Há 10 anos – completados na segunda-feira, 15 – o professor Carlos Gustavo Alves Santos, hoje residente em Portugal, dava a primeira aula de krav Maga em Sergipe. Eram 20 pessoas que conheciam essa luta israelense de defesa pessoal e ao longo desse tempo cerca de 300 alunos já passaram pelo Centro Krav Maga de Sergipe, hoje sob responsabilidade do instrutor Thiago Smith Campos da Fonseca, 26 anos.
Durante essa semana, o Centro está realizando aulas presenciais, em conjunto com aulas online para comemorar a data.
“Atualmente, nós temos entre 60 a 80 alunos ativos”, observa Thiago Smith reforçando que há aulas presenciais. “Nas aulas presenciais, quando permitidas, os professores e alunos estão usando máscaras e mantemos o distanciamento social”, garantiu o instrutor.
Para dar aulas de Krav Maga é necessário fazer um curso de monitoria, ou seja, o aluno passa a auxiliar o professor na hora da aula. “Eu estava na faixa laranja e passei um ano monitorando. Depois tem uma seletiva, passamos por diversos testes, inclusive, psicológico, e fiz curso de um ano no Rio de Janeiro, e assim me tornei instrutor” contou.
“Nós conciliamos atividade física com defesa pessoal e os alunos se interessam muito por estes dois aspectos. As pessoas querem sair do sedentarismo e treinam”, disse Thiago Smith, ao acrescentar que, hoje, o seu público é formado de homens (70%) e mulheres (30%), cuja faixa etária varia de 20 a 50 anos. Mas como é uma atividade para todas as idades, tem crianças a partir de 11 anos e pessoas com mais de 60 anos.
Um exemplo é o funcionário público municipal José Augusto Santos, 64 anos, e que há oito anos pratica Krav Maga. “Nesses oito anos tive que interromper algumas vezes”, disse o faixa laranja. “Eu acho o Krav Maga muito eficiente, me dá qualidade de vida, bem estar”, garantiu. Ele treina duas vezes por semana, o que considera suficiente.
Treino em família
O assessor financeiro David Rocha, articulista do Só Sergipe, onde assina a coluna Educação Financeira, pratica Krav Maga há seis meses. “Não foram todas as artes marciais que me interessaram. Mas o Krav Maga liga defesa pessoal com a filosofia, que eu achei muito forte. Não é só aprender a luta, é aprender a não entrar no perigo”, ressalta. Por conta da pandemia, ele faz os treinamentos online junto com a esposa, Alexsandra Moreira Feitosa.
“Eu sempre tive dificuldade de sair de casa e esse treinamento online tem sido fundamental, principalmente, nesse momento em que vivemos. Eu precisava fazer alguma atividade, pois estava muito sedentário. Eu trabalho sentado o tempo inteiro e precisava me movimentar”, confessou.
Junto com a esposa Alexsandra, David segue o treinamento. “Nós começamos juntos e considero que todos nós temos que saber uma defesa pessoal. E para as mulheres isso é muito importante”, disse.
Krav Mag e o violoncelo
A musicista da Orquestra Sinfônica de Sergipe, Juliana Silva, 34 anos, iniciou os treinamentos em março de 2019, com o foco em segurança. Movida por uma promoção da academia, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, Juliana foi até lá, se inscreveu e hoje segue a vida, conciliando essa atividade com os estudos em violoncelo.
“Sempre fui muito atenta porque andava com meu violoncelo de ônibus. E quando comecei a treinar, logo vi que ia ficar”, disse Juliana que também estuda hebraico e se identifica com a cultura.
Na faixa amarela, Juliana tem um longo caminho a trilhar. Mas já conseguiu, com os treinamentos, se safar de uma situação constrangedora, quando ainda era faixa branca. Ela percebeu que um homem a seguia, temeu que fosse importunada, ficou atenta e encarou o sujeito. “Ele percebeu que eu não estava com medo, pois o encarei firmemente e já estava pronta para aplica um golpe, caso fosse necessário”, narrou. “Graças a Deus nada aconteceu. Eu mantive a calma, ele foi embora, mas eu tinha consciência que sabia o básico para me defender”, relata.
“O Krav Maga é importante para homens e crianças. Os pequenos podem se safar de situações perigosas. O que eu gosto é que não tem embate, é defesa pessoal para chegar em casa bem. Não tem disputa, para mostrar quem é mais forte ou fraco. Ressalto que qualquer defesa pessoal é importante. E nós mulheres temos que estar atentas, por isso quero enfatizar a importância das mulheres treinando”, destacou.
História
O site da Federação Sul Americana de Krav Maga conta a história dessa arte criada em Israel, por Imi Lichtenfeld (Z”L), que é um método para sobreviver em meio a todo aquele horror da Segunda Guerra Mundial, na década de 40. Ele percebeu que todas as técnicas de combates e lutas existentes de nada valiam diante daquela realidade. E tendo como ferramenta apenas seu próprio corpo, como que iluminado, percebeu que esta “ferramenta” poderia ser muito poderosa; entendeu que seus movimentos naturais poderiam ser trabalhados para a defesa própria e combate e que os seus pontos fracos e sensíveis também o eram para seus inimigos e adversários, afinal, o corpo humano é o mesmo.
Para saber mais acesse o site da Federação Sul Americana de Krav Maga.