Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)
Estou na bela Cidade do Porto, banhada pelo rio Douro. Terra de bons vinhos. Sempre que por aqui aporto, me renovo.
O Porto é uma cidade costeira localizada no noroeste de Portugal, conhecida pelas pontes imponentes e pela produção de bons vinhos. No distrito medieval da Ribeira, às margens do rio Douro, ruas estreitas de paralelepípedos passam por casas preservadas ao longo do tempo, e pelos inúmeros restaurantes da melhor gastronomia portuguesa. Caminhar por suas ruas é uma volta ao passado. Com dezenas de belos templos, destaca-se a Igreja de São Francisco, conhecida pelo interior barroco exuberante com esculturas douradas ornamentadas. O suntuoso Palácio da Bolsa, do século XIX, era um mercado de ações e foi construído para impressionar investidores europeus em potencial.
Conhecida como a cidade que deu o nome a Portugal — desde muito cedo (200 a.C.) — quando se designava de Portus Cale, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense, de onde se formou Portugal. É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seus vinhos, por suas pontes e arquitetura contemporânea e antiga, seu centro histórico, é classificado como Património Mundial pela UNESCO.
Vim ao Porto para o lançamento do livro “Das muletas fiz asas”. Na última sexta-feira, 24/05, reuni amigos e algumas pessoas que não conhecia, que foram gentilmente prestigiar-me no Clube Fenianos. Após o lançamento, dei entrevistas para jornais e TVs.
Como sempre faço por onde ando, ao cair da tarde, quando o sol se recolhe dando lugar à lua — melhor hora para se observar uma cidade — , sento-me para um café e fico acontemplar meu entorno. Do meu hotel, localizado na rua Santa Catarina, a principal da cidade, andei apenas três quadras e estou no imponente Majestic Café, o mais tradicional do norte de Portugal. Com seu preservado interior da Belle Époque, ornamentado com madeira esculpida, espelhos e candeeiros, é um lugar acolhedor e de contemplação.
Temperatura amena, sentei-me em uma mesa na calçada, para melhor observar os transeuntes.
O Porto está fervilhando de turistas. A cada esquina uma babel.
Muitas famílias ocupam mesas no amplo salão. Na mesa ao lado, moças loiras, esquias e altas, devem ser nórdicas; em outra mesa um senhor solitário e seu cachorro. Passam por mim quatro jovens, que pela alegria e borogodó são brasileiras. Falam o nosso português, e sorriem lindamente. Somos diferenciados, a alegria dos brasileiros é contagiante.
Em todos os lugares que tenho ido: restaurantes, bares, lojas de shopping sempre tem um/a brasileiro/brasileira a atender. Só de São Luís do Maranhão, encontrei três. Inclusive uma no café A Casa Brasileira, em Viana do Castelo, terra do meu anfitrião Francisco Brandão.
“Quando me viam, parado e recatado, no meu invisível recanto, eu não estava pasmado. Estava desempenhado, de alma e corpo ocupados: tecia os delicados fios com que se fabrica a quietude. Eu era um afinador de silêncios.” Cito Mia Couto, escritor moçambicano em “Antes de Nascer o Mundo”, pois assim como ele contemplo a passagem do tempo, em silêncio, em contagem regressiva para meu retorno para a Ilha do Amor.
Necessito voltar mais vezes ao Porto; aqui me renovo.