suma você pode olhar todo o seu padrão de gasto e vê como reduzir ou ser minimamente afetado pelos aumentos ocasionais gerados pelo aumento natural dos preços.
Sempre falo para meus alunos do curso Educação financeira e Psicologia das Finanças que ter um bom orçamento, não é para que você não consuma o que quer, é na verdade essencial para que você consuma bem aquilo que quer.
Os investimentos são o que irão manter seu poder de compra nesse período ou até mesmo aumentar seu patrimônio consideravelmente se você investir corretamente.
Mas, para isso você terá que entender de uma vez por todas que a velha caderneta de poupança e os títulos de capitalização não são investimentos. Quer saber por quê?
Imagine que você tenha no dia 30/03/2020 deixado R$ 1.000,00 na caderneta de poupança de seu banco e no dia 30/03/2021 você fosse olhar o quanto tem lá. Te faço uma pergunta. Será que seria suficiente para comprar o que aquele mil comprava um ano atrás?
A resposta é um grande e doloroso: Não!
Isso porque a poupança nos últimos 12 meses rendeu 1,57%
Ou seja, aqueles R$ 1.000,00 se tornou depois de 1 ano R$ 1.015,57
Além de ser um péssimo resultado se compararmos ao avanço da inflação nos últimos 12 meses ficaremos assustados, pois a inflação acumulada nesse período foi de: 5,46%
Ou seja, para que aqueles R$ 1.000,00 comprasse hoje o que comprava 1 ano atrás, ele teria que estar no mínimo em R$ 1.054,58.
Logo, se você quer comprar hoje um item que compraria com os R$ 1.000,00 do ano passado, após deixar seu dinheiro aplicado esse tempo na poupança, você terá que adicionar um total de:
Total da perda do poder de compra = R$ 1.054,58 – R$ 1.015,57 = R$ 39,01
Isso mesmo, você perdeu nesse período em poder de compra R$ 39,01, mesmo deixando o dinheiro aplicado.
Então, como você pode evitar isso?
Investindo conscientemente! Essa é a única forma real de proteger o dinheiro que você já tem e aumentar acima da inflação. Para isso, temos alguns produtos financeiros que podem auxiliar:
Existem investimentos como os títulos públicos e CDBs que são atrelados a inflação mais uma taxa de juros pré-fixada, ou seja, esses investimentos sempre irão render mais do que a inflação.
Para os mais arrojados selecionar boas ações é interessante, pois elas podem passar o preço da inflação para o consumidor final e com isso manter o capital do acionista, através de dividendos ajustados.
Para aqueles moderados, os Fundos de Investimentos Imobiliário (FIIs) podem ser muito bons, pois os aluguéis sempre são atualizados pela inflação fazendo com que o cotista ganhe dinheiro ajustado pela inflação todo mês como renda passiva.
Sempre falo aos meus clientes da Assessoria de Investimentos: invista conscientemente e saiba porque está investindo, diversifique corretamente e nunca, mas nunca mesmo, aceite perder para a inflação, pois essa é a pior perda já que seu dinheiro diminui em valor.
Até a próxima.
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.
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