E agora, doutor?
A ciência afirmou,
agora negou.
A taça secou.
A esperança sumiu,
O álcool acabou.
E agora, doutor?
que ensina aos outros,
você que faz receitas,
protesta?
E agora, Doutor?
Está sem ciência,
está sem discurso,
está sem carimbo,
já não pode beber,
o vinho tinto expirou,
sem a utopia do benefício
para se encostar.
E agora, doutor?
Isso mesmo! O consumo leve a moderado de álcool já não é mais uma opção segura, dizem os mais recentes estudos!
Vamos saber mais sobre isso, afinal, essa notícia deixa meus nervos À FLOR DA PELE.
Nos últimos 50 anos, desde a observação do curioso fenômeno do “paradoxo francês”, os possíveis benefícios do consumo de álcool, mais precisamente do vinho, despertaram o interesse dos pesquisadores. E, desde então, muitos estudos confirmaram a tese desses benefícios. Claro que essa tese foi refutada por outra avalanche de estudos que contestavam esses benefícios atribuídos ao consumo de vinho, mas nunca não conseguiram macular a imagem de bom moço desse milenar amigo dos bons amigos.
Antes de falar santo Vinho, vamos esclarecer o paradoxo francês. Na década de 80, pesquisadores constataram que os franceses apresentavam taxas de doenças cardiovasculares relativamente baixas, quando comparados com outros países ocidentais. Embora a dieta tradicional francesa fosse rica em gorduras saturadas, o que teoricamente deveria aumentar a incidência de doenças cardíacas,
Na corrida frenética para explicar essa intrigante equação, a ciência concluiu que o vinho, muito consumido na França, possuía compostos e substâncias, como o resveratrol e outros polifenóis, com propriedades antioxidantes e, por isso, o consumo moderado de vinho tinto poderia exercer um papel na proteção contra doenças cardiovasculares por prevenir a formação de coágulos sanguíneos, reduzir o “mau colesterol” (o LDL) e melhorar a saúde dos vasos sanguíneos. E foi assim que o consumo regular de vinho se tornou a chave do “paradoxo francês”.
Na contramão dessas boas notícias, esses mesmos estudos destacavam que o consumo excessivo de álcool, inclusive do vinho, também era prejudicial à saúde, causando dependência, danos ao fígado e até aumento do risco de certos tipos de câncer.
Até aí tudo bem: consumo excessivo era prejudicial! Era isso!
Partido dessas duas premissas:
E, com base nessas conclusões científicas, muitos países definiram diferentes recomendações de saúde e orientações gerais com limites de consumo das bebidas alcoólicas. Uma taça de vinho durante o jantar tornou-se o símbolo da moderação e da responsabilidade no consumo de álcool e transformaram-se, nas últimas décadas, nas palavras de conselhos médicos, quando o assunto era a ingesta alcoólica.
E muitos médicos, mundo afora, recomendavam e defendiam um consumo social de vinho para melhorar a saúde e prolongar a vida saudável.
Então, esquecendo as recomendações passadas, o que dizem os mais recentes estudos?
Será que não existe mais porta?
O mar secou?
E Minas não há mais?
Nem uma tacinha, é isso?
Vejamos, então, quais são as recomendações baseadas nas ultimas evidências científicas:
E agora, o que vou dizer para todos os meus velhos companheiros e companheiras de taça? E para meus pacientes?
Sou um crente nessa ciência errante. Acreditamos por 1.400 anos que a terra era plana; um dia, mudamos de ideia… errou quem não quis desacreditar. Acreditamos, por quase um século, que o átomo era como uma bola de bilhar maciça, homogênea, indivisível e indestrutível; um dia, mudamos de ideia… errou quem não quis desacreditar.
A ciência é isso… é como nós, contemporânea. As verdades de hoje podem ser o engano do amanhã. Precisamos estar preparados para trocar o couro das velhas crenças, mesmo que isso seque nossas taças e faça doer À FLOR DA PELE.
Então deixo aqui, meu toque pessoal:
– Os extremos costumam ser viciosos e a virtude costuma estar no meio. Fazer sempre e fazer nunca pode ter suas consequências. Moderação é a palavra!
– É importante equilibrar o prazer e a sociabilidade trazidos por uma ou duas taças de vinho num encontro entre amigos e amigas com os riscos potenciais à saúde quando esses limites são ultrapassados. Custo benefício é a fórmula!
– Ninguém precisa consumir bebidas alcoólicas para manter uma boa saúde nem ser abstêmio é garantia de uma vida saudável.
– Se tiver que optar entre ser antissocial e solitário para evitar sair com amigos e amigas que tomam umas taças de vinho ou duas latas de cerveja… digo-lhe que a solidão é mais nefasta, a curto e longo prazo, do que uma taça de vinho. Viva a vida, você só tem essa!
– Até agora, a ciência não contestou nem inventou uma forma melhor para se alcançar a longevidade com saúde como a conseguida por meio de um estilo de vida saudável, baseado numa alimentação equilibrada e na prática regular de exercícios físicos. Movimente-se!
– Por trás do paradoxo francês, que tenta explicar a baixa taxa de doenças cardiovasculares, não existe apenas o hábito do bom vinho diário. Viver como “um bom francês”, talvez, seja o segredo. Esse bom estilo francês de vida inclui: uma dieta rica em alimentos frescos, como frutas, legumes e peixes, bem como uma cultura alimentar que valoriza as refeições compartilhadas e a moderação no consumo de alimentos. Modération, mais uma vez!
Espero que você goste e tire o melhor proveito dessas informações. Afinal, viver bem À FLOR DA PELE não é uma opção, é uma condição.
Um grande abraço,
Charles Albuquerque(*)
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