Juliana Melo (*)
Da Engenharia de Pesca para o empreendedorismo, Adolpho Lima pescou um sonho e desde então vem vendendo variados tipos de drinks com frutas selecionadas, na capital, por meio do seu contêiner denominado Aloha Drinks e Sucos. Uma paixão, um sonho, um estilo de vida, com 30 anos de idade, o rapaz, que recebeu o segundo lugar no primeiro campeonato de coquetelaria de Sergipe realizado no pub The Stones, vem se reinventando e driblando todas as dificuldades existentes em sua trajetória profissional para oferecer à população aracajuana um produto com selo de qualidade, desde a escolha das frutas até a junção dos ingredientes para o preparo das bebidas, da salada de frutas e do açaí.
Chegando a vender em média mais de 749 drinks por semana, o Aloha, que começou a princípio com uma proposta itinerante, passando a ter um container fixo, já levou o trailer para bloquinhos de carnaval e festas na Orla de Atalaia, além dos eventos particulares que realiza. Hoje, devido à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, a realidade é divergente. Com falta de recursos financeiros, Adolpho se viu obrigado a desalugar o seu apartamento e morar em seu próprio lugar de trabalho, o contêiner.
“Morando no meu contêiner, eu já economizo o dinheiro do aluguel. A pandemia afetou muito a realização do trabalho no Aloha. O alimento que eu utilizo é perecível e estamos quatro meses parados. Meu contêiner tem 12 metros, ele é grande, e o lado que eu utilizava para o Aloha era a metade dele. Meu tio me cedeu um terreno, estamos colocando água, energia e um muro para cercar essa propriedade. Meu contêiner está lá, porém parte do Aloha eu vou utilizar para a cozinha, utilizar o balcão para continuar produzindo as receitas e continuar trabalhando. A outra parte vai ser minha casa: cama, guarda-roupa, uma mesinha talvez. Falta construir um banheirinho, é a única obra que vou realizar nele, o resto já está pronto”, conta o empreendedor.
O carioca, que se considera sergipano, conseguiu conquistar um ponto fixo no Gastrô Park, que consiste em um terreno dedicado a pequenos empreendedores do ramo alimentício, localizado no bairro Jardins. Devido ao impacto financeiro gerado pela pandemia, o local encontra-se fechado e Adolpho, sem renda financeira devido à pausa do seu trabalho, terá que retroceder e voltar a ser itinerante em um momento em que estava conseguindo se estabelecer financeiramente.
“Eu vou dar alguns passos para trás e voltar a realizar o meu trabalho como eu iniciei. Às vezes é preciso voltar atrás para pegar um impulso e chegar mais à frente. A vida é assim, o importante é não parar. Eu tinha de dois a três funcionários fixos, ficava com eles no Aloha, eu só não estava lá quando ia trabalhar em eventos ou estava resolvendo alguma coisa do próprio Aloha. Eu tinha uma outra galera que trabalhava comigo nos eventos. Em um evento mesmo, tive oito pessoas trabalhando comigo. Eu os contratava para realizar o evento. Sempre contratava os mesmos pela experiência que eles tinham. Também os preparava todas as vezes porque fazer drink é pratica”, frisou o empresário.
Com a possibilidade de realizar seu trabalho novamente, Adolpho, sem ponto fixo, vai continuar passeando pela cidade com seu Food Truck mantendo o foco também nos eventos particulares em que é contratado.
Mesmo diante das dificuldades, o barman é dono de uma resiliência e criatividade sem igual. A primeira aparição do que viria a ser o Aloha surgiu no fim de 2014, com uma mesinha feita com as portas do guarda-roupa que um dos seus amigos desmontou e alguns pedaços de madeira. Adolpho vendia seus drinks na Orla de Atalaia chegando ao local com seus aparatos, por meio de um rack instalado em seu carro modelo Belina 84, adquirido por apenas mil e duzentos reais.
“Eu ia para a orla e colocava esse balcãozinho que eu tinha criado em cima da calçada próxima à pista de patins, depois fui para Cinelândia. Meu carro era bem velhinho mesmo (risos) e era com ele que eu chegava à Orla, colocava meu material de trabalho e ali mesmo em pé eu fazia meus drinks”, relembra Adolpho.
O próximo passo do empreendedor foi na Reciclaria Casa de Arte em uma praça de alimentação que na época existia no local, surgindo, a partir desse momento a ideia do Food Truck, que inicialmente não era tão comum na capital.
“Eu pensei em como seria interessante se existisse um Food Truck de drinks aqui em Aracaju, já que era tão comum em outras regiões, então resolvi trabalhar para a idealização do mesmo. Juntei dinheiro para comprar um Food Truck, que inicialmente não tinha nem luz, eu estava no escuro, mas precisava utilizá-lo para garantir minha renda, e inclusive, conseguir terminar de pagá-lo (risos). O Food Truck também não tinha nome plotado, eu não tinha dinheiro, tive que sair na rua com ele assim, e as pessoas quando viam perguntavam “isso aí é o quê? ”(risos). Tudo aconteceu aos pouquinhos, até eu chegar no Gastrô”, relata o barman.
O desejo de trabalhar com drinks surgiu quando Adolpho teve um primeiro contato com a bebida em um evento que seu irmão estava trabalhando com a realização de drinks em Maceió. Maicon Lima, mora em Maceió e trabalha com drinks desde os 15 anos.
