Inicia-se mais um mês de outubro, em plena primavera, em um ano eleitoral…
Lembramos instantânea e inevitavelmente das nossas mães, esposas, filhas, familiares e amigas, ou seja, de todas as mulheres com quem convivemos.
É momento oportuno de referir-se ao “Outubro Rosa”, briosa campanha de conscientização e combate ao câncer de mama, tumor maligno que mais leva a óbito entre o gênero feminino e que, quando assim não o faz, deixa sequelas físicas e psicológicas indescritíveis. A melhor forma de prevenção a esta famigerada moléstia se faz através da mamografia, exame complementar facilmente exequível, de baixo custo, entretanto ainda extremamente inacessível a uma ampla parcela de mulheres no Brasil, principalmente àquelas de baixa renda, pouca escolaridade e em vulnerabilidade social. O Sistema Único de Saúde, teoricamente dos mais perfeitos programas de saúde pública em nível mundial, o qual prega o princípio da universalidade ao seu acesso, não consegue, na prática, interceder por todas estas pessoas que dele necessitam. Quando se avalia, com mais afinco, o porquê dessa discrepância do que se propaga, para o que se realiza, percebe-se, limpidamente, que o problema repousa nos nossos governantes. E é sobre esta temática política que, novamente, as mulheres voltam ao cerne da questão.É sabido que elas compõem a maioria do eleitorado brasileiro, não obstante sua representatividade em cargos públicos ainda é extremamente desfavorável, haja vista que herdáramos uma mentalidade social machista e um tanto misógina, em que o direito ao voto feminino se dera ainda bem recente, há não mais que 3 gerações. Assim sendo, é premente, pois, que mais mulheres sejam instigadas também a protagonizarem os grandes debates e decisões do país, trazendo à baila aquele toque preciso de prioridade, cuidado, empatia e temperança que lhes é peculiar, sobretudo quando nos deparamos ante problemática tão complexa e deveras sensível como o câncer de mama, hoje em discussão. Só reconhece sua importância quem convivera de perto ou tivera o corpo mutilado e o semblante desfigurado…
Vislumbra-se que esse ano eleitoral sui generis que se encerra, seja propício às mudanças edificantes e ao surgimento de novas e brilhantes gestoras públicas que, tais qual a primavera anuncia tempos alvissareiros e o renascimento da vida, possam trazer esperança, mitigando o sofrimento daquelas que padecem por esta enfermidade tão sorrateira, sem chance sequer de combatê-la dignamente!
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(*) Hernan Augusto Centurion Sobral é médico cirurgião e coloproctologista. Mestre maçom da Loja Maçônica Clodomir Silva 1477, exercendo atualmente o cargo de orador.