Por Kaio Lôbo (*)
A quarentena para combater a pandemia do novo coronavírus fez padarias do Estado de Sergipe buscarem alternativas para não perder vendas e tentar manter os funcionários empregados. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado de Sergipe (Sindipan-Se), José Rodrigues, o setor que sofreu uma forte queda no faturamento foi a venda de produtos para consumo no local, como café da manhã e almoço, “Essas vendas foram afetadas em mais de 70%”, revela o presidente.
Em contrapartida as panificadoras de bairros tiveram aumento na produção de pães. O acréscimo foi motivado pela grande demanda de pessoas dentro de casa que passaram a se alimentar mais. O presidente do Sindipan disse que estabelecimentos localizados no centro e zona industrial tiveram uma perda maior, mas explica que panificadoras que se dedicavam exclusivamente à panificação em bairros pequenos estão com a produção elevada. “A gente vê pela quantidade de farinha que está sendo vendida pelos moinhos. Hoje houve um aumento significativo para as panificações de bairro”, acrescentou.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), em Sergipe existem mais de 1050 padarias. O Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA) aponta que antes da pandemia as padarias atuavam 80% offline, isso vai de encontro com os dados de vendas online da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), que mostra o crescimento de compras de alimentos e bebidas para consumo imediato de 79%.
Dentro deste novo cenário as padarias de Sergipe começaram a usar aplicativos do ramo alimentício, como também a fazer o próprio delivery. “Algumas padarias entraram no Ifood, outras estão em um aplicativo do Sebrae que começou a circular por agora, isso tudo é válido para ver se aumentava o fluxo de caixa”, explica José Rodrigues.
Segurança e solidariedade
Os decretos governamentais impuseram para as padarias uma limpeza geral de piso, banheiros, entre intervalos de duas horas, e uma desinfecção de maçanetas, bancadas, a cada trinta minutos ou uma hora.
Além do uso obrigatório das máscaras para o cliente entrar no estabelecimento, o presidente do sindicato acrescenta outras formas para barrar a disseminação da covid-19 “Temos uma pessoa exclusivamente para colocar álcool em gel para os clientes. A principal dificuldade é organizar a fila com a distância social correta de 1,5m a 2m, mas já estamos nos adaptando”, frisou.
O empresário Carlos Alberto Santos da Paixão, proprietário da Padaria União, vem tomando todos os cuidados necessários nesta pandemia, visando a saúde dos colaboradores e clientes, obedecendo as recomendações da Vigilância Sanitária em acordo com os diversos decretos governamentais.
“O setor de panificação é considerado um serviço essencial. Desde o dia 18 de março, quando do primeiro decreto, estamos funcionando, mas houve uma redução nas vendas, principalmente de salgadinhos devido à proibição de reuniões”, frisou. Mas a parte de pães, segundo ele, teve aumento nas vendas, porque as pessoas têm permanecido em casa e o consumo aumentou.
“Somos gratos a Deus, mas estou solidário com os segmentos que não estão podendo funcionar. Imagine o quanto é doloroso para os que não podem abrir seus estabelecimentos. Já deveríamos estar abrindo o comércio com restrições. Teremos que conviver com a realidade do vírus por muito tempo. Por isso, precisamos encontrar um meio termo, continuar uma campanha maciça para o uso de máscaras e as pessoas que estão no grupo de risco devem ficar em casa. Aquelas que precisam sair para suas atividades, tomem os cuidados necessários”, orientou o empresário.
(*) Estagiário sob supervisão do jornalista Antônio Carlos Garcia