O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV\IBRE).
Criado ainda no final dos anos 1940, ele tem por objetivo dimensionar o movimento dos preços nas mais distintas etapas do processo produtivo do país, fornecendo um indicador de preços da atividade econômica no país.
O seu período de coleta se dá entre o dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de coleta.
O indicador é utilizado como base para o reajuste de preços dos serviços públicos (energia e telefonia, em contrato de aluguéis e em diversos contratos de prestação de serviços (mensalidade escolar e planos de saúde).
O IGP-M é definido como a média aritmética ponderada de três outros índices:
Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que registra as variações dos preços percebidos pelos produtores. Ele responde por 60% do valor final do IGP-M;
Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que reflete a conduta dos preços que impactam diretamente o consumidor final. Seu peso de contribuição no IGP-M é de 30%.
Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que sintetiza variação de preços de materiais e do custo de mão de obra especializada na construção civil. Peso de 10%.
Dentre esses três, considerando um retrospecto de 32 anos, é visto que o INCC é o de menor aderência com o indicador geral.
Ademais, essa estrutura de estimação faz com que o IGP-M sofra uma forte influência das variações cambiais, já que muitos dos preços a que estão expostos os produtores no país são cotados em moeda estrangeira.
É preciso lembrar que grande parte das mercadorias que o IPA leva em conta (soja, milho, trigo, minério de ferro, cobre, carnes, etc.), de alguma forma, sofre influência do valor do câmbio, afetando, assim, o resultado do índice geral.
Conforme cálculos da Economia Herética, desde janeiro de 1990, o IGP-M variou 295.707.187,3965%. Logo, se o salário mínimo tivesse sido corrigido por esse indicador, desde essa época, seu valor atual seria de R$ 1.380,63 mensais.
De modo similar, se corrigido pelo IGP-M, desde o início do Plano Real, em julho de 1994, o salário mínimo deveria estar hoje em R$ 673,69 ao mês, apontando para uma inflação de 939,8121% no período.
De todo modo, de janeiro de 1995 a janeiro de 2021, o IGP-M variou 792,4%. Dos seus índices constituintes, o IPA foi o que mais cresceu (957,8%), sendo seguido pelo INCC (708,1%) e pelo IPC (792,4%).
Desagregando a análise, isso denota que o IGP-M foi alvo de uma variação média da ordem de 0,71% mensais. Registrando que, nos oito anos de governo Cardoso, essa média foi de 0,97% ao mês.
Nos dois mandatos do presidente Lula, essa proporção ficou em 0,53% a.m., ao passo que sob a presidenta Rousseff girou em torno de 0,55% mensais.
Com o advento do consulado Temer, em maio de 2016, o IGP-M passa a deter a sua menor média mensal: 0,37%. Todavia, no período Bolsonaro, essa passa a ser de 1,14% ao mês, a maior do período pós Plano Real.
Em 2020, o IGP-M chegou à marca de 23,14%, o segundo maior resultado da série desde 1995, com o agravante de que os dois primeiros meses de 2021 já acumulam um aumento de 5,17%.
(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração
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