“Eu não tinha contato nenhum com esse mundo, quando experimentei o drink dele fiquei encantado, passei a pesquisar, estudar e conversar com ele a respeito de drinks. O objetivo era criar um negócio com ele, mas meu irmão não quis morar aqui. Ele passou um tempo comigo, porém retornou a Maceió para trabalhar lá”, revela Adolpho.
Denominação
O nome Aloha significa uma saudação havaiana e o Havaí (estado dos EUA), além de remeter imagens de ilhas e praias, possui uma ligação com bebidas refrescantes, frutas, e claro, drinks. Mas para Adolpho a escolha vai muito além disso.
“Eu pensei na alegria do nome, nas cores. Nosso Instagram é bem colorido, bem florido, pensei na saudação da palavra, em praias, surf, mas principalmente, pensei e escolhi essa denominação pelo significado das letras do Aloha. Cada letra da palavra tem um significado. O significado de cada uma dessas letras consiste em nossa essência, é o que nos define”, explica Adolpho.
As palavras que estão inseridas na significação do nome Aloha de acordo com as letras, são respectivamente ternura, harmonia, bondade, humildade e paciência.
O carro chefe do Aloha são os drinks autorais preparados com as frutas frescas do barman. Eles foram batizados pelo Adolpho com o nome de diversas praias do Brasil como a do Amor, Praia Copacabana, Atalaia, Jericoacoara entre outras. Além dessas, o Aloha disponibiliza outras bebidas autorais para seus clientes como o Gin Sensation (vencedor do campeonato do The Stones) Gin Sunset, Green Apple Gin, Tsunami etc. O estabelecimento móvel também possui uma variedade de drinks clássicos.
“ Eu acho que agora o importante é entender que os efeitos da pandemia foram ruins, mas olhar para tudo isso com uma outra perspectiva, enxergar um lado bom nessa mudança. Eu vou abraçar os eventos e sempre tentar colocar em prática coisas que eu idealizo como positivas para o Aloha. Uma coisa que eu sempre quis muito fazer é desenvolver um carrinho que andasse na areia da praia. Eu quero ficar entre a galera e poder levar meus drinks para as pessoas porque eu sou apaixonado por isso. Eu não escolhi essa profissão, sem dúvidas, foi ela quem me escolheu sem eu nem imaginar que era capaz de fazer tudo isso”, salienta.
Adolpho é o primeiro filho da prole, sua mãe teve cinco filhos, a mãe do barman também é empreendedora. Ela possui uma fábrica de chás e temperos orgânicos denominada Namastê. Adolpho utiliza os chás em seus drinks e conta o quanto é gratificante ter um pouquinho do trabalho da mãe nas bebidas que fabrica.
“Eu nunca imaginei ter o dom do empreendedorismo, mesmo possuindo ele na minha família e hoje poder fazer o que eu sou apaixonado e ainda colocar o trabalho da minha mãe ali não tem preço. Uma coisa muito importante que eu aprendi com um dos meus irmãos é que tudo que fazemos recebe nossa energia e eu sempre tento passar para as pessoas com o Aloha o meu amor e atenção. O Aloha, não é só uma empresa, é um estilo de vida, é uma energia”, frisa Adolpho.
O empreendedor só trabalha com produtos saudáveis e açúcares artesanais, tem em mente muitos projetos para agregar. O Aloha que já possui mais de 100 drinks e ainda realiza bebidas especiais ao gosto do cliente. O barman se preocupa com detalhes, que segundo ele fazem a diferença.
“Quem é cliente sabe o tamanho do nosso zelo, o carinho que a gente tem por eles é enorme, faço os drinks com muito carinho, amor e cuidado, eu prezo pela qualidade das frutas e do produto entregue, pego as frutas na hora, faço tudo na hora para eles. O objetivo é fazer cada cliente feliz e agradar em cada detalhe. Vou me adaptar à nova realidade e tentar fazer o melhor para cada um de vocês”, promete Adolpho.
Carol Aciole visitou o Aloha antes da pandemia e conta um pouco da experiência.
“Eu conheci o Aloha com mais propriedade por meio do Instagram. Passei uma mensagem pelo direct para esclarecer algumas dúvidas, em relação ao local e desde esse primeiro momento fui recepcionada muito bem. Fui ao Aloha no dia do meu aniversário com uns amigos e optei por um drink de frutas vermelhas que também tinha pimenta, enfim, foi um saber sensacional. Eu amo o Aloha e a atenção que eles nos dão é incrível”, conta animada Carol.
Acompanhe nesse vídeo o Adolpho realizando e explicando um pouco do drink Gin Sensation no The Stones no dia da premiação.
(*) Estagiária sob supervisão do jornalista Antônio Carlos Garcia
A capital sergipana já está em ritmo de contagem regressiva para a realização do…
Por Diego da Costa (*) ocê já parou para pensar que a maioria…
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e…
Por Sílvio Farias (*) Vinícola fundada em 1978 com o nome de Fratelli…
Por Acácia Rios (*) A rua é um fator de vida das cidades,…
Com a realização do Ironman 70.3 Itaú BBA, a maior prova de triatlo da…