Toda empresa de capital aberto que tenha lucro deve, por lei, distribuir uma parte desses lucros para todos os acionistas da empresa. Normalmente essa distribuição acontece na forma de dinheiro isento de Imposto de Renda, o que chamamos de dividendos.
Todo investidor em uma ação de valor fica muito feliz quando começam a pingar dividendos em sua conta e, sabendo disso, vemos muitas propagandas de como viver apenas de dividendos. Apesar de ser possível viver dos dividendos de uma carteira de ações bem selecionadas é algo muito difícil, pois o investidor levará anos para criar uma carteira dessas.
Mas, antes de falarmos da viabilidade de viver apenas de dividendos, vamos nos ater um pouco em como funciona a distribuição de dividendos pelas empresas no Brasil.
Observe no exemplo anterior que apesar de ter certa quantidade de ações o dividendo ainda é pouco. A situação muda a partir do momento que se tem mais ações, por exemplo: se ele tivesse 10.000 ações receberia R$ 5.000,00 no ano, se tivesse 100.000,00 ações receberia R$ 50.000,00 e assim por diante, sempre isento de IR.
Mas, como não é recomendado que o investidor concentre todo seu dinheiro em uma única ação ou fundo, o melhor seria ele montar uma carteira de ações que pague dividendos acima da média, ou seja, que pague mais que 25% de dividendos.
Achar essas ações é fácil e existem duas maneiras bem simples de fazê-lo. Primeiro, pode-se olhar nos dados da empresa qual o Payout que ela distribui. O Payout diz qual a porcentagem dos lucros que a empresa distribui com os acionistas. Aquelas que pagam consideravelmente acima de 25% são boas pagadoras de dividendos.
A segunda maneira bem simples de achar boas ações de dividendos seria olhar no site de várias corretoras a carteira de dividendos recomendada pelos especialistas daquela corretora e as empresas que mais aparecerem nas listas seriam as mais indicadas.
Se a empresa paga durante anos uma taxa acima de dividendos ela pode ser considerada boa para se ter em carteira, mas claro que o pequeno investidor não irá começar a vida ganhando muito dinheiro com os dividendos. Logo, ele deve ser esperto e usar esses dividendos para comprar mais ações da própria empresa, por exemplo:
Imaginemos que João tenha 10.000,00 ações da empresa X.SA que deu R$ 0,50 por ação e seu preço atual é de R$ 10,00. O que João poderia fazer?
Primeiro ele poderia gastar os dividendos que representam uma rentabilidade de 5% do valor total que João tem na ação. É uma rentabilidade interessante, mas acabaria funcionando como juros simples.
Agora, se João comprasse novamente ações da X.SA ele aumentaria seu patrimônio e a possibilidade de ganhar mais dividendos no futuro, esperando-se que a empresa distribuísse cada vez mais lucros.
No exemplo, ao ganhar esses dividendos João conseguiria comprar mais 500 ações da X.SA. É um aumento significativo de suas ações.
Devo chamar atenção também para um dado citado no exemplo. Foi dito que esse dividendo era equivalente a uma rentabilidade de 5% do valor total que o investidor tinha. Esse indicador chama-se Dividendo Yield.
O Dividendo Yield é interessante para comparar a rentabilidade passiva de uma ação com a de outras aplicações financeiras, mas deve-se tomar um cuidado especial com esse indicador. Muitas vezes as pessoas acham que estão perdendo dinheiro, pois o Yield foi menor que a poupança; mas deve-se ver a valorização das ações e a distribuição de outros proventos como BTC (aluguel de ações) e JPC (juros sobre capital próprio).
João comprou as ações de X.SA no início do ano por R$ 8,00 cada ação, investindo assim R$ 80.000,00. No fim do ano a ação estava valendo R$ 10,00 e distribuiu R$ 0,50 por ação, quanto foi a real valorização das ações?
Observe que o Yield deve ser calculado em cima do que você investiu e não do que está no momento.
Nesse exemplo não usamos a possibilidade de João ter alugado as ações e nem de as ações darem bonificações, que são outras formas de receber mais dinheiro das ações, por mais que a esses caibam um tanto de imposto de renda (alíquota de 15%).
No caso de uma carteira bem balanceada e onde os dividendos e proventos em geral sejam usados nos primeiros anos para comprar mais ações, o investidor consegue uma boa renda extra com dividendos, mas para efetivamente se sustentar seriam necessárias algumas centenas de milhares de ações.
Isso é ruim? Claro que não, pois mesmo não tendo essa quantidade o investidor pode usar as ações e os dividendos especialmente para multiplicar seu patrimônio. Com o planejamento certo e uma política de investimento mensal em ações de valor, o investidor tende a conseguir juntar uma quantidade muito grande de ações, enquanto reinveste seus dividendos para comprar cada vez mais.
Os dividendos são uma fonte poderosa de multiplicação da riqueza pessoal, mas não se deixe enganar: assim como os juros compostos, os dividendos necessitam de tempo para demonstrar sua força. Fuja de quem prega que você poderá viver de vacas leiteiras (apelido dado às ações boas pagadoras de dividendos) em pouco tempo.
Invista e reinvista seus dividendos ao longo dos anos, aí sim será possível ver porque um certo magnata do petróleo uma vez falou:
“Minha maior alegria é ver meus dividendos caindo em minha conta.”
Até a próxima!
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.
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